A pele do Leviatã e a geopolítica do vírus: a noosfera como território político dos afetos

Autores

  • Bruno de Seixas Carvalho Escola de Guerra Naval -EGN
  • Marcelo M. Valença Escola de Guerra Naval (EGN)

Palavras-chave:

Noosfera, Leviatã, Covid-19, Geopolítica

Resumo

A pandemia trazida pela Covid-19 afetou as relações internacionais e intensificou dinâmicas que já estavam em curso, no mínimo, desde a crise global de 2008. Diz-se que a geopolítica, incorporando as noções entre poder e território, marca o período atual, sob a pecha de uma nova Guerra Fria entre EUA e China. Porém, empregar a geopolítica ainda sob a perspectiva através da qual emerge, ao fim do século XIX, revela-se um flagrante anacronismo incapaz de dar conta das complexidades que se apresentam. Sendo assim, este artigo aborda o problema de perscrutar a diferença apresentada pela política internacional durante a crise da Covid-19. Objetiva-se indicar políticas que norteiam a dinâmica internacional, criando as condições para se construir o amanhã da pandemia. A hipótese central que atravessará as páginas seguir situa-se na concepção de que, em uma geopolítica do vírus, embora a Covid-19 seja engendrada pelos interesses dos atores internacionais, a disputa de poder ocorre através de outro “território” denominado noosfera. Em uma análise qualitativa, por meio de revisão bibliográfica, situa-se o surgimento da geopolítica e como ela se insere na dinâmica política global; explica-se o conceito de Império, como esboçado por Negri e Hardt e, ante às limitações dessa abordagem, apresenta-se o conceito de noosfera e seus desdobramentos políticos, a partir das obras de Deleuze.

Biografia do Autor

Bruno de Seixas Carvalho, Escola de Guerra Naval -EGN

Professor e pesquisador da Escola de Guerra Naval - EGN.

Referências

ALMEIDA, Francisco Eduardo Alves de. Os Gigantes da Estratégia Naval: Alfred Thayer Mahan e Herbert William Richmond. Curitiba: Editora Prismas, 2015.

ARQUILLA, John; RONFELT, David. The Emergence of Noopolitik: Toward an American Information Strategy. Santa Mônica: RAND corporations, 2001.

ARQUILLA, John; RONFELT, David. The continuing promising of noopolitik: Twenty Years After, 2018. Disponível em https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3259425

AXELROD, Robert. Conflict of Interest: an axiomatic approach. The Journal of Conflict Resolution, Vol 11, No. 1, 1967, p. 87-99.

BARKAWI, Tarak; LAFFEY, Mark. Retrieving the Imperial: Empire and International Relations. Millennium: journal of International Studies. Vol 31, No. 1, pp. 109-127, 2002.

CHARDIN, Pierre Telilhard. The future of Man. Londres:Image Books, 1945.

COHEN, Saul B. The Geography of International Relations. Nova Iorque: Roman&Littlefield, 2015.

COSTA, Wanderley M. Geografia Política e Geopolítica: discursos sobre território e poder. São Paulo: HUCITE, 1992.

DAMÁSIO, Antonio. Self comes to Mind: Constructing the Conscious Brain. Londres: Vintage, 2012.

DELEUZE, Gilles. Diferença e Repetição. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.

DELEUZE, Gilles. Nietzsche. Lisboa: Edições 70, 2016.

DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34, 2012.

DELEUZE, Gilles. Cinéma 2: L’ Image-Temps. Paris: Les éditions de minuit, 2012.

DONNELY, Jack: Realism and International Relations. Cambridge: Cambridge University Press, 2000,

FREEDMAN, Lawrence. Strategy: a History. Londres: Oxford University Press, 2013.

GUATARRI, Felix. Caosmose: um novo paradigma estético. São Paulo: editora 34, 2012.

HERWIG, Holger H. The Demon of Geopolitics: How Karl Haushofer “Educated” Hitler and Hess. Londres: Rowmann&Litteflied, 2016.

KAPLAN, Robert. A vingança da geografia. A construção do mundo geopolítico a partir da perspectiva geográfica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

LACOSTE, Yves. La Géographie, la geopolitique et le raisonnment géographique. Herodote, no. 146-147, 2012, p. 14-44.

LAPOUJADE, David. Deleuze, os movimentos aberrantes.São Paulo: n-1 edições, 2015.

LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos: Ensaios de Antropologia Simétrica. São Paulo: Editora 34, 2013.

MACKINDER, H.J. The Geographical Pivot of History. The Geographical Journal. No. 04, vol. XXIII, abril, 1904.

MAHAN, Alfred Thayer. The Influence of Sea Power Upon History (1660 to 1783) Nova Iorque: Dover, 1987 [1890].

MORGENTHAU, Hans J. Politics Among Nations: The Struggle for Power and Peace, Nova Iorque: Alfred A. Knopf, 1948.

NEGRI, Antonio; HARDT, Michael. Empire. Cambridge: Havard University press, 2000.

SERRES, Michel. Le Cincq Sense: philosophie des corps mêlés -1. Paris: Grasset, 1985

SLOAN, Geoffrey; GRAY, Colin. Geopolitics, Geography and Strategy. Londres: Routledge, 2005.

TAMPIO, Nicholas. Assemblages and the Multitude: Deleuze, Hardt, Negri and the Postmodern Left. European Journal of Political Theory. Vol 8 (3), 2009, p. 383- 400.

POSEN, Barry. The Security Dilemma and ethnic conflict. Survival: Global Politics and Strategy. Londres.No.35, volume 1, p. 27-47, 1993.

TILL, Geoffrey. Sea Power: A guide for the Twenty-First Century. Londres: Routledge, 2018.

TRAVASSOS, Mário. Projeção Continental do Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1947

VERNADSKY, Wladmir. The Biosphere and the Noosphere. American Scientist. Vol. 33 no. 1. 1945, p. 1-14.

VERNADSKY, Wladimir. The Biosphere. Nova Iorque: Springer Science+Business Media, 1998.

WALTZ, Kenneth N. Theory of International Politics. Illinois: Waveland Press, 2010.

WRIGHT, Ben c. Mrs. X and Containment. Slavic Review. Vol 35, No.1, março, Cambridge 1976.

Downloads

Publicado

2021-01-29

Edição

Seção

Artigos