FRIEDRICH SCHLEGEL E NOVALIS: POESIA E FILOSOFIA

Autores

  • Márcio Seligmann-Silva UNICAMP

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v8i10.37822

Palavras-chave:

Novalis, Friedrich Schlegel, Poesia e Filosofia.

Resumo

O artigo apresenta a teoria do
conhecimento de Friedrich Schlegel e
Novalis a partir de duas questões princi-
pais: a) a relação entre a poesia e a filo-
sofia, que funciona nestes autores no sen-
tido da desconstrução de uma polarida-
de fixa entre a linguagem poética e a pro-
sa como linguagem de “representação”
(neste ponto a filosofia é definida como
ação infinita, onde a solução do “pro-
blema” é a própria atividade filosófica);
b) a relação estruturante entre a lingua-
gem e o estilo (já que não existe separa-
ção possível entre linguagem e mundo,
e que a filosofia não visa descobrir nada,
o pensamento sai do registro do descri-
tivo e se torna “pôr” ativo, onde a
infinitude da filosofia é uma resposta à
infinitude do movimento da Setzung, do
pôr, da reflexão). A filosofia não se ca-
racteriza por um movimento retilíneo –
de gradual esclarecimento do mundo –,
mas sim por um percurso cíclico, sendo
que as “curvas”, Winkel, do pensamento
expressam justamente o seu caráter arbi-
trário. A filosofia é vista como uma Trieb,
pulsão, insaciável, como um ir e vir
(Schweben) entre certezas e ceticismos,
autogeração e autodestruição, compre-
ensão e incompreensão. O acento na lin-
guagem – e na sua capacidade de
Darstellung e não na de representação –
corresponde a uma valorização do pen-
sador como “gênio” (assim como o poe-
ta, para Kant) e da imaginação, em de-
trimento do acento iluminista no enten-
dimento. O poeta é tomado para Novalis
como um objetivo que todos devem atin-
gir; daí ele poder falar de “graus do poe-
ta” e negar que haja uma separação entre
o poeta e o pensador.

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Publicado

2020-08-27