Questões de intimidade
lirismo sereísta em Ana C.
DOI:
https://doi.org/10.55702/3m.v29i59.67071Palavras-chave:
lirismo sereísta;, intimidade, narrar, cantarResumo
O presente artigo pretende desenvolver a noção de “lirismo sereísta”, termo tomado de empréstimo de Lu Menezes — “feminismo sereísta” —, para ler no contemporâneo a poesia de Ana C. que seria marcada pela angústia entre o desejo de sinceridade e o medo de “afrontar” esse desejo de comunicar, de narrar uma intimidade. Assim, a partir da leitura de três poemas de Ana C. e do desejo suspirado — “quero tanto os seios da sereia” —, em consonância também com o trabalho poético de Adília Lopes e Tamara Kamenszain, de questões desenvolvidas por Anne Carson e por Adriana Cavarero e de Hélène Cixous, iremos tentar refletir sobre a possibilidade ainda de cantar e contar pela articulação do corpo e da escrita.
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