IMPERIALISMO E NEOLIBERALISMO NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

O IMPACTO DO ENCOLHIMENTO DO FIES E A EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)

Autores

  • Roberto Pereira da Silva UFRJ
  • Antônio José Barbosa de Oliveira UFRJ

Palavras-chave:

Imperialismo, Neoliberalismo, Fies, Educação a Distância, Ensino Superior, Mercantilização, Políticas Públicas

Resumo

Neste artigo, examina-se o impacto do encolhimento do Fundo deFinanciamento Estudantile a consequente ascensão da Educação a Distânciano ensino superior brasileiro, tanto no setor privado quanto nosetorpúblico, no contexto das políticas neoliberais e das diretrizes internacionais promovidas por organismos como o Banco Mundial. A análiseabrange as mudanças nas políticas públicas de educação desde a década de 1990 e explora como a redução do Fies, a flexibilização das regulamentações e a expansão da EaD contribuíram para a mercantilização do ensino superior. Paralelamente, discute-se o papel da EaD como uma ferramenta de democratização do acesso ao ensino superior, com iniciativas como o Consórcio Cederj e o Sistema Universidade Aberta do Brasil, que evidenciam o potencial inclusivo da modalidade. Além de examinar os desafios, como a precarização do trabalho docente e as desigualdades no acesso às tecnologias, destaca-se, também,as oportunidades trazidas pelo avanço das Tecnologias daInformação e Comunicação, pela implementação de Ambientes Virtuais de Aprendizageme pela integraçãode Inteligência Artificial, que prometem revolucionar a experiência educacional. Infere-se, assim, que a EaD, quando bem regulamentada e apoiada por políticas públicas inclusivas, pode não apenas compensar a redução do financiamento público, mas também ofereceruma educação superior de qualidade e equitativa no Brasil.

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Biografia do Autor

Antônio José Barbosa de Oliveira, UFRJ

Graduado em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Especialista em História do Brasil pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ, Mestre em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Doutor em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO e Estágio Pós-doutoral junto ao Programa de Pós-Graduação em História das Ciências, das Técnicas e Epistemologia (HCTE/UFRJ). Professor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ. Foi membro do Conselho de Ensino de Graduação (CEG) e do Conselho Universitário (CONSUNI) da UFRJ, Atuou na Gestão Universitária como Superintendente Geral de Políticas Estudantis da UFRJ, Vice-decano e Superintendente do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJ/UFRJ). Atualmente é Diretor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC/UFRJ). Investigador Associado do Centro de Investigações e Estudos em Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL). Atua nas áreas de História Social da Informação e do Conhecimento, Memória Social, Produção Discursiva e Construções Identitárias, História e Políticas da Educação Superior e Gestão Universitária.

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Publicado

2025-11-04

Edição

Seção

Artigo