A perversão das imagens: notas sobre o olhar no Caderno de memórias coloniais de Isabela Figueiredo
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2022.v19n1a54743Palavras-chave:
texto e imagem, revirar, desterro, violênciaResumo
O ensaio lê quatro fragmentos do Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo, e reflete sobre o diálogo entre texto e imagem que é construído ao longo da narrativa. O livro parece se constituir a partir de um conflito entre o texto e as fotografias de infância de Isabela que são reproduzidas sobre as páginas, encenando um jogo perverso em que as palavras estão sempre a revirar a aparente harmonia das fotografias. Além disso, a escrita de Figueiredo parece se apropriar da linguagem fotográfica e cinematográfica, de modo que é possível – e talvez necessário – que o leitor estabeleça diálogos entre o Caderno e outras obras visuais. A partir desses mecanismos ópticos a narrativa se abre para um doloroso trabalho de linguagem elaborado sobre o desterro, a violência colonial e a perda.
Referências
ANDRESEN, Sophia de Mello Breyner. Obra poética. Porto: Assírio & Alvim, 2015.
BARBOSA, Marlon Augusto. Desvios na crítica: Roland Barthes e Georges Didi-Huberman leitores de Honoré de Balzac. 2021. 203f. Tese (Doutorado em Ciência da Literatura) Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
BARTHES, Roland. “Fotos-choque” In: Mitologias. Tradução de Rita Buongermino e Pedro de Souza. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
______. A câmara clara: notas sobre a fotografia. Tradução de Julio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
BATAILLE, Georges. Documents: Georges Bataille. Tradução de João Camillo Penna e Marcelo Jacques de Moraes. Florianópolis: Cultura e Barbárie, 2018.
BENJAMIN, Walter. “Sobre o conceito da História” In: Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras escolhidas. Vol. 1. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.
CAMARGO, Denise. O achatamento da perspectiva: leitura de uma imagem de morte e violência. Studium, Campinas, SP, n. 17, p. 66–74, 2004.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia? 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2008.
DIDI-HUBERMAN, Georges. A semelhança informe ou o gaio saber visual segundo Georges Bataille. Tradução de Fernando Scheibe, Caio Meira. Rio de Janeiro: Contraponto, 2015.
______. Cascas. Tradução de André Telles. São Paulo: Editora 34, 2017.
______. “No próprio olho da história” In: Imagens apesar de tudo. Tradução de Vanessa Brito e João Pedro Cachopo. São Paulo: Editora 34, 2020.
______. O que vemos, o que nos olha. Prefácio de Stéphane Huchet; Trad. de Paulo Neves. 2ª ed. São Paulo: Editora 34, 1998.
FIGUEIREDO, Isabela. Caderno de memórias coloniais. São Paulo: Todavia, 2018.
JORGE, Silvio Renato. As fotografias de um caderno: passeio pelas memórias coloniais de Isabela Figueiredo. Metamorfoses, Rio de Janeiro, pp. 54-64, v. 13, n. 2, 2015.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Tradução de Renata Santini. Arte & Ensaios. Rio de Janeiro, pp. 123-151, n. 32, 2016.
SANTOS, Boaventura Cardoso. Entre Próspero e Caliban. Colonialismo, Pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos CEBRAP, pp. 24-29, nº 66, Julho, 2003.
SENA, Jorge de. Poesia II. Lisboa: Edições 70, 1988.
VERNANT, Jean-Pierre. A bela morte e o cadáver ultrajado. Tradução de Elisa A. Kossovitch e João A. Hansen. Discurso, São Paulo, n. 9, 1979.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).