Edições anteriores

  • Pagode à beira do rio, que reflete o azul do céu

    Filosofia Clássica Chinesa
    v. 17 n. 33 (2023)

    O panorama planetário contemporâneo, apesar das flutuações na dinâmica internacional, inclina-se predominantemente para a globalização. No entanto, a suposição de que essa trajetória possa ser encapsulada em um modelo singular é controversa. O ambiente atual revela várias partes interessadas competindo para moldar as estruturas regionais e globais de interação. A reflexão sobre diretrizes para essas interações é fundamental, pois sua ausência pode resultar em discórdia, colocando em risco conquistas coletivas da humanidade. Os recentes acontecimentos políticos destacam de forma inequívoca as diferenças gritantes que surgem quando indivíduos ou grupos, baseados em valores fundamentais distintos, navegam pelos mesmos cenários. Se essas disparidades não forem reconhecidas, elas podem inviabilizar os esforços estratégicos, ressaltando o imperativo de promover uma compreensão diferenciada dos valores humanos compartilhados juntamente com as divergências culturais. A paz e as vidas exigem a identificação de uma base aceitável compartilhada e, ao mesmo tempo, o reconhecimento das nuances que podem surgir como pontos de discórdia.
    O recente aumento do desenvolvimento tecnológico, das comunicações e da mobilidade internacional alavanca as conquistas da ciência ocidental. Isso gerou a noção de que a visão de mundo humana deve ser globalizada de acordo com esses mesmos padrões. No entanto, esse paradigma negligencia a natureza histórica do desenvolvimento humano, que se desenvolve ao longo de dezenas de milhares de anos em vez de séculos. Cada visão de mundo resulta de adaptações a ambientes naturais e sociais específicos, incorporando inerentemente características únicas e irrevogáveis que não podem ser modificadas voluntariamente por simples acordo. O desenvolvimento contínuo das sociedades produziu sistemas de ideias sobre o mundo, métodos de aquisição de conhecimento, modos de interação com o ambiente e, o que é mais importante, visões compartilhadas do futuro. Na cultura ocidental, esses elementos são conceituados no campo da “filosofia”. A partir deste ponto de vista, a tarefa vital para moldar o futuro compartilhado da humanidade é compreender as diversas filosofias, identificar pontos em comum e apreciar suas diferenças essenciais. Somente por meio desse processo poderemos aspirar a um desenvolvimento social sustentável, preservar nossos recursos finitos e criar um mundo melhor para as gerações futuras.
    Esta edição especial busca apresentar filosofias de diferentes regiões. Não tem como objetivo oferecer um sistema pré-construído de crenças e pensamentos, pois isso contradiz a própria ideia de diálogo entre civilizações. Em vez disso, ela mostra várias perspectivas sobre o mundo compartilhado e propõe arcabouços filosóficos distintos. Durante a compilação deste trabalho, ficou evidente que muitas contribuições compartilham uma ideia unificadora que conceituamos como “Pensar dentro da natureza”. Esse conceito envolve uma consideração consciente pelo mundo que todos os seres humanos habitam. Entretanto, não se trata de um desejo ingênuo de permanecer em um estado imutável, o que é uma ilusão. Em vez disso, implica o reconhecimento do papel orientador do mundo, a aceitação de suas mudanças e a afirmação dos papéis criativos da humanidade e dos indivíduos. Somente reconhecendo nossa responsabilidade pelo passado, presente e futuro é que poderemos percorrer coletivamente um caminho compartilhado do desenvolvimento sustentável.
    Também devemos reconhecer as limitações desse esforço. Qualquer tentativa de apresentar partes iguais de filosofias com base em princípios geográficos, teóricos ou outros refletiria apenas nossos próprios preconceitos, entendimentos atuais e conhecimento disponível. As contribuições do primeiro número deste volume estão fundamentadas na filosofia clássica chinesa, que historicamente enfatiza o pensamento dentro da natureza. Esperamos que esse enfoque inspire representantes de outras tradições a afirmarem suas formas únicas de pensamento, oferecendo as melhores contribuições filosóficas para a ideia de uma humanidade compartilhada.

     

    Editor dos Anais de Filosofia Clássica: Fernando Santoro, UFRJ, Brasil
    Co-Editores das edições especiais “Filosofia Clássica Chinesa” e "Filosofias Clássicas Não-Ocidentais“ :
    Caroline Pires Ting, UFRJ, Brasil; Verônica A. Costa UFRJ, Brasil; Ilya A. Kanaev, Sun Yat-sen University, China.

