As máscaras de si: performances do autor em Jean-Benoît Puech

Autores

  • Rodrigo Ielpo UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v24i43.31627

Palavras-chave:

Puech, performance, autoria, máscara

Resumo

Em “Os problemas da autobiografia em Rousseau”, Jean Starobinski explica que a linguagem funcionaria para o autor das Confissões de duas maneiras: seria tanto a instância de uma experiência imediata através da qual o ser se criaria, quanto uma mediação entre interior e exterior, atuando como “dar-a-ver” de uma verdade profunda – porém transparente - do sujeito. A autenticidade do relato surgiria no ato da sincera espontaneidade com que o autor se entregaria ao lance da escrita. No que pese a importância desse aspecto para a produção autobiográfica do século XIX, vemos, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, certo grupo de textos que parecem inaugurar outro regime de sinceridade. Neste, a autenticidade passaria a orbitar ao redor de uma exterioridade produtiva na qual o sujeito parece se ver, desde o início, não mais a auscultar suas profundezas, mas a performar suas superfícies por meio de narrativas que ao mesmo tempo em que o despossuem se oferecem como chave de reinvenção. É essa experiência que vemos encenada pela obra de Jean-Benoît Puech. Misturando análises de livros imaginários e autores inexistentes que não cessam de flertar com biografemas do próprio Puech, La bibliothèque d’un amateur pode ser pensado como um interessante exemplo dessa problemática. No regime de sinceridade em que esse texto se inscreve não haveria mais uma distância possível entre as máscaras e o próprio autor que as porta. Este passaria, então, a performar por essa via seus possíveis aparecimentos através dos quais se dá a ler a si próprio.

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Publicado

2020-04-30