Quadros do extrativismo
um exerc´ício de leitura
Resumen
Mobilizados pela experiência da mineração no Estado de Minas Gerais, Brasil, propomos uma leitura dos quadros do extrativismo como composições materiais e semióticas fora do tempo cronológico a fim de expor os modos pelos quais a violência racial e colonial que não só afeta o local onde ocorre, mas também persiste, se repete e se espalha. Na companhia de formulações de Denise Ferreira da Silva, Elizabeth Povinelli, Donna Haraway, Gilles Deleuze, Judith Butler e Jacques Derrida nós propomos ler esses quadros como inscrições de padrões estilísticos difusos que indexam o acontecimento do extrativismo. Percorrendo a imaginação visual do trabalho de cientistas, artistas, poetas e moradores, a mineração deixa de ser um elemento do passado histórico, um simples resíduo colonial, mas é tratada como um operador constitutivo de práticas intermináveis de precarização induzida de mundos humanos e mais-que-humanos. Ao questionar o privilégio da sequência temporal, nós indicamos como os quadros expõem uma figuração monstruosa de uma malha material e máquinica co-implicada na tríade “capital, colonial e racial”, não apenas definindo quem é mais vulnerável aos efeitos deletérios da mineração, mas violando fantasias do geontopoder de dispor de montanhas, rios, águas e substâncias minerais como uma matéria inanimada, disponível para apropriação.
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