SENTIDOS DE LÍNGUAS BRASILEIRAS NA BNCC: TENSÕES ENTRE IMAGINÁRIOS DE UNIDADE E DE DIVERSIDADE

Autores

  • Juciele Pereira Dias Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Luciana Nogueira Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Tania Conceição Clemente de Souza Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v6i3.49457

Resumo

Este trabalho tem como objetivo compreender como os sentidos de língua brasileira se inscrevem na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em meio a tensões entre imaginários de unidade e de diversidade nas políticas públicas que determinam a educação no país. Para isso, filiados à Análise de Discurso, descrevemos e interpretamos o modo como os sentidos das línguas cooficializadas são significadas na BNCC postas em relação aos sentidos do mecanismo linguístico-discursivo “multi” em uma discursividade de flexibilidade, o que afeta a constituição do efeito de unidade imaginária e história de língua-estado-nação brasileira.

Biografia do Autor

Juciele Pereira Dias, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Letras - licenciatura plena em Língua Portuguesa e respectivas literaturas de língua portuguesa (2007) pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestrado (2009) e doutorado (2012) em Letras - área de concentração: Estudos Linguísticos pela UFSM, com estágio de doutorado-sanduíche na Universidade de Franche-Comté (CAPES-PDEE 2011-2012). Fez pesquisa de pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem e Laboratório Arquivos do Sujeito da Universidade Federal Fluminense (CAPES-PNPD Institucional 2013-2016). Desenvolve pesquisa de pós-doutorado no Mestrado Profissional em Linguística e Línguas Indígenas (PROFLLIND) do Museu Nacional/UFRJ, com apoio FAPERJ-PDS (2020-2021), prorrogado pelo PDI-Faperj (2021-2022). Possui formação técnica em Administração pelo Colégio Politécnico da UFSM - antigo CASM (2002), tendo participado de projetos de extensão na área. Possui graduação em Pedagogia - segunda licenciatura na Estácio-RJ (2022). Atuou como professora no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL), da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), onde orientou alunos em Iniciação Científica, em Mestrado e em Doutorado (2016-2020). É professora substituta de Língua Portuguesa no Ensino Médio do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2021-2022) e professora colaboradora no Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística ? PPLIN, da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ/FFP). Ao lado de Élcio Fragoso (UNIR), é líder do GRPesq "Conhecimento, História e Língua" (GPeCHeLi/UNIR), bem como é membro do GPRPesq "O Cotidiano na História das Ideias Linguísticas" (CoLHiBri/Unicamp) e do GRPesq "Discurso e transformação em diferentes práticas" (Contradit/UFES). Foi tutora de Educação a Distância EaD na UAB/UFSM (2009-2012) e na UAB/CEDERJ/UFF (2014-2016). Foi professora formadora na Univás Virtual. Esteve em Licença maternidade (INSS/Univás) no período de 26 de junho a 23 de outubro de 2019, seguida de Licença sem vencimentos (Maternidade), de 24 de outubro de 2019 a 30 de abril de 2020, conforme Convenção Coletiva de Trabalho - Sinpro-MG. Tem experiência na área de Letras e desenvolve pesquisa em Análise de Discurso e em História das Ideias Linguísticas nas seguintes temáticas: Língua, Conhecimento, História, Arquivo, Políticas de Memória, de Educação, de Linguagem e Tecnologia.

Luciana Nogueira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Letras (com licenciatura em português e espanhol) pela Universidade Federal de São Carlos ? UFSCar (2005), mestrado (2009) e doutorado (2015) em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas ? UNICAMP. Durante seu mestrado, realizou um estágio de pesquisa na Universidad de Buenos Aires ? UBA (2007) e, durante seu doutorado, realizou um estágio de pesquisa na Université Paris 13 (2012 a 2013). Concluiu o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL) na Universidade do Vale do Sapucaí ? UNIVÁS. É integrante do Coletivo de Trabalho Discurso e Transformação - Contradit. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise de Discurso e Semântica da Enunciação. É professora adjunta na Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, Departamento de Letras - DL. Atualmente, sua pesquisa é dedicada ao estudo do discurso e do sujeito nas relações de trabalho; o discurso de gestão em diferentes espaços; políticas públicas de educação; o funcionamento do discurso neoliberal.

Tania Conceição Clemente de Souza, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Possui graduação em Letras: Português-Russo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1971), mestrado em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1979), doutorado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1994) e pós-doutorado pela Universidade Paris 7 (1996). Atualmente, é professora associada (IV) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lotada no Departamento de Antropologia do Museu Nacional, centro onde desenvolve pesquisa com línguas indígenas desde 1981. É professora adjunta aposentada da Universidade Federal Fluminense e foi professora adjunta da Universidade Federal de Juiz de Fora. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: análise do discurso, discurso e imagem, análise do não-verbal. É líder de vários projetos de pesquisa subsidiados por diferentes editais (CNPq e FAPERJ). Coordena o Laboratório de Estudos do Discurso, Imagem e Som ? Labedis, vinculado ao Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ. Edita a Revista Policromias ? Estudos do Discurso, Imagem e Som, com publicação de artigos de renomados autores nacionais e internacionais. Com bolsa FAPERJ desenvolve o projeto Fundo documental Curt Nimuendajú. Junto ao LACITO/CNRS desenvolve o projeto Langue chantée, discours et memoire. Bolsa Cientista do Nosso Estado com desenvolvimento do projeto Sustentabilidade e salvaguarda de patrimônio imaterial: por uma política de preservação das línguas dos povos originários do Brasil.

Referências

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação é a base. Versão final publicada em 4 de dezembro de 2018. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em 14 jun 2021.

COSTA, W. M. O Estado e as políticas territoriais no Brasil. São Paulo: Contexto, 1991.