  • Rostos e máscaras ancestrais de diversas tradições culturais.

    Almas Ancestrais 2
    v. 16 n. 32 (2022)

    O Volume 16, números 31 e 32 dos Anais de Filosofia Clássica, acompanha o Programa atual do Laboratório OUSIA para a investigação das Inteligências Ancestrais, lançado em 2022, com apoio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e fomento da FAPERJ. Este programa visa a ampliar as fronteiras da Filosofia Clássica para outras zonas criativas de pensamento, nas quais as diferentes expressões dos saberes antigos se encontrem na diversidade. Esta ampliação de horizontes se projeta desde o número sobre as Mulheres Míticas e os números resultantes do Festival Dionisiaca e do simpósio sobre o Tempo na Antiguidade. As sabedorias órfico-dionisíacas expressas nas tragédias, os saberes das narrativas dos itans da tradição iorubá e outras formas de expressão tradicional  trouxeram para uma zona crítica o conceito de Filosofia Clássica. A contínua lida com a Filosofia Pré-Socrática exigia cada vez mais este olhar transdisciplinar voltado para as expressões poéticas da sabedoria; e este olhar se desdobra na diversidade das culturas.

    O número 32, que atrasou por força de mudanças no Portal de periódicos da UFRJ, completa o volume centrado na ancestralidade e diversidade cultural, onde tradições sapienciais milenares bebem em suas fontes antigas e instauram seus valores básicos. O artigo de Michele Lanza discute como a figura intelectual do filósofo grego é moldada sobre a personagem de Sócrates ao longo da Antiguidade, de Platão a Plutarco. O artigo de Roberta Paulo e Gérard Grimberg, mostra, de modo complementar, o estatuto do sábio na Grécia, anterior ao trabalho de delimitação do filósofo e da filosofia; e Hedgar Castro explora as origens das formas discursivas da filosofia grega desde a prática política da oratória, no Fedro de Platão. Carlos Eduardo Rocha e Rogério Athayde nos levam, em cada um de seus artigos, para outro território da Antiguidade, traçando questões sobre as práticas e valores sapiencias de Ifá na tradição iorubá, que envolvem de modo direto a transmissão geracional da sabedoria e seus ritos próprios de celebrar o nascimento e respeitar a ancianidade. Francisco de Oliveira retoma, a partir de Agostinho, a questão da fé e do conhecimento, presente onde se encontram as fronteiras das religiões com as respectivas experiências de sabedoria.

    Este número traz também a tradução comentada por Verônica Filippovna do apêndice sobre o Menadismo no clássico The Greeks and the Irrational.

  • Almas Ancestrais 1
    v. 16 n. 31 (2022)

    O Volume 16, números 31 e 32 dos Anais de Filosofia Clássica, acompanha o Programa atual do Laboratório OUSIA para a investigação das Inteligências Ancestrais, lançado em 2022, com apoio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e fomento da FAPERJ. Este programa visa ampliar as fronteiras da Filosofia Clássica para outras zonas criativas de pensamento, nas quais as diferentes expressões dos saberes antigos se encontrem na diversidade. Esta ampliação de horizontes se projeta desde o número sobre as Mulheres Míticas e os números resultantes do Festival Dionisiaca e do simpósio sobre o Tempo na Antiguidade. As sabedorias órfico-dionisíacas expressas nas tragédias, os saberes das narrativas dos itans da tradição iorubá e outras formas de expressão tradicional  trouxeram para uma zona crítica o conceito de Filosofia Clássica. A contínua lida com a Filosofia Pré-Socrática exigia cada vez mais este olhar voltado para as expressões poéticas da sabedoria; e este olhar se desdobra na diversidade das culturas.
    O tema Almas Ancestrais não foi proposto nem proposital, mas surgiu quase que naturalmente entre os artigos acolhidos na submissão contínua. Assim temos Carlo Santaniello discutindo as funções cognitivas dos sentidos e do pensamento dos mortais nos poemas sapienciais de Empédocles. Erick Araújo, Gabriele Cornelli e Beatriz de Paoli, por sua vez, trazem das tragédias clássicas para a contemporaneidade o tema imemorial das drogas (phármaka) constitutivo da humanidade em sua vontade ambivalente de poder e transformação, com a natureza e a arte. Micael Silva reaviva o dossier da Dionisíaca com uma ampla e variada exposição da presença feminina no universo dos mitos e ritos bacantes. Nathaniel Lovatto percorre a influência e recepção das teorias filosóficas antigas para a constituição da concepção de alma em Agostinho, verdadeiro divisor na história ocidental e precursor da interiorização subjetiva moderna. Cristiane Azevedo aplica o método dialético sofístico dos discursos duplos para interpretar como contraposição complementar os discursos ontológicos de Parmênides e Górgias, com margem a refletir sobre as origens eleáticas do dualismo clássico. Completando a seção de artigos, Henrique Cairus e Julieta Alsina perscrutam diversas noções pitagóricas entre pensadores pré-socráticos que contribuiriam para a constituição da fundamentação teórica do Corpus Hipocrático, tornando tênue e, quem sabe, nula, a distância entre os filósofos da natureza e médicos que aplicam nos seus tratamentos tais princípios e filosofias.
    Este número traz também duas traduções inéditas em português: os cinco primeiros capítulos do De Moto Animalium de Aristóteles e o Tratado para livrar-se das Obsessões de Xunzi, texto que abre o olhar de nossa revista para a filosofia clássica chinesa.

