A perversão das imagens: notas sobre o olhar no Caderno de memórias coloniais de Isabela Figueiredo

Autores

  • Raphael Felipe Pereira de Araujo Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2022.v19n1a54743

Palavras-chave:

texto e imagem, revirar, desterro, violência

Resumo

O ensaio lê quatro fragmentos do Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo, e reflete sobre o diálogo entre texto e imagem que é construído ao longo da narrativa. O livro parece se constituir a partir de um conflito entre o texto e as fotografias de infância de Isabela que são reproduzidas sobre as páginas, encenando um jogo perverso em que as palavras estão sempre a revirar a aparente harmonia das fotografias. Além disso, a escrita de Figueiredo parece se apropriar da linguagem fotográfica e cinematográfica, de modo que é possível – e talvez necessário – que o leitor estabeleça diálogos entre o Caderno e outras obras visuais. A partir desses mecanismos ópticos a narrativa se abre para um doloroso trabalho de linguagem elaborado sobre o desterro, a violência colonial e a perda.

Biografia do Autor

Raphael Felipe Pereira de Araujo, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestrando em Literaturas Portuguesa e Africanas pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ. Bolsista de mestrado da CAPES.

Referências

ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Obra poética. Porto: Assírio & Alvim, 2015.

BARBOSA, Marlon Augusto. Desvios na crítica: Roland Barthes e Georges Didi-Huberman leitores de Honoré de Balzac. 2021. 203f. Tese (Doutorado em Ciência da Literatura) Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.

BARTHES, Roland. “Fotos-choque” In: Mitologias. Tradução de Rita Buongermino e Pedro de Souza. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

______. A câmara clara: notas sobre a fotografia. Tradução de Julio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

BATAILLE, Georges. Documents: Georges Bataille. Tradução de João Camillo Penna e Marcelo Jacques de Moraes. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.

BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito da História” In: Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas. Vol. 1. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.

CAMARGO, Denise. O achatamento da perspectiva: leitura de uma imagem de morte e violência. Studium, Campinas, SP, n. 17, p. 66–74, 2004.

CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia? 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2008.

DIDI-HUBERMAN, Georges. A semelhança informe ou o gaio saber visual segundo Georges Bataille. Tradução de Fernando Scheibe, Caio Meira. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.

______. Cascas. Tradução de André Telles. São Paulo: Editora 34, 2017.

______. “No próprio olho da história” In: Imagens apesar de tudo. Tradução de Vanessa Brito e João Pedro Cachopo. São Paulo: Editora 34, 2020.

______. O que vemos, o que nos olha. Prefácio de Stéphane Huchet; Trad. de Paulo Neves. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 1998.

FIGUEIREDO, Isabela. Caderno de memórias coloniais. São Paulo: Todavia, 2018.

JORGE, Silvio Renato. As fotografias de um caderno: passeio pelas memórias coloniais de Isabela Figueiredo. Metamorfoses, Rio de Janeiro, pp. 54-64, v. 13, n. 2, 2015.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. Tradução de Renata Santini. Arte & Ensaios. Rio de Janeiro, pp. 123-151, n. 32, 2016.

SANTOS, Boaventura Cardoso. Entre Próspero e Caliban. Colonialismo, Pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos CEBRAP, pp. 24-29, nº 66, Julho, 2003.

SENA, Jorge de. Poesia II. Lisboa: Edições 70, 1988.

VERNANT, Jean-Pierre. A bela morte e o cadáver ultrajado. Tradução de Elisa A. Kossovitch e João A. Hansen. Discurso, São Paulo, n. 9, 1979.

Downloads

Publicado

2023-04-09