Resistências em disputa: uma análise do processo polissêmico de significação de “luta” e “opressão”

Autores

  • Carolina Fernandes Universidade Federal do Pampa

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v5i3.37002

Palavras-chave:

Análise do Discurso, memória discursiva, polissemia, resistência, formação discursiva de direita

Resumo

Este artigo analisa o processo discursivo de deslizamento de sentidos das palavras luta e opressão bem como guerreiro e opressor que circulam em páginas da web, principalmente da rede social Facebook, cujas posições ideológicas são assumidamente de direita. Na perspectiva da Análise de Discurso de vertente materialista, consideramos que a polissemia e a resistência são constitutivas da linguagem, do sujeito e, assim, de todo processo discursivo, o que nos permite compreender o processo polissêmico de deriva de sentidos dessas palavras na conjuntura atual. Assim, concluímos que a significação de luta, opressão e seus derivados, produzida entre os movimentos de paráfrase e de polissemia, depende da posição-sujeito que o enunciador assume em sua relação com a memória discursiva, sendo, portanto, resultado de um gesto de interpretação, e não de um sentido único e consensual.

Biografia do Autor

Carolina Fernandes, Universidade Federal do Pampa

Professora do curso de Letras Português e Literaturas de Língua Portuguesa e do curso de Mestrado Profissional em Ensino de Línguas da Universidade Federal do Pampa, campus Bagé, RS. Tutora do Programa de Educação Tutorial - PET-LETRAS, desde abril de 2019. Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, área de concentração Estudos da Linguagem, com especialidade em Análises Textuais e Discursivas e mestre pela mesma instituição e área de concentração. É licenciada em Letras pela Universidade Federal de Santa Maria com habilitação em Língua Portuguesa e Língua Francesa e respectivas literaturas. Atualmente lidera o Grupo de Pesquisa Estudos Pecheutianos (UNIPAMPA e outras instituições) e, como pesquisadora, participa do grupo de pesquisa Oficinas de Análise do Discurso (UFRGS).

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Publicado

2021-03-02

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Seção

Artigos