Uma cooperativa de hiatos?
Poesia e organização em uma cidade-mercadoria (Rio de Janeiro, 2013–2023)
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v29i57.65698Palavras-chave:
Palavras-chave: poesia contemporânea brasileira; sociologia da literatura; organização direito à cidadeResumo
No período que corre a partir do anúncio do Rio de Janeiro como cidade-sede das Olimpíadas, final de 2009, um território urbano foi convertido em laboratório de uma série de reconfigurações nas dinâmicas de extração e nos modos de acumulação do capital: a expansão da fronteira imobiliária, os conflitos territoriais, o aumento do custo de vida, o investimento nas retóricas especulativas de revitalização e pacificação. A primeira metade da década de 2010, marcada por um discurso oficial de euforia com megaeventos e por uma paisagem de megaobras, coincidiu também com as manifestações de 2013, ligadas ao direito à cidade e à mobilidade. Nos anos seguintes, a derrocada da narrativa do legado Olímpico foi acompanhada pelo sucateamento dos aparelhos públicos e pela falência declarada do estado do Rio de Janeiro. As notas aqui apresentadas tentam pensar esse diagrama em interseção com a proposta do dossiê de pensar a produção cooperativa de poesia, percorrendo alguns poemas da década, considerando suas geografias, seus modos de enunciação e suas relações materiais de produção, em meio ao surgimento de coletivos editoriais e indícios de encontros em busca de uma outra organização da vida em comum, em oposição às diretrizes do urbanismo e à precarização das condições de vida.
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