Mobilidade em tempos de reclusão: percursos narrativos de professores de LE durante a pandemia da covid-19

Autores

Palavras-chave:

Prática Exploratória. Narrativas docentes. Identidades. Ensino-aprendizagem. Língua inglesa.

Resumo

O presente trabalho visa a alcançar entendimentos acerca de como professores de língua inglesa constroem as suas identidades (Hall, 2003; Moita Lopes, 2003) por meio da narrativização de suas experiências profissionais. É especialmente interessante para essa investigação compreender como essas identidades são construídas durante as interações entre as participantes no período da pandemia, interações essas que ocorreram por meio de sessões reflexivas (Moraes Bezerra, 2007), nas quais o afeto não pode ser desvinculado do social (Moraes Bezerra, 2013). Viso ainda a entender como esses participantes agem discursivamente (Hall, 2003), através dos percursos narrativos de suas histórias. Essa investigação foi conduzida a partir de dados gerados em reuniões remotas entre professoras de inglês que atuam em instituições de ensino públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro. Essas reuniões ocorreram por videoconferência e foram gravadas, durante o período da pandemia, especificamente entre os meses de junho e julho de 2020. Três narrativas de três professoras foram alvos da presente investigação. Trata-se de uma pesquisa de cunho autoetnográfico (Denzin; Lincoln, 2002; Magalhães, 2018), na área da Linguística Aplicada (Rojo, 2006; Moita Lopes, 2006) e norteada pelos princípios da Prática Exploratória (Allwright, 2003). Minhas colegas de profissão e eu participamos desta investigação. O interesse na investigação em foco surgiu devido às minhas inquietações, como professora-pesquisadora, praticante exploratória e participante do contexto de pesquisa, relacionadas à minha própria experiência como professora de LE durante a pandemia. Para atingir os objetivos centrais desta investigação, as interações orais foram gravadas a fim de que eu pudesse entender como as participantes construíam as suas identidades (Moita Lopes, 2003; Hall, 2003; Woodward, 2003) e como estavam sendo afetadas como professoras de língua inglesa, através de suas narrativas de ensino de LE durante o período da pandemia. Por meio de Atividades Reflexivas com Potencial Exploratório (Moraes Bezerra, 2007), as participantes puderam problematizar experiências pedagógicas e outras práticas, refletindo sobre como eram afetadas e também afetavam outros agentes durante esse período crítico.

Referências

ALLWRIGHT, D. 2003. Exploratory Practice: Rethinking practitioner research in language teaching. Language teaching research. London: Arnold Publishers, v.7, nº 2, p. 113-141.

_____. 2015. Putting ‘understanding’ first in practitioner research. In: DIKILITAS, K.; SMITH, R.; TROTMAN, W. (eds.). Teacher-Researchers in Action. IATEFL. Research Special Interest Group, p.19-36.

ALLWRIGHT, D.; HANKS, J. 2009. General introduction: Learners, and what we think of them. In:______. The Developing Language Learner: An Introduction to Exploratory Practice. Basingstoke, England: Palgrave Macmillan, Cap.1, p.1-14.

_____. 2009. Going Beyond Experiments: Descriptive and Qualitative Classroom Research. In:______. The Developing Language Learner: An Introduction to Exploratory Practice. Basingstoke, England: Palgrave Macmillan. Cap.9, p.122-139.

ARNOLD, J. 2009. Affect in L2 Learning and Teaching. ELIA: Estudios de linguística inglesa aplicada. Spain: University of Seville, nº 9, p. 145-151.

BLOMMAERT, J.; DE FINA, A. 2017. Chronotopic identities: on the timespace organization of who we are. In: Diversity and Superdiversity: Sociocultural linguistic perspectives. Georgetown University Press, p.1-15.

BORBA, R. 2014. A linguagem importa? Sobre performance, performatividade e peregrinações conceituais. Cad. Pagu, n.43, p.441-474.

BRUNER, J. 1997. Ingresso no significado. In:______. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, p.65-88.

_____. 1991. The Narrative Construction of Reality. Critical Inquiry. The University of Chicago, nº 18, p.1-21.

BUTLER, J. 1999. Language, power and strategies of displacement. In:______. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of identity. Nova York, Routledge, p.33-44.

_____. 1990. Subjects of sex/gender/desire. In:______. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of identity. New York, Routledge, Chapman & Hall, p. 1-25.

CAMPOS, M. D.1999. SULear vs NORTEar: Representações e apropriações do espaço entre emoção, empiria e ideologia. Série Documenta EICOS, ano VI, n. 8. Cátedra UNESCO de Desenvolvimento Durável, Instituto de Psicologia, UFRJ, Rio de Janeiro, p. 41-70. Disponível em: http://www.sulear.com.br/texto03.pdf

CANAGARAJAH, S. 2009. Identidades subversivas, zonas pedagógicas de segurança e aprendizagem crítica. In: Em Aberto. Brasília. v.22, nº.81, p.113-134.

