A “ELITE DOS COTISTAS”: LEI DE COTAS EM CURSOS DE PRESTÍGIO DA UFRJ.
Palavras-chave:
Educação Superior, Lei de Cotas, Tipo de escola, UFRJResumo
Esse trabalho analisa se existe associação entre modalidade de cota e o tipo de escola frequentada no ensino médio pelos ingressantes em cursos de prestígio da UFRJ - Medicina, Direito e Engenharia de Produção - nos anos de 2013 a 2016, bem como, verifica se há diferença entre as chances de estudantes oriundos de escolas públicas federais e estaduais serem cotistas nas modalidades com e sem recorte de renda. Para tal, foram utilizados os microdados do questionário socioeconômico, fornecidos pela Divisão de Registro de Estudante da UFRJ, com os quais foi feita a análise quantitativa. Os achados indicam que há associação entre o tipo de escola frequentada no ensino médio – federal e estadual -, e a modalidade de cota, com e sem recorte de renda. Assim, ingressantes por cotas sem recorte de renda representam a “elite dos cotistas”: indivíduos provenientes de famílias com rendas médias e altas, e egressos de escolas públicas federais.
Referências
ALBANEZ, Alícia; FERREIRA, Francisco; FRANCO, Creso. A escola importa? Determinantes da eficiência e equidade no ensino fundamental brasileiro. Pesquisa e Planejamento Econômico, v. 23, p. 453-476, 2002.
ALVES, Fátima. Qualidade na educação fundamental pública nas capitais brasileiras: tendências, contextos e desafios. 2007. 243f. Tese (Doutorado em Educação) - Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.
BARBOSA, Maria Lígia. Desigualdade e desempenho. Belo Horizonte: Argvmentvm, 2009.
BRASIL. Lei n.º 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 30 ago. 2012. Seção 1, p. 1-2.
______. Ministério da Educação e Cultura. Dados Censo Escolar 2016. Brasília, DF: MEC, 2016.
______. Ministério da Educação. Observatório do PNE. Brasília, DF: INEP, 2017. Disponível em: http://www.observatoriodopne.org.br/. Acesso em: 10 set. 2017.
CARVALHO, Márcia Marques de. Desigualdade de oportunidades no ensino superior: mensuração, determinantes e políticas de ação afirmativa. 2013. 147f. Tese (Doutorado em Economia) – Faculdade de Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.
COELHO, Edmundo Campos. As profissões imperiais: Medicina, Engenharia e Advocacia no Rio de Janeiro 1822-1930. Rio de Janeiro: Record, 1999.
DUBET, François. Qual democratização do ensino superior? Caderno CRH, Salvador, v. 28, n. 74, p. 255-266, ago. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103 49792015000200255&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 25 set. 2017.
HERINGER, Rosana R. Addressing race inequalities in Brazil: lessons from the United States. Working Paper Series, Washington, DC, Woodrow Wilson International Center for Scholars, n. 237, 1999.
______. Expansão do ensino superior no Brasil: acesso, diferenciação interna e políticas de inclusão. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 15., Curitiba. Anais... Curitiba: Editora SBS, 2011.
______.; FERREIRA, Renato. Análise das principais políticas de inclusão de estudantes negros no ensino superior no Brasil no período 2001-2008. In: PAULA, Marilene de; HERINGER, Rosana. (Orgs.). Caminhos convergentes: Estado e sociedade na superação das desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Boll; ActionAid, 2009. p. 137-194.
NOVAES, Daniele Rego. Os cotistas da Engenharia da UFRJ: novos perfis ou mais do mesmo. 2014. 126f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014.
OLIVEN, Arabela Campos. Ações afirmativas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o seu significado simbólico. Revista Educação, Santa Maria, v. 34, n. 1, p. 65-76, jan./abr. 2009.
PRATES, Antonio Augusto P.; BARBOSA, Maria Lígia O. A expansão e as possibilidades de democratização do ensino superior no Brasil. Cadernos CRH, Salvador, v. 28, n. 74, p. 327-339, 2015.
RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Desigualdade de oportunidades e resultados educacionais no Brasil. Dados – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 54, p. 41-87, 2011.
______.; CENEVIVA, Ricardo; BRITO, Murillo Marschner Alves de. Estratificação educacional entre jovens no Brasil: 1960 a 2010. In: ARRETCHE, Marta. (Org.). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo: Editora Unesp; CEM, 2015. p. 79-108.
RISTOFF, Dilvo. Perfil socioeconômico do estudante de graduação uma análise de dois ciclos completos do ENADE (2004 a 2009). Cadernos do GEA, Rio de Janeiro, n. 4, jul./dez. 2013.
______. O novo perfil do campus brasileiro: uma análise do perfil socioeconômico do estudante de graduação. Avaliação, Campinas, Sorocaba, v. 19, n. 3, p. 723-747, nov. 2014.
SETTON, Maria da Graça Jacintho. A divisão interna do campo universitário: uma tentativa de classificação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, DF, v. 80, n. 196, p. 451- 471, 2002.
SCHWARTZMAN, Simon. Educação: a nova geração de reformas. In: GIAMBIAGI, Fábio; REIS, José Guilherme; URANI, André (Orgs.). Reformas no Brasil: balanço e agenda. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. p. 481-504.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Divisão de Registro de Estudante -DRE- Pr1. Microdados pré-matrícula 2013 a 2016. Rio de Janeiro: UFRJ, 2017.
VALLE, Ione Ribeiro. Diferenciação social e justiça escolar: a escola e a universidade sob tensão. In: SETTON, Maria da Graça Jacintho et al. (Orgs.). Mérito, desigualdades e diferenças: cenários de (in) justiça escolar no Brasil e em Portugal. Alfenas, MG: Editora Unifal, 2017. p. 192-206.
VARGAS, Hustana. Represando e distribuindo distinção: a barragem do ensino superior. 2008. 230f. Tese (Doutorado em Educação) – Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.
______. Sem perder a majestade: “profissões imperiais” no Brasil. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 15, n. 28, p. 107-124, 2010.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não comerciais, e embora os novos trabalhos tenham de lhe atribuir o devido crédito e não possam ser usados para fins comerciais, os usuários não têm de licenciar esses trabalhos derivados sob os mesmos termos.
A Revista PGPU permite que o(s) autor(es) mantenha(m) os direitos autorais de seu trabalho, desde que repasse(m) os direitos da primeira publicação ao periódico.