POR QUE (NÃO) DIZER DA LÍNGUA?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v5i1.33933

Palavras-chave:

Análise de discurso, língua, sujeito, política.

Resumo

Neste trabalho, dirigimos nosso olhar a discursos que buscam dizer sobre a cena política brasileira, com foco na relação que estabelecem entre língua e sujeito. Da perspectiva teórico-metodológica da análise de discurso proposta por Michel Pêcheux, objetivamos analisar o modo como dizeres sobre a língua e os sujeitos que nela se inscrevem funcionam em diferentes condições de circulação e o que (não) dizem em debates acerca da política e de suas práticas no Brasil. Para isso, constituímos o corpus de análise por materialidades significantes em dispersão, reunindo uma crônica de especialista em questões de linguagem e um meme que circulou amplamente na rede social Facebook. Tais materialidades circularam em diferentes momentos, mas têm em comum o fato de voltarem-se à língua e aos seus empregos para tratar de questões relacionadas a práticas políticas. Nossos gestos de análises se voltam, assim, ao modo como nesses dizeres, imaginariamente direcionados a dizer sobre a língua, produzem-se sentidos para os sujeitos que nela se constituem, em suas posições ideológicas.

Biografia do Autor

Silmara Dela Silva, Universidade Federal Fluminense

Possui graduação em Comunicação Social - Jornalismo, pela UNESP-Bauru (1998), mestrado em Estudos Linguísticos pela UNESP-São José do Rio Preto (2004) e doutorado em Linguística pela UNICAMP (2008). Fez estágio de pós-doutorado no Departamento de Ciências da Linguagem, na UFF, com bolsa FAPERJ [Programa de Apoio ao Pós-Doutorado no Estado do Rio CAPES/FAPERJ] (2009-2010). Atualmente é Professora Adjunta da UFF, no Departamento de Ciências da Linguagem, Setor Linguística, e pesquisadora do Laboratório Arquivos do Sujeito (LAS), o qual coordena em conjunto com as professoras Bethania Mariani e Vanise Medeiros. É vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagem, do Instituto de Letras da UFF e Jovem Cientista FAPERJ (2015/2017). Foi coordenadora do GT de Análise do Discurso da ANPOLL (biênio 2014/2016). Tem experiência como jornalista e docente nas áreas de Linguística e Comunicação Social, e os seus estudos têm como foco a análise dos discursos da/sobre a mídia.

Fernanda Luzia Lunkes, UFSB

Professora Adjunta na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e professora colaboradora no PROFLETRAS da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) em atividades de ensino e orientação. Doutora em Estudos de Linguagem (UFF, com auxílio do CNPq), mestra em Letras (UEM) e licenciada em Letras/Português (UNIOESTE). Fez estágio de Pós-Doutorado na Universidade Federal Fluminense, no período de 2014-2015, com auxílio PNPD/CAPES. Autora dos livros "Depressão e medicalização no discurso jornalístico" e "O sujeito e o corpo: construções heterogêneas no filme Clube da Luta". Tem experiência no ensino superior, básico e no ensino a distância. Elaborou material didático para o curso de Letras (modalidade EAD) da Universidade Federal Fluminense (em convênio com Cederj), para as disciplinas de Linguística III e Linguística V. Tem experiência como tutora no curso de Letras (modalidade EAD) da Universidade Federal Fluminense (em convênio com Cederj), nas disciplinas de Linguística I e Linguística III. É líder, com Silmara Dela Silva, do Grupo de Pesquisa/CNPq "Mídia e(m) Discurso"- MiDi - e integra o "Núcleo de Estudos em Práticas de Linguagem e Espaço Virtual" (UFPE). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise de Discurso, e suas principais pesquisas se dedicam sobretudo aos seguintes temas: discurso jornalístico e midiático, corpo discursivo, medicalização, felicidade, violência e gestos de violência, discurso artístico, palhaço, mulher, contemporaneidade.

Referências

AGOSTINI, R. CARNEIRO, M. Após críticas e memes, Temer diz que evitará uso de mesóclise. Folha de S. Paulo. 3 set. 2016. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/09/1818344-apos-criticas-e-memes-temer-diz-que-evitara-o-uso-de-mesoclise.shtml>. Acesso em: 9 abr. 2020.

ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de estado. Notas sobre os Aparelhos Ideológicos de Estado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.

BENVENISTE, E. [1966] Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de Linguística Geral I. 5 ed. Campinas-SP: Pontes Editores, 2005. p. 284-293.

DA CUNHA RECUERO, R. Memes em weblogs: proposta de uma taxonomia. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia. 2007, (32), 23-31. Disponível em: <http://redalyc.org/articulo.oa?id=495550188006>. Acesso em: 8 abr. 2020.

DELA-SILVA, S. Imprensa e saber linguístico: o percurso de uma instituição. Revista da ANPOLL, Brasília: ANPOLL, 2008. p. 207-226.

GADET, F.; PÊCHEUX, M. [1981] A língua inatingível. O discurso na história da linguística. Campinas: Pontes Editores, 2004.

MARIANI, B. Colonização linguística. Campinas: Pontes: 2004.

NUNES, J.H. Dicionários no Brasil. Análise e história do século XVI ao XIX. Campinas: Pontes Editores, 2006.

ORLANDI, E. Uma história de conhecimento, uma história da língua. In: ORLANDI, E. Língua e conhecimento linguístico: para uma história das ideias no Brasil. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013, p. 9-18.

ORLANDI, E. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 3 ed. Campinas: Pontes, 2001.

ORLANDI, E. Destruição e construção do sentido (Um estudo da ironia). O histórico e o discursivo. Série Estudos, Uberaba, v. 12, 1983, p. 66-97.

PÊCHEUX, M. [1969]. Análise Automática do Discurso (AAD-69). In: GADET, Françoise; HAK, Tony. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Trad. Bethânia Mariani [et al.]. 3. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1997, p. 61-161.

PÊCHEUX, M. [1975]. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1997a.

PÊCHEUX, M. [1977]. Há uma via para a Linguística fora do Logicismo e do Sociologismo”. In: Análise de discurso: Michel Pêcheux. Textos selecionados: Eni P. Orlandi. 2 ed. Campinas: Pontes Editores, 2011. p. 295-310.

PÊCHEUX, M. Ler o arquivo hoje. [1981] In: ORLANDI, Eni. Gestos de leitura: da história no discurso. 3 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2010. p. 49-59.

PÊCHEUX, M; GADET, F. [1991] A língua inatingível. In: Análise de discurso: Michel Pêcheux. Textos selecionados: Eni P. Orlandi. 2 ed. Campinas: Pontes Editores, 2011. p. 93-105.

SCHONS, C. O imaginário sobre o ensino de língua na mídia impressa e na eletrônica: discursividades, memórias e subjetividades. In: GRIGOLETTO, E; NARDI, F.; SCHONS, C. (Orgs.). Discursos em rede: práticas de (re)produção, movimentos de resistência e constituição de subjetividades no ciberespaço. Recife: Ed. Universitária, 2011, p. 201-226.

Downloads

Publicado

2020-04-30

Edição

Seção

Artigos