A Corrente Materialista Histórica da Terapia Ocupacional: estudo de categorias e teorizações marxistas para a profissão/The Historical Materialism Current of Occupational Therapy: study of marxist categories and theories for the profession

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto50501

Palavras-chave:

Terapia Ocupacional, Marxismo, Capitalismo, Epistemologia.

Resumo

Introdução: O resgate da forma de pensamento e método críticos da Terapia Ocupacional, conhecida como Corrente Materialista Histórica da Terapia Ocupacional (CMHTO), advinda no Brasil nos idos de 1980, faz-se necessário ao debate franco que pretendemos contribuir sobre a perspectiva crítica da Terapia Ocupacional. Métodos: Estudo teórico sobre as obras nacionais centrais da discussão materialista histórica e dialética na Terapia Ocupacional. Objetivo: Apresentar as categorias fundamentais da CMHTO e parte da sua teorização no debate epistemológico da Terapia Ocupacional no Brasil.  Resultados:  O escopo epistemológico da Terapia Ocupacional, a finalidade e forma de intervenção profissional foram os objetos centrais do debate crítico da CMHTO a partir das obras de Karl Marx e Friedrich Engels sob as categorias trabalho, produção capitalista, mercadoria, alienação, hegemonia, ideologia, consciência de classe, práxis e luta de classes. A crise do papel profissional manifestou as contradições da profissão diante da incapacidade de responder às necessidades sociais e de saúde da classe trabalhadora. O método materialista histórico e dialético teorizado pela CMHTO, ainda que primário, aponta para a superação da abstração sobre a ocupação humana e o caráter funcionalista das práticas terapêuticas ocupacionais que sustentam a reprodução à ordem do capital. Conclusão: O debate crítico epistemológico da Terapia Ocupacional continua em aberto. A reconstrução da CMHTO responde ao chamado da nossa base profissional combativa à forma atual do capitalismo sob as novas e conhecidas questões e necessidades da classe trabalhadora.

Palavras-chave: Terapia Ocupacional. Marxismo. Capitalismo. Epistemologia. Brasil

 

Abstract

Introduction: The updating of the Occupational Therapy’s critical thinking and method, known as the Historical Materialism Current of Occupational Therapy (CMHTO), arising in Brazil in the 1980s, is necessary for the open debate that we intend to contribute to the critical perspective of Occupational Therapy. Methods: Theoretical study about historical and dialectical materialist discussion in brazilian Occupational Therapy. Objective: To present the fundamental categories of the CMHTO and part of its theorization in the epistemological debate of Occupational Therapy in Brazil. Results: The epistemological scope of Occupational Therapy, and the purpose and form of professional intervention were the central objects of the CMHTO debate from Karl Marx and Friedrich Engels under the categories work, capitalist production, commodity, alienation, hegemony, ideology, class consciousness, praxis and class struggle. The professional role crisis manifested the contradictions of the profession in the face of its inability to respond to the social and health needs of the working class. The historical and dialectical materialist method theorized by the CMHTO, although primary, point to the overcoming the abstraction about human occupation and the functionalist character of occupational therapy practices that sustain the reproduction to the capital. Conclusion: The critical epistemological debate in Occupational Therapy remains open. The reconstruction of brazilian CMHTO answers the call of our combative professional base to the current form of capitalism under the new and known social and health issues of the working class.

Keywords: Occupational Therapy. Marxism. Capitalism. Epistemology. Brazil

 

Resumen

Introdución: El rescate de las formas críticas de pensamiento y método de la Terapia Ocupacional, conocida como la Corriente Materialista e Histórica de la Terapia Ocupacional (CMHTO) brasileña en la década de 1980, es necesaria para el debate franco que pretendemos contribuir a la perspectiva crítica de la Terapia Ocupacional. Objetivos: Presentar las categorías fundamentales del CMHTO y parte de su teorización en el debate epistemológico de la Terapia Ocupacional brasileña Método: Estudio teórico sobre las obras centrales de la discusión materialista histórica y dialéctica en Terapia Ocupacional. Resultados: El alcance epistemológico de la Terapia Ocupacional así como la finalidad y la forma de la intervención profesional fueron los objetos centrales del debate de la CMHTO a partir de Karl Marx y Friedrich Engels bajo las categorías trabajo, producción capitalista, mercancía, alienación, hegemonía, ideología, conciencia de clase, praxis y lucha de clases. La crisis del papel profesional puso de manifiesto las contradicciones de la profesión ante su incapacidad de respuesta social y sanitaria para la clase trabajadora. El método materialista histórico y dialéctico teorizado por el CMHTO, aunque primario, apunta superar la abstracción sobre la ocupación humana y el carácter funcionalista de las prácticas profesionales que sustentan la reproducción de la orden del capital. Conclusión: El debate epistemológico crítico de la Terapia Ocupacional sigue abierto. La reconstrucción de la CMHTO brasileña responde al llamado de nuestra base profesional combativa a la forma actual del capitalismo bajo las nuevas y conocidas cuestiones sociales y de salud de la clase trabajadora. 