     

    Apoio:

  • Okòtò de Èsù

    Tempos na Antiguidade II
    v. 15 n. 30 (2021)

    A sabedoria dos antigos, no que diz respeito à questão do tempo, foi o tema do VIII Simpósio Internacional OUSIA de Estudos Clássicos: O Problema do Tempo na Antiguidade, ocorrido entre os dias 22 e 31 de março de 2021, com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e da FAPERJ - Projeto Inteligências Ancestrais. 
O presente número completa o volume 15 da revista e reúne alguns dos trabalhos apresentados no simpósio, além de contar com a participação de pesquisadores que atenderam à chamada para escrever sobre o tema, e também artigos submetidos livremente à avaliação contínua. 
Um dos objetivos do encontro foi trazer para o momento atual as inteligências ancestrais e seus ensinamentos, em um resgate das tradições que nos constituem e em uma tentativa de compreender melhor o tempo presente, a vida presente a partir dessas sabedorias antigas. Marca este Volume 15 a ampliação do espectro da Antiguidade para além dos estudos clássicos greco-latinos, com reflexões acerca da tradição de oralitura yorùbá.
    Neste número, explorou-se, em três artigos, o oriki de Èsù que serviu de inspiração ao VIII Simpósio: "Èṣù matou um pássaro ontem, com a pedra que atirou hoje" (Èṣù pa ẹyẹ láná pẹ̀lú sọ li òkúta lóní). Carlos Veloso trouxe elementos da oralitura yorùbá para pensar conceitualmente o tempo a partir dos orikis, itans e epítetos do orixá. Neste sentido, não apenas o conteúdo mas também as formas da tradição oral serviram ao desenvolvimento da análise. O artigo de Luisa Buarque sobre o tempo usa o mesmo oriki como um dispositivo hermenêutico para pensar algumas dimensões do tempo em narrativas de mitos selecionados nos diálogos Timeu, Crítias e Fedro, de Platão. Verônica Costa apresenta e analisa os elementos de composição exuxíaca da tragédia Penteu de Fernando Santoro.
    Contamos também com artigos sobre a definição de tempo e o modo como este é percebido em Aristóteles; o primeiro de Rafael de Souza e o segundo de Gabriel de Souza. O dossier sobre as concepções do tempo na Antiguidade termina com o artigo de Ester de Macedo acerca das meditações Agostinianas na Cidade de Deus e nas Confissões.
    
Fechando o número, na seção de submissões livres, Luiz Menezes trata da passagem do anel de Gyges na República de Platão e Nestor Cordero analisa a definição de “discurso" (lógos) e “verdade" (alétheia) no Sofista de Platão e mostra como esta definição é uma resposta à teoria dos nomes em Antístenes e um retorno às concepções homéricas. O autor discute a teoria da correção dos nomes e da verdade discursiva, situáveis respectivamente nos âmbitos antepredicativos e predicativos da linguagem.
    A revista, que continua recebendo artigos e resenhas em fluxo contínuo, traz no próximo volume contribuições sobre os discursos antigos sobre a alma.
    
