AÇÕES E PENSAMENTOS DE IMAGENS DA CLASSE TRABALHADORA: DOS [FECHAMENTOS] ÀS ABERTURAS

Autores

  • Ana Rita Vidica Docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás https://orcid.org/0000-0001-6253-4428
  • Luciene de Oliveira Dias Docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás.
  • João Lúcio Mariano Cruz Técnico-Administrativo da Universidade Federal de Goiás.

Palavras-chave:

Fotografia, Visualidades, Corpos plurais, Cultura, Diferença

Resumo

Nosso trabalho busca adentrar nos pensamentos e ações das fotografias da classe trabalhadora produzidas por August Sander (1876-1964) em suas relações com fotografias contemporâneas (1955-2019). As imagens de corpos de trabalhadoras e trabalhadores apresentam-se como espaço simbólico de acionamento de diferenças na medida em que apresentam sintomas-rastros culturais (DIDI-HUBERMAN, 2012). Por isso, buscamos acessar uma memória das fotografias, tomadas como portadoras de pensamento (SAMAIN, 2012), para pensar visualidades da pluralidade de corpos de trabalhadoras e trabalhadores na sociedade de nosso tempo, utilizando a proposta teórico-metodológica de cruzamento de imagens proposta por Didi-Huberman (2012). Nossas pistas iniciais indicam que nos processos de construção de fotografias de trabalhadores há passagens que demonstram uma centralização na performance heterossexual e masculina do que seja o corpo de “um trabalhador”; e que o corpo gay e outros corpos plurais, quando acessam o direito de olhar (MIRZOEFF, 2016) e de serem vistos tensionam essa performance dominante e promovem aberturas.

Biografia do Autor

Ana Rita Vidica, Docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás

Doutora em História pela Faculdade de História-UFG (2017) com doutorado sanduíche na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris / PDSE-CAPES), Mestre em Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais-UFG (2007) e Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal de Goiás (2003). Experiência na área de Comunicação, com ênfase em Fotografia e Análise de Imagem, atuando principalmente nos seguintes temas: fotografia contemporânea, fotoclube e intervenção urbana. Como fotógrafa ganhou o prêmio I Concurso Internacional sobre Periodismo e Genero, participou de exposições coletivas regionais, nacionais e internacionais e uma exposição individual, intitulada "Obra Marginal", contemplada pela Bolsa de Apoio à produção artística no Brasil, da FUNARTE. Atualmente é docente do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda e do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), coordena o Núcleo de Pesquisa em Teoria da Imagem (NPTI) e participa do Grupo de Pesquisa REdArtH Rede Internacional de Pesquisa em Educação, Arte e Humanidades ambos vinculados à UFG.

Luciene de Oliveira Dias, Docente do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás.

Doutora em Antropologia Social pelo Departamento de Antropologia (DAN) da Universidade de Brasília (UnB). Mestra em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). Especialista em Cultural Studies pela University of Arkansas (EUA). Graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Professora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais, da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás, conforme Portaria UFG 0330/31.01.2020. Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás, linha de Pesquisa Mídia e Cultura. Coordenadora do Pindoba - Grupo de Pesquisa em Narrativas da Diferença. Trabalha com pesquisas sobre relações étnico-raciais, de gênero e de sexualidades, em interface com os estudos de Comunicação, Performances Culturais e Antropologia, com foco na construção do respeito às diferenças.

João Lúcio Mariano Cruz, Técnico-Administrativo da Universidade Federal de Goiás.

Doutorando em Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás, na linha de Mídia e Cultura. Atua na área de concentração em Comunicação, Cultura e Cidadania, discutindo sexualidades plurais. Mestre em Comunicação pela Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal de Goiás (conclusão em 2019). Graduado em Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda, pela Universidade Federal de Goiás (conclusão em 2009). É trabalhador técnico-administrativo em educação da UFG.

Referências

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Publicado

2020-10-05

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Artigos