DE FINA, A. 2003. Identity in narrative: a discourse approach. In:______. Identity in narrative: A study of immigrant discourse. Amsterdam & Philadelphia: John Benjamins, p.11-26.

DE FINA, A. 2013. Narratives as practices: negotiating identities through storytelling. In: BARKHUIZEN, G (org.). Narrative Research in Applied Linguistics. United Kingdom: Cambridge University Press, p.154-175.

DE FINA, A; GEORGAKOPOULOU, A. 2012. Analyzing Narrative: Discourse and Sociolinguistic Perspectives. USA: Cambridge, p.125-154.

DENZIN, N.; LINCOLN, Y. 2002. Introduction. In:______. The Qualitative Inquiry Reader. USA: Sage Publications, p.12-15.

FABRÍCIO, B. F. 2006. Narrativização da experiência: o triunfo da ordem sobre o acaso. In: MAGALHÃES, I; CORACINI, M. J; GRIGOLETTO, M (org.). Práticas identitárias: língua e discurso. São Carlos: Claraluz, p.191-209.

_____. 2017. “Repetir-repetir até ficar diferente”: práticas descoloniais em um blog educacional. Cadernos de Linguagem e Sociedade. Universidade de Brasília, nº.18(2), p.9-26, 2017.

FAIRCLOUGH, N. 1995. Critical language awareness and self-identity in education. In: _____. Critical discourse analysis: the critical study of language. New York: Longman. Cap.9, p.219-232.

GARCEZ, P.M. 2001. Deixa eu te contar uma coisa: o trabalho sociológico do narrar na conversa cotidiana. In: RIBEIRO, B.T.; LIMA, C.; DANTAS, M.T.L. Narrativa, Identidade e Clínica. Rio de Janeiro: IPUB, p.189-213.

GEORGAKOPOULOU, A. 2007. From narrative/text to small stories/practices. In: _____. Small stories, Interaction and Identities. Philadelphia: John Benjamins Publishing. Cap.1, p.1-29.

GOFFMAN, E. 1981. Footing. In: _____. Forms of Talk. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. Cap.3, p.124-159.

HALL, S. 2003. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T.T (Org.).; HALL, S.; WOODWARD, K. Identidade e diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. 2º ed. Petrópolis: Vozes, p.103-133.

JÄRVINEN, M. 2004. Life Stories and the Perspective of the Present. Narrative Inquiry. Amsterdam: John Benjamins B. V. 14 (1), p.45-68.

KILOMBA, G. 2019. Quem pode falar? Falando no Centro, Descolonizando o conhecimento. In: _____. Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó. Cap.2, p.47-70.

LABOV, W. 1972. The transformation of Experience in Narrative Syntax. In: _____. Language in the inner city. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, p.354-396.

LINDE, C. 1993. Coherence Systems. In: _____. Life Stories: The Creation of Coherence. New York: Oxford University Press, p. 163-191.

_____. 1993. Methods and data for studying the life story. In: _____. Life Stories: The Creation of Coherence. New York: Oxford University Press, p.51-97.

_____. 1993. The creation of coherence in life stories: an overview. In: _____. Life Stories: The Creation of Coherence. New York: Oxford University Press, p.3-19.

MAGALHÃES, C. E. A. 2018. Autoetnografia em contexto pedagógico: entrevista e reunião como lócus de investigação. Veredas Temática: Autoetnografia em estudos da linguagem e áreas interdisciplinares. Juiz de Fora: UFJF. PPG Linguística, v. 22, nº 1, p.16-33.

MAKONI, S; PENNYCOOK, A. 2007. Disinventing and Reconstituting Languages. In: _____. Disinventing and Reconstituting Languages. Clevedon: Multilingual Matters. Cap.1, p.1-41.

MALDONADO-TORRES, N. 2007. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Org.). El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores. Pontificia Universidad Javeriana. Instituto Pensar/Universidad Central (IESCO- UC), p. 127 -167.

MIGNOLO, W. D. 2000. On Gnosis and the Imaginary of the Modern/Colonial World System. In: _____. Local histories/global designs: Coloniality, Subaltern Knowledges, and Border Thinking. New Jersey: Princeton University Press, p.3-45.

MILLER, I. K. 2010. Construindo parcerias universidade-escola: caminhos éticos e questões crítico-reflexivas. In: GIMÉNEZ, T.; MONTEIRO, M. C. G. (Eds.). Formação de Professores de Línguas na América Latina e Transformação Social. Campinas: Pontes, p. 109-129.

MILLER, I. K. et al. 2008. Prática Exploratória: Questões e desafios. In: GIL, G.; VIEIRA-ABRAHÃO, M. H. (Org.). Educação de Professores de Línguas: Os desafios do formador. Campinas: Pontes, p.145-165.

