Questões de intimidade

lirismo sereísta em Ana C.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55702/3m.v29i59.67071

Palavras-chave:

lirismo sereísta;, intimidade, narrar, cantar

Resumo

O presente artigo pretende desenvolver a noção de “lirismo sereísta”, termo tomado de empréstimo de Lu Menezes — “feminismo sereísta” —, para ler no contemporâneo a poesia de Ana C. que seria marcada pela angústia entre o desejo de sinceridade e o medo de “afrontar” esse desejo de comunicar, de narrar uma intimidade. Assim, a partir da leitura de três poemas de Ana C. e do desejo suspirado — “quero tanto os seios da sereia” —, em consonância também com o trabalho poético de Adília Lopes e Tamara Kamenszain, de questões desenvolvidas por Anne Carson e por Adriana Cavarero e de Hélène Cixous, iremos tentar refletir sobre a possibilidade ainda de cantar e contar pela articulação do corpo e da escrita.

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Biografia do Autor

Masé Lemos, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Professora associada da Escola de Letras da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Pesquisa a poesia contemporânea, desenvolvendo estudos acerca das relações entre tradução e escrita, lirismos e feminismos e tem diversos artigos publicados sobre o tema. Organizou com Viviana Bosi e Ida Alves o dossiê temático (des)figurações do feminino na poesia contemporânea da Revista Texto Poético em 2024.

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Publicado

2025-12-01