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Palavras ao vento: voz, corpo e melodrama no cinema sonoro

Resumo

Neste artigo nos debruçamos sobre o melodrama cinematográfico, tradicionalmente tido como modo de representação predominantemente visual, em que embates morais se manifestam em signos visíveis. Dentro da literatura que fundamenta a pesquisa no campo, diz-se que constitui um drama da mudez: a voz não oferece recursos suficientes para expressar adequadamente a emoção avassaladora. Essa definição, porém, torna-se frágil sob escrutínio mais cuidadoso no que tange às ideias de voz, corpo e logos. Informados por autores que versam sobre som e voz, propomos uma reformulação desse enunciado: libertando a voz do jugo da língua podemos verificar que ela persiste em sua materialidade mais natural, na forma de grito, choro, suspiro e canto. A limitação não seria, assim, da voz, mas da palavra, da capacidade da língua de expressar o inefável, e a voz corpórea, sonora, triunfaria sobre a fala, tornando o melodrama não um drama da falha da voz, mas da vitória do vocal sobre o verbal, do triunfo da voz sobre o logos.

Palavras-chave

Voz. Melodrama. Cinema.

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Biografia do Autor

Felipe Ferro Rodrigues

Mestrando em História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, formado no Curso Superior do Audiovisual pela mesma instituição. Durante a graduação, realizou pesquisa de iniciação científica nos períodos de 2014-2015 e 2016-2017, ambas financiadas pelo CNPq, dedicadas ao estudo do melodrama televisivo. Trabalha também como técnico de som direto e editor de som em curtas e longas-metragens de ficção. Dedica-se à pesquisa dos melodramas audiovisuais e da voz no cinema.