Poder Explicativo dos Múltiplos Fundamentalistas na Análise de Bancos Brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.21446/scg_ufrj.v0i0.29500Keywords:
Avaliação por múltiplos fundamentalistas, valuation, bancos, análise fundamentalista.Abstract
O estudo teve como objetivo identificar o poder explicativo dos múltiplos fundamentalistas na avaliação de instituições bancárias brasileiras. Além disso, buscou-se indicar os determinantes que influenciam os resultados estimados pelos múltiplos. Os múltiplos fundamentalistas analisados foram o preço/lucro (P/L), preço/valor contábil (P/B) e preço/lucro operacional (P/LO) e a amostra foi formada pelos bancos brasileiros com capital aberto no período de 2015 a 2019. Para avaliar o múltiplo com melhor poder preditivo foi considerado o Erro Percentual Absoluto Médio (MAPE) e para identificar os determinantes dos múltiplos realizou-se regressão múltipla com dados em painel considerando como possíveis determinantes a rentabilidade sobre o patrimônio líquido, risco do negócio, tamanho da empresa, seu crescimento, controle de propriedade, retorno médio das operações de crédito e índice de eficiência operacional. Os resultados indicaram que o múltiplo P/L tem melhor poder preditivo sobre o valor dos bancos brasileiros. Esse resultado pode ser explicado pela natureza das operações dos bancos, já que estes detêm maior volume de ativos e passivos financeiros, enquanto que as empresas, em geral, dispõem de alta imobilização dos ativos e depreciação. Sobre os determinantes do múltiplo P/L, o retorno médio das operações de crédito apresentou relação positiva com o P/L, enquanto que o ROE não se mostrou um bom indicador para analisar instituições bancárias. O risco do negócio, crescimento, tamanho e a eficiência da firma também relacionaram-se positivamente com o P/L. Além disso, os resultados demonstram que os bancos públicos tendem a apresentar múltiplos maiores que os bancos privados. Este trabalho contribui com a literatura sobre múltiplos para o valuation de bancos brasileiros, que é bastante exígua no Brasil, e por analisar variáveis específicas do setor como determinantes do P/L.References
ALFORD, A. W. The effect of the set of comparable firms on the accuracy of the price-earnings valuation method. Journal of Accounting Research, v. 30, n. 1, p. 94-108, 1992. Doi: https://doi.org/10.2307/2491093
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN). Relatório de Estabilidade Financeira, v. 18, n. 2, p. 1-98, 2019. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/content/publicacoes/ref/201910/RELESTAB201910-refPub.pdf>. Acesso em: 17 abril 2020.
BHOJRAJ, S.; LEE, C. M. C. Who is my peer? A valuation‐based approach to the selection of comparable firms. Journal of Accounting Research, v. 40, n. 2, p. 407-439, 2002. Doi: https://doi.org/10.1111/1475-679X.00054
BRANCH, B.; SHARMA, A.; GALE, B.; CHICHIRAU, C.; PROY, J.; A Price to Book Model of Stock Prices. Disponível em https://www.westga.edu/~bquest, 2001.
BRASIL, BOLSA, BALCÃO (B3). Ibovespa. Disponível em: <http://www.b3.com.br/
pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-amplos/ibovespa.htm> Acesso em: 06 maio 2019.
CALOMIRIS, C.; NISSIM, D. Crisis-related shifts in the market valuation of banking activities. Journal of Financial Intermediation, v. 23, p. 400–435, 2014.
CHENG, C. S. A.; MCNAMARA, R. The valuation accuracy of the price-earnings and price-book benchmark valuation methods. Review of Quantitative Finance and Accounting, v. 15, n. 4, p. 349-370, 2000. Doi: https://doi.org/10.1023/A:1012050524545
COUTO JUNIOR, C. G.; GALDI, F. C. Avaliação de empresas por múltiplos aplicados em empresas agrupadas com análise de cluster. RAM – Revista de Administração Mackenzie, v. 13, n. 5, p. 135-170, 2012. Disponível em: <http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/RAM/article/view/3590/3728>. Acesso em: 13 mar. 2019.
DAMODARAN, A. Growth and Value: Past growth, predicted growth and fundamental growth. Sterm School of Business, 2008. Disponível em: <https://ssrn.com/abstract=1162883>. Acesso em: 13 mar. 2019.
DAMODARAN, A. Avaliação de empresas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
DEMIRAKOS, E. G.; STRONG, N. C.; WALKER, M. What valuation models do analysts use? Accounting Horizons, v. 18, n. 4, p. 221-240, 2004. Doi: https://doi.org/10.2308/acch.2004.18.4.221
FAMA, E. F. Efficient capital markets: a review of theory and empirical work. The Journal of Finance, v. 25, n. 2, p. 383-417, 1970.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Sistema de Contas Nacionais Trimestrais – SCNT. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados.html?view=municipio> Acesso em: 20 abril 2020.
IRINA, I.; ALEXANDER, P.; IVAN, K. Adjustments to Market Multiples–Based Valuation in Emerging Markets: Empirical Study for Russia. Working paper, Corporate Finance Center, Higher School of Economics, Moscow, Russia, 2007.
KIM, M.; RITTER, J. R. Valuing IPOs. Journal of financial economics, v. 53, n. 3, p. 409-437, 1999. Doi: https://doi.org/10.1016/S0304-405X(99)00027-6
KOLLER, T. What is value-based management? In: COPELAND, T.; KOLLER, T.; MURRIN, J. Valuation – measuring and managing the value of companies. 2. ed. New York: McKinsey & Company, 1994. p. 87-101.
KOLLER, T., GOEDHART, M.; WESSELS, D. (2010). Valuation: measuring and managing the value of companies. McKinsey & Company, 2010.