Editores convidados: Cristiane Azevedo e Luan Reboredo
  • Tempos na Antiguidade I
    v. 15 n. 29 (2021)

    A sabedoria dos antigos, no que diz respeito à questão do tempo, foi o tema do VIII Simpósio Internacional OUSIA de Estudos Clássicos: O Problema do Tempo na Antiguidade, ocorrido entre os dias 22 e 31 de março de 2021, com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e da FAPERJ - Projeto Inteligências Ancestrais.
    O presente número da revista reúne alguns dos trabalhos apresentados no simpósio, além de contar com a participação de pesquisadores que atenderam à chamada para escrever sobre o tema, e também artigos e traduções submetidos livremente à avaliação contínua.
    Um dos objetivos do encontro foi trazer para o momento atual as inteligências ancestrais e seus ensinamentos, em um resgate das tradições que nos constituem e em uma tentativa de compreender melhor o tempo presente, a vida presente a partir dessa sabedoria antiga.
    Miriam Campolina Diniz Peixoto (UFMG) abre a edição mostrando como a noção de tempo ocupou uma posição importante no pensamento pré-socrático, não só no que diz respeito à investigação cosmológica mas também na reflexão sobre a natureza e a ação humanas.
    Cristiane Almeida de Azevedo (UFRRJ) apresenta uma abordagem que se afasta da interpretação tradicional de Parmênides, ao trabalhar com uma leitura unificada das partes do poema, propondo como fio condutor as diferentes temporalidades presentes nos versos.
    Silvio Marino (UnB) expõe algumas implicações do tempo em relação à ciência médica, analisando o tempo em que a tekhnè iatrikè aparece fundando a humanidade e o tempo como âmbito de conhecimento próprio do médico.
    A partir do entendimento platônico de exaíphnes, o instante, Izabela Aquino Bocayuva (UERJ) reflete sobre a questão da mudança, que está relacionada ao termo, com as mudanças dos regimes políticos encontrados na República, visando mostrar como a metafísica platônica está relacionada com sua concepção política.
    André Luiz Braga da Silva (USP) explora as passagens platônicas sobre a “reminiscência” e a relação das ideias com o tempo na tentativa de indicar que Platão teria uma resposta para a crítica que aponta o caráter “circular” do método de divisão.
     Partindo do entendimento de que, nos diálogos platônicos, os empregos verbais evidenciam o tempo da narrativa e garantem os efeitos dramáticos da enunciação, Nelson de Aguiar Menezes Neto (Cap UFRJ) explora a produção do fenômeno discursivo de ordem temporal que conduz o leitor à realização filosófica de uma (re)performance.
    Fechando o número, Rodolfo José Rocha Rachid (USP) analisa o papel da visibilidade como pré-condição à compreensão da Forma do Bem, entendendo que o âmbito fenomênico é necessário para a apreensão das Formas.
    A revista, que continua recebendo artigos e resenhas em fluxo contínuo, traz no próximo número outras contribuições resultantes do VIII Simpósio Internacional OUSIA e do I Simpósio Inteligências Ancestrais, realizados em 2021.


    Editores convidados: Cristiane Azevedo e Luan Reboredo

  • PARMÊNIDES EON 2
    v. 14 n. 28 (2020)

    Em 2020, inauguramos o Projeto EON – Ontologia Eleática: origem e recepção, idealizado e dirigido por Nicola Galgano (USP), um amplo trabalho de cooperação internacional em História da Filosofia, que deve estender-se por vários anos e diversos meios de publicação. O primeiro Tomo do Volume 1 vem publicado nos nossos números 27 e 28 de 2020, perfazendo o dossiê especial do Volume 14 da revista com artigos em inglês, português, francês e italiano, alguns publicados em versão bilíngue.

    Ontologia Eleática: origem e recepção é uma coleção enciclopédica de artigos sobre toda a história da Ontologia Eleática, recolhidos de estudiosos do mundo inteiro. No interesse desta orientação global, e graças às condições técnicas atuais de publicação acadêmica, promovemos a decentralização, publicando-os em muitas revistas de acesso livre em todo o mundo. A primeira publicação, Tomo 1.1, Fontes de Ontologia Eleática, aparece neste volume 14, números 27 e 28, dos Anais de Filosofia Clássica, sediada na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Brasil. A próxima publicação, Tomo 1.5, Ontologia Eleática: recepção em Aristóteles, será editada na Polónia, sob os cuidados de Peitho. Examina Antiqua, a importante revista polaca de Estudos Clássicos, situada em Poznan. Com esta iniciativa, esperamos que todas as revistas que publicam Tomos desta coleção possam trabalhar em parceria e promover contatos e desenvolvimentos no melhor interesse da filosofia, dos filósofos e de todos aqueles que gostam de praticar esta indispensável disciplina de pensamento. Gostaríamos de agradecer e saudar o Dr. Fernando Santoro, editor de Anais de Filosofia Clássica, e o Dr. Mikolaj Domaradzski, editor-chefe da Peitho. Examina Antiqua pelos seus papéis pioneiros nesta desafiante empreitada em direção ao futuro.

