Portugal: luta anticolonial e a perenidade do surreal em duas obras
DOI:
https://doi.org/10.35520/metamorfoses.2022.v19n2a57750Keywords:
surrealismo, Portugal, poesia, cinema, anticolonialismoAbstract
Pretende o presente artigo dar relevo à surrealidade presente tanto no filme de Manoel de Oliveira quanto no livro de Patrícia Lino referidos no título. Por surrealidade entendido tanto a questão da linguagem (literária e cinematográfica) como a da imagem (poética e do movimento). Partindo daí, pretende-se identificar nas obras o extrato surrealista que se identifique também com a luta anticolonial e antirracional. Já de início se pode dizer que a obra de Patrícia Lino, ao criar uma espécie de guia paródico do colonialismo português, usa de elementos surrealistas, entre outros, para corroer pela ironia e pelo chiste a pompa colonialista que ainda reside na sociedade portuguesa. O filme de Manoel de Oliveira, ao partir de uma narrativa aparentemente realista das guerras coloniais portuguesas em África, abusa das imagens surrealistas para narrar a história de mando e dominação portuguesa no mundo, intercalando o realismo dos soldados do colonizador enfrentando os colonizados em batalhas sangrentas já nos estertores dessas guerras, com o surrealismo de matriz onírica para narrar as derrotas do “passado glorioso” de Portugal. Por fim, nesse embate entre a modernidade, o racionalismo e a surrealidade, Aimé Césaire será fundamental para situar essa crítica no mundo pós-colonial.
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