Poder religioso e poder secular no embate pelo modelo civilizador musical em fins do século XVIII

Autores

  • Edilson V. Lima Universidade Federal de Ouro Preto

DOI:

https://doi.org/10.47146/rbm.v30i1.26307

Palavras-chave:

História da música brasileira, música do Brasil colonial, retórica musical, estilo musical, estética

Resumo

Este artigo discute a disputa entre o poder secular e o poder religioso na capitania de São Paulo colonial, no último quartel do século XVIII, pelo modelo musical a ser exercido na igreja da Sé por ocasião da chegada do quarto mestre de capela André da Silva Gomes. Aborda os modelos comunicativos em jogo e como a música, a partir de sua expressividade calcada no modelo retórico, incluindo as tópicas, poderia representar o poder divino (o estilo antigo, mais próximo a um modelo barroco) ou o poder secular ilustrado (o estilo moderno, mais afeito ao modelo musical rococó-clássico). “Civilizar” os paulistas passava também pelo controle do modelo comunicacional musical, ligado não só ao caráter (ethos) da obra, mais suscitado por uma gama de afetos (pathos) articulados a partir das possibilidades expressivas do texto religioso ou profano. Mais do que uma disputa estético-estilística, dominar as estratégias sensíveis era governar também as almas e os corações dos ouvintes e, desse modo, controlar um modelo de conduta social.

Downloads

Publicado

2017-06-30