    A revista continua recebendo artigos e resenhas em fluxo contínuo, como o artigo sobre o racionalismo político na República, de Rogério Castro (UECE) e a resenha sobre o livro de Rossetti sobre as novas perspectivas da Filosofia Eleata, de Marco Montagnino (Un. di Palermo).

    Temos, neste número, uma instigante entrevista de Rossella Saetta Cottone com Massimo Stella, sobre o desconcertante livro de Diego Lanza, Lo Stolto... O “tolo” uma figura importante na comédia clássica, o sonso irônico porta-voz da consciência popular...

    Por último, publicamos a tradução de um artigo seminal de John Burnet Lei e Natureza na Ética Grega, por Wilder Silva de Souza (UFSM) e Gionatan Carlos Pacheco (UFSM) –  artigo original disponível por cortesia da JSTOR.

     

    Nicola Galgano

    Editor do Vol. 14 e Organizador do projeto Ontologia Eleática

    Rose Cherubin

    Editora do Vol. 14

    Fernando Santoro

    Editor Responsável dos Anais de Filosofia Clássica

  • PARMÊNIDES EON 1
    v. 14 n. 27 (2020)

    Os Anais de Filosofia Clássica publicam o 14o volume de 2020 com um renovado alento editorial para os Estudos Clássicos em perspectiva internacional. Implantamos os indexadores digitais DOI e ORCID. Repaginamos o layout dos artigos. Ampliamos nossos horizontes de colaboração internacional, agora também com a Profa. Rose Cherubin da George Mason University, em um projeto que integra de modo mais forte a língua inglesa às línguas neolatinas das universidades europeias e latino-americanas com que já colaborávamos. A rede internacional e multilíngue chega nestes números 27 e 28 com artigos em inglês, português, francês e italiano, alguns publicados em versão bilíngue.

    No dossiê do volume 14, inauguramos o Projeto EON – Ontologia Eleática: origem e recepção, idealizado por Nicola Galgano (USP), um amplo trabalho de cooperação internacional em História da Filosofia, que deve estender-se por vários anos e diversos meios de publicação. O primeiro Tomo do Volume 1 vem publicado nos nossos números 27 e 28 de 2020, perfazendo o dossiê especial do Volume 14 da revista.

    A escolha de iniciar nos Anais de Filosofia Clássica não é casual. A revista foi inaugurada com um volume inteiramente dedicado a Parmênides, em 2007, logo após um simpósio internacional dedicado ao filósofo, realizado na cidade do Rio de Janeiro. Esta acolhida do Projeto EON permitiu acrescentar as línguas originais em que alguns dos textos foram escritos. Assim, algumas vezes, teremos versões bilíngues dos textos; como já no primeiro número: as versões em inglês e francês do artigo de Nestor Cordero e as versões em italiano e inglês de Guido Calenda e Walter Fratticci. Sete autores no número 27 e mais oito no número 28 tratarão das origens da reflexão ocidental sobre o ser e sua significação, sob os cuidados editoriais de Rose Cherubin e Nicola Galgano.

    A revista continua recebendo artigos e resenhas em fluxo contínuo, como o artigo sobre o amor retórico no Banquete, de Felipe da Silva (UFPE) e a resenha sobre o livro de Arenson sobre o hedonismo, de João Conque (UFMG).

    Temos, neste número, também um meticuloso trabalho de tradução e comentário do Livro III do Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, por Reina Pereira – uma prévia do Projeto Editorial da Parceria UnB-Coimbra de publicar a obra de Diógenes Laércio em cooperação luso-brasileira.

     

    Fernando Santoro

    Editor Responsável pelos Anais de Filosofia Clássica

    Rose Cherubin

    Editora do Vol. 14

    Nicola Galgano

    Editor do Vol. 14

  • DIONISIACA I
    v. 13 n. 26 (2019)

    DIONISIACA I: Sabedorias Órfico-Dionisíacas

    Na Grécia antiga, Demeter e Dioniso – divindades dos cultos agrícolas ligados respectivamente ao cultivo do trigo e da vinha – estavam associados a uma sabedoria de natureza iniciática, capaz de dar acesso aos segredos da vida e da morte. Em Atenas, ao longo do período clássico, os festivais de Dioniso convidavam as artes da música, da poesia e do teatro em momentos importantes para a produção de vinho. Neste contexto, usando máscaras, celebrava-se a essência do conhecimento dionisíaco: o devir universal e a transmutação da vida.

