Fabulações do tempo em uma tragédia exuzíaca.
DOI:
https://doi.org/10.47661/afcl.v15i30.54090Palavras-chave:
Mito. Dioniso. Eṣù. Tempo. Hibridismo.Resumo
O objetivo aqui é apresentar algumas fabulações do tempo na tragédia Penteu, de Fernando Santoro, destacando o diálogo com o outro, a recepção e o hibridismo de épocas e culturas. Em um primeiro momento, será discutida a composição anacrônica da própria obra – o desafio de escrever no presente o que se perdeu no passado – a partir do único fragmento encontrado da tragédia homônima de Ésquilo. Trata-se do verso citado por Galeno: Nenhuma gota de sangue caísse sobre o solo”. Em seguida, a reflexão acerca do tempo da memória e da repetição, bem marcado no prólogo, e a releitura do ewè “Eṣù acerta um pássaro ontem com a pedra lançada hoje”, aparentemente sem sentido, mas extremamente decisivo para compreensão de questões de caráter ético, político e existencial. Tais dimensões temporais sugerem uma interpretação ética, isto é, um modo próprio de viver e agir consoante a orientação de sabedorias ancestrais.
Referências
BRANDÃO, J. S. “Dioniso ou Baco: o deus do êxtase e do entusiasmo”. In: Mitologia Grega. 4. ed. V. II. Petrópolis: Vozes, 1991.
HEIDEGGER, M. “Ciência e pensamento do sentido”. Trad. de Emmanuel Carneiro Leão. In:______. Ensaios e conferências. Petrópolis: Vozes, 2002.
MANTÍA, F. De sangue e vinho: as Bacchae de Soyinka como exemplo de teatro sincrético, circular e multidimensional. Trad. de Luisa Buarque. Revista Anais de Filosofia Clássica, v. 13, n. 26, p.42-56, 2019.
NOVARINA, V. Diante da palavra. Trad. de Amgela Leite Lopes. Rio de Janeiro: 7Letras, 2003.
OTTO, W. Teofania. Trad. de Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysseus, 2006.
Santoro, F. “Sobre a recepção antropofágica de uma tragédia perdida”. Revista de Estudos Clássicos, Rio de Janeiro, vol. 8, n. 2, 2020, p. 92-138.
Soyinka, W. The Bacchae. London-New York: Norton & Company, 2004.
Vernant, J.P. “Aspectos míticos da memória”. In: Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia histórica. Trad. de Haiganuch Sarian. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.