Palabras clave: Terapia Ocupacional. Marxismo. Capitalismo. Epistemología. Brasil

Biografia do Autor

Bruno Souza Bechara Maxta, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Graduação em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (2004). Mestrado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz (2007). Residência em Saúde da Família e Comunidade pela Universidade Federal de São Carlos (2009). Conselheiro Municipal de Saúde de Belo Horizonte (2016-2018). Membro da Comissão de Saúde Pública do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4a. Região (2016-atual). Doutorado em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz (2018-atual). Marxismo, Saúde Coletiva-Saúde do Trabalhador e Terapia Ocupacional. Estudos sobre a Saúde Operária.

Referências

Algado, S. S., Alejandro Guajardo Córdoba, Oliver, F. C., Galheigo, S. M., & García-Ruiz, S. (Orgs.). (2016). Terapias ocupacionales desde el sur: Derechos humanos, ciudadanía y participación (1o ed). Editorial Universidad de Santiago de Chile.

Barreiro, R. G., Borba, P. L. de O., & Malfitano, A. P. S. (2020). Revisitando o materialismo histórico em terapia ocupacional: O papel técnico, ético e político na contemporaneidade. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 28(4). https://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoRE1950.

Bezerra, W. C., & Trindade, R. L. P. (2013). A Terapia Ocupacional na sociedade capitalista e sua inserção profissional nas políticas sociais no

Brasil. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, 21(2), 429–437. https://doi.org/10.4322/cto.2013.045.

Cotrim, G., & Fernandes, M. (2016). Fundamentos de filosofia (4o ed). Saraiva.

Francisco, B. R. (1988). Terapia Ocupacional. Papirus.

Galheigo, S. M. (1990). Terapia ocupacional: A produção do conhecimento e o cotidiano da prática sob o poder disciplinar: Em busca de um depoimento coletivo [Dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Campinas].

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6o ed). Atlas.

Godoy-Vieira, A., Soares, C. B., & Cordeiro, L. (2020). Occupation and labour: Towards emancipatory practices. In H. van Bruggen, S. Kantartzis, N. Pollard, S. Venkatapuram, & E. Townsend, And a seed was planted: Occupation based approaches for social inclusion. (1o ed, Vol. 1). Whiting & Birch Ltd.

Gramsci, A. (1980). Maquiavel, a política e o estado moderno. Civilização Brasileira.

Gramsci, A. (1981). Concepção dialética da história. Civilização Brasileira.

Kielhofner, G. (2006). Fundamentos conceptuales de la terapia ocupacional. Médica Panamericana. Lima, T. C. S. de, & Mioto, R. C. T. (2007). Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: A pesquisa bibliográfica. Revista Katálysis, 10(spe), 37–45. https://doi.org/10.1590/S1414-49802007000300004.

Lopes, R. E. (1991). A formação do terapeuta ocupacional: O currículo: Histórico e proposta alternativas. [Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos].

Marx, K. (2009). Manuscritos econômico-filosóficos. Boitempo Editorial.

Marx, K. (2013). O capital: Crítica da economia política (Vol. 1). Boitempo.

Marx, K., & Engels, F. (2007). A ideologia alemã (1o ed). Boitempo.

Medeiros, M. H. da R. (2003). Terapia ocupacional: Um enfoque epistemológico e social. EdUFSCar Hucitec.

Nascimento, B. A. do. (1986). A “saúde” e a saúde [Impresso].

Netto, J. P. (2011). Introdução ao estudo do método de Marx. Expressão Popular.

Pinto, J. de M. (1990). As correntes metodológicas em terapia ocupacional no Estado de São Paulo (1970—1985) [Dissertação de mestrado. Universidade Federal de São Carlos].

Shimoguiri, A. F. D. T., & Costa-Rosa, A. da. (2017). Contribuições do materialismo histórico para a terapia ocupacional: Uma análise dialética do fazer e da generacidade humana. Rev. Interinst. Bras. Ter. Ocup., 1(5), 704–720.

Soares, L. B. T. (1991). Terapia ocupacional: Lógica do capital ou do trabalho?: retrospectiva histórica da profissão no Estado brasileiro de 1950 a 1980. Editora Hucitec.

Vásquez, A. S. (1977). Filosofia da práxis. Paz e Terra.

Downloads

Publicado

30-11-2022

Edição

Seção

Artigo Original