    A poucos quilómetros a oeste de Atenas, no santuário de Eleusis, terreiro sagrado da sabedoria grega, Demeter e Dioniso velavam juntos a celebração anual dos mistérios, depois de terminada a colheita. Ancoradas em todo o mundo grego, as sabedorias órfico-dionisíacas eram praticadas por poetas e músicos, como Orfeu, o cantor mítico habituado ao trasmundo, que através do seu canto conseguia despertar à vida os substratos da natureza; e também pelos antigos sábios do Mediterrâneo, como Pitágoras, Heráclito e Empédocles. Até hoje, pensadores como Friedrich Nietzsche ou Giorgio Colli encontraram nesta cultura os instrumentos indispensáveis para repensar e renovar a modernidade.

     

    Os artigos apresentados no número 26 dos AFC pretendem contribuir para a reflexão sobre as sabedorias órfico-dionisíacas, através de uma exploração das suas formas: teatro, poesia e filosofia, seguindo o fio encarnado representado pela figura de Dioniso e por sua bebida sagrada: o vinho.

    Três artigos tratam da presença de Dioniso no teatro: L. Buarque (PUC, Rio) propõe uma análise original da dimensão política do dionisismo cômico através de uma leitura dos Acarnenses de Aristófanes; A. Vannucci (UFRJ) examina os aspectos dionisíacos de certas máscaras da Commedia dell’arte, que atravessam as fronteiras entre o mundo dos mortos e o dos vivos; F. La Mantia (Università Korè, Enna) realiza uma leitura comparativa das Bacchae de Wolè Soyinka, que destaca a dimensão intercultural das diásporas mediterrânea e atlântica.

    Três contribuições tratam da presença do vinho na poesia, na filosofia e no mito: V. Andò (Universidade de Palermo) fala sobre a poesia grega arcaica, cuja inspiração veio do vinho e de Dionísio e não da água e das Musas; G. Casertano (Universidade Federico II, Nápoles) fala sobre o tema do vinho no pensamento platônico; e F. Santoro (UFRJ) oferece uma leitura alegórica do mito órfico do esquartejamento de Dioniso, reconectando-o aos ritos e festividades que acompanham a produção do vinho.

    Dois outros artigos discutem os mitos dionisíacos e suas interpretações: G. Burgio (Università Korè, Enna) analisa a articulação entre o mito de Dioniso e o mito de Tirésias nas Bacantes de Eurípedes, com base no arquétipo da androginia; C. Santaniello (Liceu Sócrates, Roma) analisa um episódio bem conhecido da saga de Dionísio, evocado na Ilíada, quando foi perseguido pelo rei Licurgo.

    As duas resenhas que se seguem estão também ligadas ao tema principal da edição: Clémence Ramnoux, Œuvres (Encre marine/Les Belles Lettres, 2020) de F. Montevecchi (pesquisadora independente, Bologna) e Giorgio Colli, Empedocle (Adelphi, 2019) de R. Saetta Cottone (CNRS, Centro L. Robin).

    A maioria destes textos foi apresentada como parte da Dionisíaca, primeiro festival de sabedorias órfico-dionisíacas, em Sambuca, Sicília, em setembro de 2018. Organizado conjuntamente pelo Centro Leon Robin da Sorbonne e pelo Laboratório Ousia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com o generoso apoio de vários agentes locais, este festival propõe celebrar, durante o período da vindima, as artes da produção vinícola, do teatro, da poesia e da filosofia, através de uma participação artístico-ritual na vindima, de um simpósio e de vários espetáculos teatrais. Interrompido em 2020 devido à pandemia, deverá ser retomado, oxalá, em 2021. Em homenagem ao povo de Sambuca, publicamos a tradução da fábula de Antonella Maggio: O Fantasma de Zabut, uma história de aventuras para ensinar às crianças os valores da diversidade cultural, da hospitalidade e da liberdade.

    Esta edição celebra o multiculturalismo com artigos em várias línguas (português, francês, italiano), traduções, textos bilíngues e trilíngues e um artigo de dupla edição, com a sua versão em inglês na revista Mantichora: http://ww2new.unime.it/mantichora/.

