Era uma vez em 1934 - Milton Ohata
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v11i16.11191Resumo
Quando estreou na literatura com Três mulheres de três PPPês, em 1977, ocrítico Paulo Emilio Sales Gomes era um nome mais que consolidado na
área de cinema, dentro e fora do Brasil. As três novelinhas surpreenderam
até mesmo seus amigos mais chegados, como foi o caso de Antonio
Candido, que algum tempo depois saudou a “modernidade serena e corrosiva” do livro, vertida “numa prosa quase clássica, translúcida e irônica,
com certa libertinagem de tom que faz pensar em ficcionistas franceses do
século XVIII”. Para ele, no momento em que a literatura brasileira atingia
uma boa média em qualidade técnica, fazendo surgir dúvidas “sobre os
limites da inovação que vai se tornando rotineira e resiste menos ao tempo”, o melhor parecia vir de autores de fora do meio, que estrearam tardiamente com uma segurança artística extraordinária, como o próprio Paulo
Emilio, o Pedro Nava das Memórias e o Darcy Ribeiro de Maíra. Na ocasião, outro crítico notou -- num longo ensaio analítico -- que se tratava
simplesmente da nossa melhor prosa desde Guimarães Rosa, “por força da
coerência de seu trabalho artístico”. Paulo Emilio não chegou a ver essas
primeiras recepções do livro pois faleceu precocemente alguns meses após
a sua publicação, deixando uma obra fundamental de crítica só reunida postumamente pelos seus discípulos, sem falar no muito que ainda estava por
conceber e redigir. Agora se vê que Três Mulheres de três PPPês não era uma
experimentação avulsa e que a vertente literária estava ganhando um espa-
ço maior nos planos futuros de Paulo Emilio.
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Publicado
2017-07-04
Edição
Seção
Artigos
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