A pele do Leviatã e a geopolítica do vírus: a noosfera como território político dos afetos
Palabras clave:
Noosfera, Leviatã, Covid-19, GeopolíticaResumen
A pandemia trazida pela Covid-19 afetou as relações internacionais e intensificou dinâmicas que já estavam em curso, no mínimo, desde a crise global de 2008. Diz-se que a geopolítica, incorporando as noções entre poder e território, marca o período atual, sob a pecha de uma nova Guerra Fria entre EUA e China. Porém, empregar a geopolítica ainda sob a perspectiva através da qual emerge, ao fim do século XIX, revela-se um flagrante anacronismo incapaz de dar conta das complexidades que se apresentam. Sendo assim, este artigo aborda o problema de perscrutar a diferença apresentada pela política internacional durante a crise da Covid-19. Objetiva-se indicar políticas que norteiam a dinâmica internacional, criando as condições para se construir o amanhã da pandemia. A hipótese central que atravessará as páginas seguir situa-se na concepção de que, em uma geopolítica do vírus, embora a Covid-19 seja engendrada pelos interesses dos atores internacionais, a disputa de poder ocorre através de outro “território” denominado noosfera. Em uma análise qualitativa, por meio de revisão bibliográfica, situa-se o surgimento da geopolítica e como ela se insere na dinâmica política global; explica-se o conceito de Império, como esboçado por Negri e Hardt e, ante às limitações dessa abordagem, apresenta-se o conceito de noosfera e seus desdobramentos políticos, a partir das obras de Deleuze.
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