Escrever o luto, hospedar a íntima ruína
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v29i59.67056Palavras-chave:
Escrita, luto, íntimo, psicanáliseResumo
A radicalidade da morte, o “nunca mais” que a acompanha, inaugura no enlutado um estrangeirismo próprio daqueles que sofrem uma ruptura. A escrita, se aproximada da noção de hospitalidade absoluta proposta por Jacques Derrida (1996), é pensada enquanto capaz de ofertar a este estrangeiro/enlutado um abrigo, sem, no entanto, cobrar-lhe uma suposta inteligibilidade, um nome. Assim, através de escritas do luto que compõe o campo literário, investiga-se como a escrita cede lugar para que o enlutado possa rasurar, ressuscitar e recriar palavras, diante de um estranhamento vivenciado em quatro frentes: no corpo, no externo, no tempo e na linguagem. Em primeira e última instância, eleva-se a escrita à condição de hospedeira da mais íntima ruína: a perda de um objeto de amor.
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