A posição do Brasil frente à Indústria 4.0: mais uma evidência de rebaixamento para a periferia?

Abstract

Recentes alterações nos processos produtivos parecem indicar a emergência de um novo paradigma industrial que vem sendo denominado de 4ª revolução industrial ou “Indústria 4.0” e cuja relevância transparece no fato de que governos, tanto de países do centro da economia-mundo como de outros que buscam se aproximar desse núcleo, lançaram planos estratégicos e implantaram políticas públicas para a inserção ativa de seus estados e empresas nacionais nesse novo contexto produtivo. O objetivo deste artigo é fundamentar a hipótese de que por não ter conseguido acompanhar as inovações industriais que vem ocorrendo desde os anos 1980, o Brasil encontra-se despreparado para acompanhar o emergente paradigma produtivo, já que o Brasil nem mesmo ingressou na indústria 3.0 (microeletrônica), que emergiu na década de 1970. Este despreparo ou debilidade estrutural será evidenciado através do comportamento de quatro dimensões da economia brasileira: estrutura produtiva, padrão de comércio exterior, políticas industriais recentes e sistema de ciência, tecnologia e inovação. A conclusão a que chegamos é que a falta de reação frente à Indústria 4.0 é um forte sinal de que a posição semiperiférica pode estar sendo ameaçada.