O ato imagético-performativo: como fazer coisas com imagens

Auteurs

Mots-clés :

ato imagético-performativo, performatividade imagética, indexicalidade, semiótica.

Résumé

Este artigo, de caráter embrionário e ensaístico, tem como objetivo pensar a fotografia sob uma ótica performativa. Em face a tal intuito, propõe-se uma analogia entre atos de fala (Austin, 1962/1990) e atos fotográficos. Estes últimos, aqui entendidos como enunciados imagéticos que fotograficamente criam aquilo que descrevem e, tal como os atos de fala, empreendem fazeres. Tais fazeres operam em três níveis: o locucionário, que corresponde ao enunciado imagético; o ilocucionário, que, por sua força, materializa o que narra; e o perlocucionário, que abarca os efeitos que tais atos produzem. O exercício comparativo-reflexivo idealizado estende-se à noção de performatividade (Butler, 1990/2007). Depois de esclarecer os principais construtos (performativo e performatividade) que embasam a fundamentação teórica, dar-se-á o entrelaçamento entre teorizações sobre fotografia e noções que alicerçam uma Linguística Aplicada que se propõe indisciplinar (Moita Lopes, 2006/2016). Logo, debruço-me sobre um texto midiático publicado pelo jornal Estado de São Paulo para ilustrar como fazemos coisas com imagens. Ao final, considero que essa aproximação performativa entre linguagem e imagem pode aportar ganhos político-epistemológicos para o campo de estudos da linguagem.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Biographie de l'auteur

Clarissa Rodrigues Gonzalez, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Clarissa Gonzalez

Pós-doutora pela UFRJ e doutora pela Universidad Complutense de Madrid

Références

ASSOULINE, P. 1999/2014. Henri Cartier-Bresson. O olhar do século. Porto Alegre: L&PM Pocket.

AUSTIN, J. L. 1962/1990. Quando dizer é fazer. Palavras e Ação. Porto Alegre: Artes Médicas.

BARTHES, R. 1984. A câmara clara: notas sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.

BAUMAN, R.; BRIGGS, C. 1990. Poetics and performance as critical perspectives on language and social life. American Review of Anthropology, v. 19, p. 59-88.

BAUMAN, R. & BRIGGS, C. 2003. Voices of modernity: language ideologies and the politics of inequality. Cambridge: CUP.

BRIGGS, C. Mediating infanticide: Theorizing relations between narratives and violence. Cultural Anthropology,Vol.22, Issue3, 2007, p.315–356.

BORBA, R. Linguística Queer: uma perspectiva pós-identitária para os estudos da linguagem. Entrelinhas (UNISINOS. Online), v. 9, 2015, p. 91-107.

BOURDIEU, P. Sobre a Televisão, a influência do jornalismo e os jogos olímpicos. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

BUTLER, J. 1990/2007. El género en disputa: el feminismo y la subversión de la identidad [Gender trouble: Feminism and the subversion of identity]. Barcelona: Editorial Paidós.

BUTLER, J. 1997/2004. Lenguage, poder e identidad [Excitable speech: a politics of the performative]. Madrid: Editorial Sintesís.

BUTLER, J. 2009/2010. Marcos de guerra: las vidas lloradas [Frames of war: when is life grievable?]. México DF: Editorial Paidós.

BUTLER, J. 2004/2006. Deshacer el género [Undoing gender]. Barcelona: Editorial Paidós.

CARR, E. S. &LEMPERT, M. 2016. Scale: discourse and dimensions of social life. Oakland: University of California Press.

CHAZAN, L. K. “Meio quilo de gente”: um estudo antropológico sobre ultrassom obstétrico. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2007.

DELEUZE, G. 1990. ¿Que és un dispositivo? In: DELEUZE, G. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa,

DERRIDA, J. 1972/1988 ‘Signature event context’. In: Limited inc. Evanston: Northwestern University Press.

DERRIDA, J. 1972/1991. Margens da filosofia. Campinas-SP: Papirus Editora.

DERRIDA, J. 1973. Gramatologia. São Paulo: Perspectiva.

DUBOIS, P. 1998. O ato fotográfico e outros ensaios. Campinas: Editora Papirus.

FONTCUBERTA, J. 2010. La cámara de Pandora. La fotografía después de la fotografía. Barcelona: Editorial Gustavo Gili.

FOUCAULT, M. 1969/2008. A Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

FOUCAULT, M. 1972/1984. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.

GONZALEZ, C. 2017. Foto-grafia: o caso Verônica Bolina e a ‘monstrualização’ semiótico-discursiva de performances de gênero não binárias em narrativas noticiosas. 104 f. Dissertação. Mestrado em Linguística Aplicada Interdisciplinar. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro.

GIRELLI, L. S. 2018. Mídia e clima político no Brasil: os discursos de ódio no pré-impeachment de Dilma Rousseff. Sinais, n. 22/2, p. 158-178.

GURAN, M. 1999. Linguagem fotográfica e informação. Rio de Janeiro: Editora Gama Filho.

HALL, S. 2003. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, MG: UFMG & Brasília: Representação da UNESCO no Brasil.

IRVINE, J. T. & GAL, S. 2000. Language ideology and linguistic differentiation. In: KROSKRITY, P. (Org.). Regimes of language. Ideologies, politics and identities. Santa Fe: School of American Research Presss.

KOSSOY, B. 2001. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial.

MEDINA, J. 2007. Linguagem: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre, Artmed.

MOITA LOPES, L. P. 2006/2016. Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola.

MOITA LOPES, L. P. 2013. Português no século XXI. Cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola.

MORETZSOHN, S. 2016. Ponto de vista: A bruxa na fogueira do Estadão, uma imagem e seus símbolos. Objethos, 05/05/2016.

PEIRCE, C. S. 1839-1914/2005. Semiótica. São Paulo: Perspectiva.

PINTO, J. P. 2013a. Prefigurações identitárias e hierarquias linguísticas na invenção do português. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). Português no século XXI: ideologias linguísticas. São Paulo: Parábola Editorial, p. 120-143.

PINTO, J. P. 2013b. ‘Performatividade’. Revista Cult, Edição 185, novembro

RICH, A. 1980/1996. Heterosexualidad obligatoria y existencia lesbiana. Duoda: Revista d’estudis feministes, no 10, p. 15-45

ROUILLÉ, A. 2009. A fotografia entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Editora Senac SP.

SAUSSURE, F. 1916/2012. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix.

SILVA, D.; FERREIRA, D. & ALENCAR, C. 2014. Nova pragmática: Modos de fazer. São Paulo, Cortez.

SILVERSTEIN, M & URBAN, G. 1996. Natural Histories of Discourse. Chicago: The University of Chicago Press.

SONTAG, S. 2003. Diante da dor dos outros. São Paulo: Companhia das Letras.

SOULAGES, F. 2010. Estética de la fotografía. Buenos Aires: La Marca editora.

SOUSA, J. P. 2000. Uma História crítica do fotojornalismo ocidental. Chapecó/SC: Editora Grifos.

VIANA, T. A. 2017. A primeira mulher presidente do Brasil. A construção da imagem de Dilma Rousseff pela revista Veja e o jornal Folha de S. Paulo. 87 f. Trabalho de conclusão de curso. Graduação em Jornalismo. Bauru: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

VIEIRA, P. R. 2018. Marcas narrativas da cultura do estupro no ciberespaço – análise da misoginia contra Dilma Rousseff. 109 f. Dissertação. Mestrado em Comunicação e Territorialidades. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo.

Téléchargements

Publiée

2020-11-18

Numéro

Rubrique

Artigos