POR QUE (NÃO) DIZER DA LÍNGUA?
DOI:
https://doi.org/10.61358/policromias.v5i1.33933Palavras-chave:
Análise de discurso, língua, sujeito, política.Resumo
Neste trabalho, dirigimos nosso olhar a discursos que buscam dizer sobre a cena política brasileira, com foco na relação que estabelecem entre língua e sujeito. Da perspectiva teórico-metodológica da análise de discurso proposta por Michel Pêcheux, objetivamos analisar o modo como dizeres sobre a língua e os sujeitos que nela se inscrevem funcionam em diferentes condições de circulação e o que (não) dizem em debates acerca da política e de suas práticas no Brasil. Para isso, constituímos o corpus de análise por materialidades significantes em dispersão, reunindo uma crônica de especialista em questões de linguagem e um meme que circulou amplamente na rede social Facebook. Tais materialidades circularam em diferentes momentos, mas têm em comum o fato de voltarem-se à língua e aos seus empregos para tratar de questões relacionadas a práticas políticas. Nossos gestos de análises se voltam, assim, ao modo como nesses dizeres, imaginariamente direcionados a dizer sobre a língua, produzem-se sentidos para os sujeitos que nela se constituem, em suas posições ideológicas.
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