Percepção dos Contadores e Tabeliães sobre as Propensões em Denunciar Irregularidades em suas Atividades Profissionais
DOI:
https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v0i0.51151Keywords:
whistleblowing, denúncia, COAF, contador, tabelião de cartório.Abstract
Mecanismos de denúncias para detecção de irregularidades tem sido cada vez mais utilizados e incentivados, tanto espontaneamente pelas organizações, quanto por exigência legal. As motivações que levariam um denunciante a reportar ainda são elementos pouco explorados pela literatura. No Brasil, os profissionais da contabilidade (setor público e privado) e tabeliães de cartórios são obrigados por lei a comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) suspeitas de irregularidades identificadas no exercício de suas atividades profissionais. A pesquisa investiga fatores que podem afetar a propensão desses profissionais a denunciar, levantando fatores que podem afetar essa decisão. Com base em dados primários coletados por meio de questionário eletrônico e análises econométricas, os resultados indicam que a retaliação, valor social, moral tributária, percepção de monitoramento e frequência das denúncias são fatores associados à propensão de denunciar. Entretanto, as percepções variam entre os profissionais analisados, sendo que entre os contadores públicos e privados apenas a variável moral tributária foi significativa e entre os contadores (públicos e privados) e os cartorários as variáveis retaliação, valor social, percepção de monitoramento e frequência das denúncias são fatores associados à propensão de denunciar Os resultados trazem implicações para a organização desse tipo de mecanismo, sugerindo que são necessários mais mecanismos de proteção e incentivos aos denunciantes, e os órgãos de controle beneficiados por essa informação devem realizar um processo de convencimento dos atores envolvidos quanto à relevância social dessa atividade, aspecto relevante sobretudo no Brasil devido às características culturais sobre a aceitação social de denúncias.
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