    As fotografias da Dionisiaca que ilustram o sumário são de Maria da Graça Gomes de Pina.

    Aproveitamos esta publicação para agradecer calorosamente aos nossos patrocinadores: Di Prima Vini; Teatro L'Idea; Karma s.r.l.; Le Strade del vino; e aos nossos apoios institucionais: Comune di Sambuca di Sicilia (Italia); Capes (Min. da Educação do Gov. Brasileiro) e Cofecub (Min. das Ciências do Gov. Francês).

    Editores deste número:

    Fernando Santoro

    Rossella Saetta Cottone

  • Movimento em Aristóteles II
    v. 13 n. 25 (2019)

    O presente número da AFC publica o segundo grupo de artigos completando o dossiê sobre “O Movimento em Aristóteles”. Tema filosófico e científico de importância fundamental para o Estagirita, o estudo do movimento e a sua definição são prerrogativas básicas para a compreensão da sua concepção de natureza, phýsis, entre outras.

    Embora tradicionalmente se fale muito da preferência no pensamento clássico pelos objetos fixos e imutáveis, talvez pela influência das interpretações dos textos platônicos além do de Parmênides, o fato é que encontramos em Aristóteles uma tentativa de pensar o imutável no mutável, uma busca do geral no particular pelas suas semelhanças formais. Recusando uma representação estática ou puramente morfológica do vivente, por exemplo, ele elabora uma concepção original e sutil da unidade alma e corpo, na qual a vida consiste em uma síntese de movimentos psíquico-corporais.

    Os dois trabalhos que abrem o número atual da AFC enfocam diretamente a relação alma e corpo: o primeiro deles, de Thomas Bénatouïl, pesquisador e professor do Churchill College – Universidade de Cambrigde –, aborda as relações entre vida e movimento em Aristóteles, examinando a distinção entre plantas e animais e demonstrando porque somente o automovimento, e não o movimento ele mesmo, pode ser tomado como critério verdadeiro da vida. O segundo, de Francisco Moraes, da UFRRJ, problematiza a questão do estatuto de motor imóvel da alma e demonstra como a opção epistemológica de Aristóteles abre caminho para a consideração filosófica do corpo vivo e de sua funcionalidade.

    Os dois trabalhos seguintes, abordam questões da recepção e da interpretação-tradução da definição de movimento aristotélica, e da noção capital de ‘ato’ para sua compreensão. No primeiro, Rafael Mello Barbosa, professor do CEFET-RJ, considerando a importância mútua das compreensões de movimento e de mundo, se propõe a restituir a definição mesma de movimento dada por Aristóteles – o ato do ente em potência enquanto tal –, demonstrando como ao parafraseá-la, o comentador neoplatônico Simplício, desloca o movimento para o âmbito da potência, influenciando toda uma tradição filosófica. A seguir, Luís Felipe Bellintani Ribeiro (UFF) aborda o problema da tradução dos termos enérgeia e entelékheia, que afeta diretamente a compreensão da definição do movimento em Aristóteles, considernado-se a recorrência dos dois termos nos três primeiros capítulos do livro III da Física.

    Em seguida, a AFC traz a público dois trabalhos que abordam desdobramentos importantes da concepção aristotélica de movimento, o primeiro no campo da ética e o segundo no campo da psicologia. Susana de Castro (UFRJ) demonstra a função motora do bem e como as virtudes éticas caracterizam um estado ativo na ética aristotélica. Por sua parte, Carla Francalanci compara a concepção aristotélica apresentada em De Anima III com a que é exposta por Freud, no texto “A negação” (“Die Verneinung”), propondo que o texto de Freud pode ser lido como uma reelaboração da teoria aristotélica acerca da relação entre movimento, desejo e juízos.

    Fechando o dossiê, a editora desses dois números da AFC dedicados ao movimento em Aristóteles, apresenta seu estudo acerca da adaptabilidade do método analógico à investigação acerca da causa comum do movimento no De motu animalium.

    Para finalizar este empenho editorial, a AFC publica em primeira mão a tradução para o português dada por Rafael Mello Barbosa dos três primeiros capítulos do livro III da Física de Aristóteles, trecho notabilizado como ‘Tratado do movimento’.

