TRAMAS DISCURSIVAS E DIVERSIDADE LINGUÍSTICA NA AMAZÔNIA
DOI:
https://doi.org/10.61358/policromias.v5i1.29902Palabras clave:
Contatos linguísticos, Dispositivo, Estudos foucaultianos, Colonização.Resumen
Trata-se de uma proposta que visa analisar a diversidade de línguas anunciada pelo Pe. Antônio Vieira em sermões e correspondências oficiais, em especial, as materialidades que apontam o desconhecimento das “línguas da terra” como o maior empecilho para a ampliação da fé nas missões do Maranhão e do Grão-Pará. Para tanto, considero o arcabouço teórico-metodológico de Michel Foucault no quadro dos estudos discursivos (2006; 2016a; 2010a; 2010b; 2010c) e da Linguística Colonial (SEVERO, 2013; 2016; MARIANI, 2016). Almeja-se, com este artigo, também repensar a constituição de um regime de gerenciamento linguístico à época da invasão do território brasileiro e, ao mesmo tempo, refletir sobre as condições de possibilidades históricas as quais nosso patrimônio linguístico foi discursivizado a partir de uma matriz de poder instituidora de um governo da língua europeu na Amazônia. Considera-se, por fim, a complexidade da experiência colonial, o que significa que determinados conflitos linguísticos produziram também a emergência de várias tensões discursivas as quais atravessam, de certa maneira, o movimento cabano e a constituição de nosso idioma.
Citas
ALVES JÚNIOR, José. Pontos de história da Amazônia. Belém: Paka-Tatu, 2001.
AZEVEDO, João Lúcio. Os jesuítas no Grão-Pará: suas missões e a colonização. Belém: SECULT, 1999. p. 255-7.
BAGNO, Marcos. Dicionário crítico de sociolinguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2017.
BERT, Jean-François. Pensar com Michel Foucault. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.
CASTRO, Edgardo. Vocabulário de Foucault – um percurso pelos seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.
COURTINE, J.J. Decifrar o corpo – pensar com Foucault. Petrópolis, Rio de Janeiro. Editora Vozes, 2013.
FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010a.
________. A hermenêutica do sujeito – curso dado no Collège de France (1981-1982). São Paulo: Editora Wmf Martins fontes, 2010b. pp. 221-241.
________. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 2010c.
________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.
________. Vigiar e Punir. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
FREIRE, José Ribamar Bessa. Rio Babel – a história das línguas na Amazônia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011.
________. “Da fala boa ao português na Amazônia brasileira. In: Ameríndia – Revue d´ethnoliguistiqui amérindienne. Paris: A. E. A., n. 8, 1983.
GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na Análise do Discurso – diálogos e duelos. São Carlos: Editora Claraluz, 2006.
________. Michel Foucault: uma teoria crítica que entrelaça o discurso, a verdade e a subjetividade. In: FERREIRA, Ruberval; RAJAGOPALAN, Kanavillil (orgs.). Um mapa da crítica nos estudos da linguagem e do discurso. Campinas, São Paulo: Pontes Editores/Unicamp, 2016. p.115- 142
GUILHAUMOU, Jaques; MALDIDIER, Denise. Efeitos do arquivo – a análise do discurso ao lado da história. In: ORLANDI, Eni (org.). Gestos de leitura – da História no discurso. Campinas, São Paulo: Editora Unicamp, 2014. p.169-192.
HACKEROTT, Maria Mercedes. Reflexões sobre a linguagem em sermões e cartas do padre Antônio Vieira. In: FREIRE, Bessa; ROSA, Carlota; LAGORIO, Consuelo (orgs). Políticas de línguas no novo mundo. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012. pp. 87-125.
MARIANI, Bethania. Políticas de colonização linguística. In: Letras. Santa Maria, RS, n. 27, p. 73-82, 2003.
MAHER, Terezinha Machado. Ecos de resistência: políticas linguísticas e línguas miniritárias no Brasil. In: NICOLAÍDES, Chistine; SILVA, Kleber; TILIO, Rogério; ROCHA, Claudia (orgs.). Política e Políticas linguísticas. Campinas, São Paulo: Pontes editores, 2013. p. 117-134.
MENDONÇA, Marcos Carneiro de. A Amazônia na era pombalina – Tomo III. Brasília: Senado Federal, conselho editorial, 2005.
RESENDE, Haroldo. Política e ação no pensamento de Michel Foucault: conexões entre poder, saber e discurso. In: RESENDE, Haroldo de (org.). Michel Foucault – política: pensamento e ação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016.
RODRIGUES, Aryon dall’Igna. Línguas indígenas: 500 anos de descobertas e perdas. In: Delta, 1993, v.9, n.1, pp. 83-103.
SEVERO, Cristine. A diversidade linguística como questão de governo. In: Caleidoscópio. São Leopoldo, RS, v.1, p. 107-115, 2013.
________. A invenção colonial das línguas da América. In: Alfa. São Paulo, v. 60, n.1, p.11-28, 2016.
SOUSA DE, Socorro Cláudia; SOARES, Maria Elias. Um estudo sobre as políticas linguísticas no Brasil. In: Revista de Letras, número 3, Vol. 01, jan-jul, 2014.
TUPIASSÚ, Amarílis. A palavra divina na surdez do Rio Babel – com cartas e papéis do Pe. Vieira. Belém: EDUFPA, 2008.