DELA SILVA, S.; FREITAS, R. A. de. “Se a base da educação é a mesma, as oportunidades também serão”? A propaganda sobre educação no governo Temer. Investigações, Recife, v. 31, n. 2, p. 26-48, 2018. https://doi.org/10.51359/2175-294x.2018.237922

DIAS, Juciele Pereira; NOGUEIRA, Luciana. Gestos de Leitura da BNCC: Língua(s), Competência e Mundo do Trabalho no Ensino Fundamental. In: FLORES, Giovanna B. et al. (org.) Análise de Discurso em Rede: Cultura e Mídia. Vol. 5. Ler o Brasil Hoje. Campinas: Pontes, 2021a. p. 385-400.

DIAS, Juciele Pereira; NOGUEIRA, Luciana. Os sentidos de diversidade na Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Língua, educação e propaganda. In: SILVA, Dalexon Sérgio da; SILVA, Claudemir dos Santos. (Org.). Pêcheux em (dis)curso: entre o já-dito e o novo. 1 ed. São Carlos, SP: Pedro & João Editores, 2021b, v. 1, p. 231-252.

FERREIRA, Ana Claudia Fernandes; DIAS, Juciele Pereira. Sentidos da denominação Campo da vida cotidiana na BNCC: a política de uma língua. Revista Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 24, n. 3, Jul-Set/ 2021.

HIDALGO, Luisa da Silva; VINHAS, Luciana Iost. Políticas linguísticas sobre o ensino de espanhol no Brasil: efeitos do discurso neoliberal. Revista Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 24, n. 3, Jul-Set/ 2021.

LAVAL, Christian; VERGNE, Francis; CLÉMENT, Pierre; DREUX, Guy. La Nouvelle École Capitaliste. Paris: La Découverte, 2011.

LAVAL, Christian. A Escola Não é Uma Empresa – o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.

LUZ, M. N. S. da; HÜBNER, J.; KONZEN, M. C. H. Diversidade na aula de Língua Portuguesa: um olhar discursivo ao que diz a BNCC. Investigações, Recife, v. 31, n. 2, p. 26-48, 2018. https://doi.org/10.51359/2175-294x.2018.238078" https://doi.org/10.51359/2175-294x.2018.238078.

MOREIRA, Carla; FERNANDES, Juliene Vieira. Circulação do conhecimento e currículo escolar: o discurso na área de linguagens da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio. In: PFEIFFER, C. R. C.; DIAS, J. P.; NOGUEIRA, L. (Orgs.). Língua, ensino, tecnologia. Campinas: Pontes Editores, 2020.

NOGUEIRA, Luciana; DIAS, Juciele Pereira. Base Nacional Comum Curricular (BNCC): Sentidos em disputa na lógica das competências. Revista Investigações, Pernambuco, v. 31, n. 2, Dezembro/2018.

ORLANDI, Eni P. Discurso e Texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001.

ORLANDI, Eni P. In: ORLANDI, Eni P. Política linguística no Brasil. Campinas, SP: Editora Pontes, 2007.

ORLANDI, Eni P. Espaços linguísticos e seus desafios: convergências e divergências. RUA [online]. 2012, nº 18. Volume 2. ISSN: 1413-2109 – Consultada no Portal Labeurb – Revista do Laboratório de Estudos Urbanos do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade. http://www.labeurb.unicamp.br/rua/" http://www.labeurb.unicamp.br/rua/

ORLANDI, Eni P. Ciência da Linguagem e Política: Anotações ao Pé das Letras. Campinas, SP: Pontes Editores, 2014.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do obvio. 5 ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, (1975] 2014.

PFEIFFER, Claudia Castellanos. Políticas Públicas de Ensino. In: ORLANDI, E. (Org.). Discurso e políticas públicas urbanas: a fabricação do consenso. Campinas: Editora RG, 2010. p. 85-100.

PFEIFFER, Claudia C.; GRIGOLETTO, Marisa. Reforma do Ensino Médio e BNCC – Divisões, Disputas e Interdições de Sentidos. Revista Investigações, Pernambuco, v. 31, n. 2, Dezembro/2018.

PFEIFFER, C. R. C.; DIAS, J. P.; NOGUEIRA, L. (Orgs.). Língua, ensino, tecnologia. Campinas: Pontes Editores, 2020.

ROBIN, Régine. História e Linguística. São Paulo: Editora Cultrix, 1973

ROJO, Roxane H. R.. Gêneros discursivos do círculo de Bakhtin e multiletramentos. In: ROJO, Roxane H. R. Escol@ conectada: Os multiletramentos e as TICs.. 1. ed. São Paulo, SP: Parábola Editorial, 2013. v. único. 215p.

ROSA, Rodrigo P. S.; SOUZA, Tania C. C. de. Política linguística, pluringuismo e consenso. Revista Interfaces. Vol. 10 n. 2, p. 118-128. 2019.

SILVA, M. V da. Uma Base Nacional Curricular Comum para a leitura nas escolas brasileiras: a política e o político. In: FLORES, G. B. et. al (Orgs.). Análise de discurso em rede: cultura e mídia. 1. ed. Campinas: Pontes Editora, 2017. v. 3. p. 315-332.

SOUZA, Tania C. C. de. Discurso e oralidade. Um estudo em língua indígena. Tese de Doutorado. Campinas, SP: IEL, 1994.

SOUZA, Tania C. C. de. Línguas indígenas, fronteiras e silenciamento. Revista Línguas e Instrumentos linguísticos, 2021 (no prelo).

Vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=Nonr8bbqxmA: Acesso em 30/08/2021, 17:03

https://www.youtube.com/watch?v=iO56zuU884o: Acesso em 04/09/ 2021, 11:20

Downloads

Publicado

2022-01-17

Edição

Seção

Dossiês