MILLER, I.K.; MORAES BEZERRA, I. C. R. 2004. Professor: um profissional em construção permanente. Mesa redonda. I Encontro do Fórum Permanente de Língua e Literatura Inglesa. Faculdade de Formação de Professores/UERJ, São Gonçalo, RJ, p.1-9.

MILLER, I.K.; MORAES BEZERRA, I. C. R. 2006. Professores de inglês envolvidos na socioconstrução discursiva de seus entendimentos: O espaço da Prática Exploratória. In: FIGUEIREDO, F.J. Q. (Org.). Anais do VI Seminário de Línguas Estrangeiras. Goiânia: UFG, p.258-268.

MOITA LOPES, L. P. 2006. Linguística Aplicada e vida contemporânea: Problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In:______. Por uma linguística aplicada interdisciplinar. São Paulo: Parábola. Cap. 3, p.85-105.

_____. 2003. Socioconstrucionismo: Discurso e Identidades Sociais. In: _____. (Org.). Discursos de Identidades: discurso como espaço de construção de gênero, sexualidade, raça, idade e profissão na escola e na família. Campinas: Mercado de Letras, p.13-38.

MORAES BEZERRA, I.C.R. 2013. Aprender e ensinar inglês: o que o afeto tem a ver com isso? SOLETRAS Revista. São Gonçalo, RJ: Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística (PPLIN). Departamento de Letras da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo, nº 25, p.256-281.

_____. 2007. Com quantos fios se tece uma reflexão? Narrativas e argumentações no tear da interação. Rio de Janeiro, 302 f. Tese de Doutorado. Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

NOBREGA, A. N.; MAGALHÃES, C. E. A. 2012. Narrativa e identidade: contribuições da avaliação no processo de (re-)construção identitária em sala de aula universitária. Veredas Atemática. Juiz de fora: UFJF, PPG/Linguística, v.16, nº 2, p.68-84.

NORRICK, N.R. 2020. The epistemics of narrative performance in conversation. In: Narrative Inquiry. John Benjamins: 30 (2), p.211-235.

PENNYCOOK, A. 1990. Towards a critical Applied Linguistics for the 1990s. In: Issues in Applied Linguistics. UCLA: vol.1, nº 1, p.8-28.

RAJAGOPALAN, K. 2003. Língua estrangeira e autoestima. In: ______. Por uma linguística crítica: Linguagem, Identidade e a questão ética. 1º ed. São Paulo: Parábola editorial. 5º reimpressão. Jul/2016, p.65-70.

_____. 2003. Linguística Aplicada: Perspectivas para uma Pedagogia Crítica. In: _____. Por uma linguística crítica: Linguagem, Identidade e a questão ética. 1º ed. São Paulo: Parábola editorial. 5º reimpressão. Jul/2016, p.105-114.

_____. 2003. Por uma linguística crítica. In: _____. Por uma linguística crítica: Linguagem, Identidade e a questão ética. 1º ed. São Paulo: Parábola editorial. 5ª reimpressão. Jul/2016, p.123-128.

RIBEIRO, B. T.; GARCEZ P. M. (Org.). 1999. Sociolingüística Interacional: antropologia, lingüística e sociologia em análise do discurso. Porto Alegre: AGE, 159pp, 1998. Resenha de: OSTERMANN, A. C. Review. D.E.L.T.A, v.15, nº 2, p.367-371.

RIESSMAN, C. K. 1993. Introduction: Locating Narrative. In: _____. Narrative Analysis: Qualitative research methods. USA: Sage Publications, p.1-24.

ROJO, R. H. R. 2006. Fazer Linguística Aplicada em perspectiva sócio-histórica: Privação sofrida e leveza de pensamento. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Por uma linguística aplicada interdisciplinar. São Paulo: Parábola. Cap. 11, p.253-275.

SACKS, H.; SCHEGLOFF, E. A.; JEFFERSON, G. 1974. A Simplest Systematics for the Organization of Turn-Talking for Conversation. In: _____. Language. Baltimore, v. 50, nº 4, p. 696-735.

SLIMANI-ROLLS, A.; KIELY, R. 2019. Foreword. In: _____. Exploratory Practice for Continuing Professional Development: An Innovative Approach for Language Teachers. Palgrave Macmillan, p.5-11.

WALSH, C. 2005. Introducción - (Re)pensamiento crítico y (de)colonialidad. In: _____. Pensamiento crítico y matriz (de)colonial: Reflexiones latinoamericanas. Quito: Ediciones Abya-yala, p. 13-35.

_____. 2013. Lo Pedagógico y Lo Decolonial. Entretejiendo caminos. In: _____. Pedagogías decoloniales: Prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. TOMO I. Quito, Ecuador: Abya Yala, p.23-68.

WOODWARD, K. 2003. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. In: SILVA, T.T (Org.).; HALL, S.; WOODWARD, K. Identidade e diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. 2º ed. Petrópolis: Vozes, p.7-72.

Downloads

Publicado

2021-12-27

Edição

Seção

Artigos