AS METÁFORAS PARA DESIGNAÇÃO DO ATO SEXUAL NAS CANTIGAS DE ESCÁRNIO E MALDIZER GALEGO-PORTUGUESAS

Auteurs

  • Risonete Batista de Souza Universidade Federal da Bahia

DOI :

https://doi.org/10.55702/medievalis.v11i2.53480

Mots-clés :

Léxico galego-português, Sexualidade, Metáforas sexuais, Cantigas satíricas, idade Média

Résumé

Apresenta-se neste trabalho resultados parciais de pesquisa sobre o campo lexical da sexualidade nas cantigas satíricas da lírica profana galego-portuguesa. O corpus é formado por cerca de 140 cantigas que abordam a temática sexual, tratando de assuntos como adultério, sexualidade de religiosos, homossexualidade masculina e feminina, prostituição e relações incestuosas (LOPES, 1994). No léxico relativo à sexualidade é comum encontrarmos muitas metáforas, usadas com objetivos diversos, como a tentativa de velar a referência ou explicitá-la de modo jocoso ou mesmo grosseiro. O aporte teórico dessa investigação insere-se nas áreas da lexicologia e da semântica cognitiva. No que tange à lexicologia, parte-se do conceito de campo lexical de Coseriu (1991), pois o foco, a princípio, é a descrição do campo lexical da sexualidade, destacando as lexias que expressam metáforas sexuais, referentes ao ato sexual e aos órgãos sexuais. Entretanto a perspectiva de análise não será a da semântica estrutural, mas da semântica cognitiva, pois toma-se como base a teoria de que a maior parte do nosso sistema conceitual ordinário é de natureza metafórica (LAKOFF; JOHNSON, 2009). Importa destacar que a sátira opera com um léxico condizente com a linguagem cotidiana, de sorte que propomos empreender a análise das metáforas não como recursos retóricos, mas conceituais.

Biographie de l'auteur

Risonete Batista de Souza, Universidade Federal da Bahia

Professora titular de Filologia Românica do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia, atuando no Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura da UFBA, Presidente do GT de Estudos Clássicos e Medievais da ANPOLL.

Références

BEC, Pierre. Burlesque et obscénité chez les troubadours: le contre-texte au Moyen Age. Ed. bilingue. Paris: Stock/ Moyen Age, 1984.

BELTRAN, Vicenç. A cantiga de amor. Trad. Xela Arias. Vigo: Xerais, 1995.

BLUTEAU, Raphael. Vocabulário Portuguez e Latino. Lisboa: Oficina de Pascoal da Sylva, 1720. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5446. Acesso em: mar. 2022.

COSERIU, Eugenio. Principios de semántica estructural. 2 ed. versión esp. de Marcos Martínez Hernández. Madrid: Gredos, 1991.

CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. 3 ed. 2ª reimp. Rio de Janeiro: Lexikon, 2007.

FERREIRO, Manuel (dir.). UC/Glosario, s.v. xxx, en Ferreiro, Manuel (dir.) (2014-): Universo Cantigas. Edición crítica da poesía medieval galego-portuguesa. Universidade da Coruña <http://universocantigas.gal> Consulta em: mai. 2022.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LAKOFF, Georges; JOHNSON, Mark. Metáforas de la vida cotidiana. 8 ed. Trad. Carmen González Marín. Madrid: Catedra, 2009.

LANCIANI, Giulia; TAVANI, Giuseppe. As cantigas de escarnio. Trad. Silvia Gaspar. Vigo: Xerais, 1995.

LAPA, Manuel Rodrigues. Cantigas d’escarnho e mal dizer dos cancioneiros medievais galego-portugueses. 2 ed. Coimbra: Galaxia, 1970.

LAPA, Manuel Rodrigues. Cantigas d’escarnho e mal dizer dos cancioneiros medievais galego-portugueses. 3 ed. Coimbra: Sá da Costa, 1995. 395 p. il. Ed. crítica.

LE GOFF, Jacques. Cultura clerical e tradições folclóricas na civilização merovíngia. In: ____. Para um novo conceito de Idade Média: tempo, trabalho e cultura no Ocidente. Trad. Maria Helena da Costa Dias. Lisboa: Estampa, 1993, p. 207-219.

LOPES, Graça Videira; FERREIRA, Manuel Pedro et al. (2011-), Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA. Disponível em: <http://cantigas.fcsh.unl.pt>. Consulta em: mar. 2022.

LOPES, Graça Videira. A sátira nos cancioneiros medievais galego-portugueses. Lisboa: Imprensa Universitária, Estampa, 1994.

LOPES, Graça Videira. Cantigas de escárnio e maldizer dos trovadores e jograis galego-portugueses. Lisboa: Estampa, 2002. Ed. crítica

MINOIS, Georges. História do riso e do escárnio. Trad. Maria Helena O. Ortiz Assumpção. São Paulo: UNESP, 2003.

PANUNZIO, Saverio. Pero da Ponte. Poesie. Bari: Adriatica, 1967. Ed. crítica.

ROHLFS, Gerhard. El mundo de las significaciones. In: ____. Estudios sobre el léxico românico. Reelaboración parcial y notas de Manuel Alvar. Edición conjunta, revisada y aumentada. Madrid: Gredos, 1979, p. 44-59.

SARAIVA, F. R. dos Santos. Novíssimo Dicionário Latino-português: etimológico, prosódico, histórico, geográfico, mitológico, biográfico etc. 2 ed. Rio de Janeiro/Belo Horizonte: Garnier, 1993.

SILVA, Antonio de Moraes e. Dicionnario da Lingua Portugueza composto pelo Padre D. Rafael Bluteau, reformado e acrescentado por Antonio de Moraes Silva. Lisboa: Officina de Simão Thaddeu Ferreira, 1789. 2 t. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5412. Acesso em: mar. 2022.

SOUZA, Risonete Batista de. O campo semântico da magia na lírica profana galego-portuguesa. In: TEIXEIRA, Maria da Conceição Reis; QUEIROZ, Rita de Cássia Ribeiro de; SANTOS, Rosa Borges dos (org.). Diferentes perspectivas dos estudos filológicos. Salvador: Quarteto, 2006, p. 241-254.

SOUZA, Risonete Batista de. Estudo descritivo do vocabulário de Pero da Ponte. 1997. Dissertação (Mestrado em Língua e Literatura) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1997.

TAVANI, Giuseppe. Arte de trovar do Cancioneiro da Biblioteca nacional de Lisboa: introdução, edição crítica e fac-símile. Lisboa: Colibri, 1999.

ULLMANN, Stephen. Semântica: uma introdução à ciência do significado. Trad. J. A. Osório Mateus. 5 ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1987 [1964].

Téléchargements

Publiée

2023-04-05

Numéro

Rubrique

Artigos