NUDEZ E EROTISMO NA ANTIGA MESOPOTÂMIA
DOI:
https://doi.org/10.26770/phoinix.v26.2n01Palavras-chave:
Mesopotâmia, arte, corpo, erotismo, nudez.Resumo
O presente artigo propõe uma reflexão sobre imagens de corpos nus (femininos e masculinos), criadas há mais de 4.000 anos, na antiga Mesopotâmia. Inicialmente discutimos a noção da representação visual no mundo mesopotâmico, uma vez que se acreditava no poder dos significantes e de seu status como parte integrante do real. O conceito de mimesis, isto é, de representação como um meio de imitar as coisas reais no mundo, não é suficiente para entender a arte da antiguidade oriental. Partimos dos fundamentos da escrita cuneiforme, definida como simbólica por ser o significante interpretado como recordando o significado direto, no qual cada signo, por ter um valor pictográfico e fonético ao mesmo tempo, tem o potencial de evocar outros referentes. Nas artes visuais da antiga mesopotâmia, o corpo é o lugar onde o gênero é visualmente diferenciado. Homens e mulheres vestidos ou nus, crianças, pessoas andróginas, eunucos e hermafroditas foram representados, mas o modelo mais importante da diferenciação de gênero foi a representação do corpo sem roupa. A nudez é um motivo comum que aparece em inúmeras formas de representação, e a descrição dos aspectos eróticos da nudez dos corpos é comum em vários gêneros literários. A maioria desses objetos, confeccionadas em relevos de placas de argila ou figuras em terracota, de pequenas dimensões, foram criados na Babilônia no II milênio AEC e continuaram sendo produzidos, sem interrupção, até o século VII EC, na época sassânida. O principal objetivo dessas imagens, cuja frontalidade do corpo e a gestualidade apontam para um retrato explícito da genitália e dos seios, seria mostrar seus atributos sexuais, dando ênfase ao olhar do espectador. A nudez frontal feminina estava associada à conduta sexual; já o corpo masculino despido possuía inúmeros significados, às vezes negativo, como a morte e a derrota, às vezes positivo, como a força viril do herói. Nesta contribuição, pretendemos construir uma chave de leitura para essas imagens de nus e questionar se poderíamos considerá-las como representações do desejo sexual daquela sociedade.
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