LEMES JÚNIOR, A. B., RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração Financeira: Princípios, fundamentos e práticas brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
LIE, E.; LIE, H. J. Multiples used to estimate corporate value. Financial Analysts Journal, v. 58, n. 2, p. 44-54, 2002. Doi: https://doi.org/10.2469/faj.v58.n2.2522
LIU, J.; NISSIM, D.; THOMAS, J. Equity valuation using multiples. Journal of Accounting Research, v. 40, n. 1, p. 135-172, 2002. Doi: https://doi.org/10.1111/1475-679X.00042
MACEY, J.; O’HARA, M. The corporate governance of banks. Economic Policy Review, v. 9, p. 91–107, 2003.
MALTA, T. L; CAMARGOS, M. A. Variáveis da análise fundamentalista e dinâmica e o retorno acionário de empresas brasileiras entre 2007 e 2014. Revista de Gestão da USP– REGE, v, 23, p. 52-62, 2016.
MARTINEZ, A. L. Buscando o valor intrínseco de uma empresa: revisão das metodologias para avaliação dos negócios. In: Encontro da ANPAD, v. 23, 1999, Foz de Iguaçu. Anais ... ENANPAD, 1999. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/330824741_BUSCANDO_O_VALOR_INTRINSECO_DE_UMA_EMPRESA_REVISAO_DAS_METODOLOGIAS_PARA_AVALIACAO_DE_NEGOCIOS>. Acesso em: 15 julho 2019.
MARTINS, G. A.; THEÓPHILO, C. N. Metodologia da investigação científica para ciências sociais aplicadas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MATIAS, A. B. Insucesso de grandes bancos privados brasileiros de varejo. (Tese de livre-docência), Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, 1999.
MICCO, A.; PANIZZA, U. Bank ownership and lending behavior. Economics Letters, v. 93, n. 2, p. 248-254, 2006.
MOHANRAM, P; SAIY, S.; VYAS, D. Fundamental analysis of banks: the use of financial statement information to screen winners from losers. Review of Accounting Studies, v. 23. P. 200-233, 2018. DOI 10.1007/s11142-017-9430-2
PAZARZI, G. Comparison of the Residual Income and the Pricing–Multiples Equity Valuation Models. International Journal of Economics & Business Administration (IJEBA), v. 2, n. 3, p. 88-114, 2014.
PENMAN, S. Análise de demonstrações financeiras e security valuation. 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
PESSOA, F. M. C.; CORONEL, D. A.; LIMA, J. E. Previsão de arrecadação de ICMS para o estado de Minas Gerais: uma comparação entre modelos Arima e Arfima. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 9, n. 2, 2013.
PURNANANDAM, A. K.; SWAMINATHAN, B. Are IPOs really underpriced? The Review of Financial Studies, v. 17, n. 3, p. 811-848, 2004. Doi: https://doi.org/10.1093/rfs/hhg055
SALIBA, R. V. Aplicação de modelos de avaliação por múltiplos no Brasil. Revista Brasileira de Finanças, v. 6, n. 1, p. 13-47, 2008.
SEHGAL, S.; PANDEY, A. Equity valuation using price multiples: a comparative study for BRICKS. Asian Journal of Finance & Accounting, v. 2, n. 1, p. 68, 2010.
SERRA, R. G.; FÁVERO, L. P. L. Multiples? Valuation: The Selection of Cross-Border Comparable Firms. Emerging Markets Finance and Trade, v. 54, p. 1-20, 2017. Doi: https://doi.org/10.1080/1540496X.2017.1336084
SERRA, R. G.; SAITO, A. T. Determinantes do P/B, setor regulado e estratégias de investimento. Revista de Administração FACES Journal, v. 15, n. 1, 2016.
SILVA, A. O.; DANTAS, J. A. Impacto da Política de Dividendos no Valor de Mercado das Instituições Financeiras no Brasil. Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, v. 5, n. 4, p. 43-63, 2015. Doi: http://dx.doi.org/10.18028/2238-5320/rgfc.v5n4p43-63
SOUTES, D. O.; SCHVIRCK, E.; MARTINS, E.; MACHADO, M. R. C. Métodos de avaliação utilizados pelos profissionais de investimento. Revista Contabilidade, Gestão e Governança, v. 11, n. 1-2, p. 1-17, 2009.
SUOZZO, P.; COOPER, S.; SUTHERLAND, G.; DENG, Z. Valuation multiples: A primer. UBS Warburg: Valuation and Accounting, p. 1-47, nov. 2001.
TASKER, S. C. Industry preferred multiples in acquisition valuation. Working paper, Cornell University, 1998.
UTSCH, D. D. Múltiplos de mercado: fatores determinantes. 2019. 124 f. Dissertação (Mestrado em Finanças e Economia de Empresas) - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2019.
ZHANG, G.; CHEN, P. How do accounting variables explain stock price movements? Theory and evidence. Journal of Accounting and Economics, v. 43, n. 2, p. 219–244, 2007.
Downloads
Additional Files
Published
Issue
Section
License
COPYRIGHT: The author retains, without restrictions, the rights to his work.
REUSE RIGHTS: The SCG Journal adopts the Creative Commons License, CC BY-NC, non-commercial attribution according to the Open Access Policy to knowledge adopted by the UFRJ Journal Portal. With this license it is allowed to access, download, copy, print, share, reuse, and distribute the articles, as long as it is for non-commercial use and with the citation of the source, giving due credit of authorship and mentioning the SCG Journal. In such cases, no permission is required from the authors or publishers.
AUTHORS' DEPOSIT RIGHTS/SELF ARCHIVING: Authors are encouraged to archive the published version with the link to their article in the SCG Journal in institutional repositories.