    Vale lembrar que os artigos aqui publicados são, em boa parte, resultantes de discussões travadas a partir do VII Simpósio Internacional Ousia, que se realizou em setembro de 2017 no IFCS/UFRJ, com a subvenção do Programa de Apoio a Eventos no País, PAEP, da CAPES e do Edital Universal do CNPq. Graças aos apoios e a essa subvenção, pudemos realizar um simpósio do qual participaram a comunidade de pesquisadores brasileiros, além de três colaboradores franceses do laboratório Ousia, através do acordo de cooperação internacional CAPES/COFECUB “PRÁTICAS E TEORIAS DA POÉTICA NA GRÉCIA ANTIGA: DE PARMÊNIDES A ARISTÓTELES”. Ao publicarmos esses trabalhos, realizamos um dos objetivos da AFC que é o de integrar em sua linha editorial os rumos e resultados da intensa colaboração existente entre os centros de pesquisas nacionais em filosofia clássica e os de universidades de vários países. Mas, sobretudo, afirmamos a importância e a excelência da produção filosófica e científica brasileira, que, a despeito dos obstáculos, segue firme na determinação de não abrir mão da sua missão, fundamental para a democracia e o desenvolvimento cultural dos cidadãos.

     

    Eraci G. de Oliveira,

    Editora convidada dos números 24 e 25

    Fernando Santoro Editor Responsável

     

     

  • Movimento em Aristóteles I
    v. 12 n. 24 (2018)

    O presente número da AFC contempla um dos pilares da filosofia aristotélica: a compreensão do movimento. Tema filosófico e científico de importância fundamental para Aristóteles, o seu estudo e a sua definição são prerrogativas básicas para a compreensão da sua concepção de natureza, phýsis. É para dar conta dela que o Estagirita se detém diante do inquietante caráter do movimento, e desenvolve um cabedal conceitual que ultrapassa em muito as delimitações usuais desse âmbito de conhecimento. Do espaço mais primordial e íntimo do coração, ao espaço cósmico; da estrutura sólida e compacta dos ossos, à abstração pura das analogias geométricas; da determinação teleológica ao movimento sem causa e sem fim, o movimento encontra, em Aristóteles, sem sombra de dúvida, o pensador que sabe como corresponder à sua complexidade.

    Até hoje esse tema continua a incitar os espíritos, visto a quantidade qualificada e a variedade de abordagens dos trabalhos submetidos e aprovados pelo corpo editorial da AFC, para a formação do dossiê “O movimento em Aristóteles”, levando inclusive, à divisão dos artigos em dois grupos, e perfazendo um segundo número da revista (que já vem).

    Assim, abrimos o número atual com o trabalho de Pierre-Marie Morel, editor e tradutor de Aristóteles, que demonstra a relação estreita entre os tratados Geração dos animaise o Movimento dos animais, através da concepção de unidade orgânica, a qual requer a formulação de conceitos e teorias que abordem a relação e a distinção interna desafiante entre motor e movido. Em seguida, dois trabalhos que têm como tema principal as dimensões do espaço: o primeiro de Francisco Caruso e Roberto Moreira Xavier de Araújo, pesquisadores de História da Ciência doCentro Brasileiro de Pesquisas Físicas, que buscam esclarecer porque o número de dimensões do espaço é diferente em diferentes obras de Aristóteles e como esta diferença foi recebida ao longo da história da física, tendo como premissa a diversidade das concepções de movimento; e o segundo, de Matheus Damião, jovem doutorando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRJ, quediscute as duas caracterizações de διαστάσεις que se encontram unidas em De caeloII 2, e propõe uma interpretação sobre a relação de princípio que Aristóteles estabelece entre elas. Em continuidade, o quarto trabalho, de Lucas Angioni, defende que o emprego de premissas geométricas no Incessu Animaliumnão é um exemplo da “transposição” proibida de assuntos e ciências, mas algo que está de acordo com a teoria dos Segundos Analíticos, eesclarece a noção “kind-crossing”.  Fechando o primeiro conjunto de artigos do dossiê, o trabalho de Isabelle Koch, pesquisadora da Universidade de Marselha, apresenta a originalidade do pensamento de Alexandre de Afrodísia, o mais importante dos antigos comentadores aristotélicos, (o que comprova, como bem assinalou Pierre Hadot, que a prática comentarista não era desprovida de valor filosófico); Koch analisa o argumento antideterminista de “movimento sem causa” usado por Alexandre em sua defesa da concepção aristotélica de responsabilidade.

    Complementando o dossiêsobre O movimento em Aristóteles, apresentamos uma pequena amostra de um projeto de publicação em português de três livros de Pierre-Marie Morel. A amostra consiste na tradução de um capítulo da sua obra intitulada De la matière à l’action: Aristote et le problème du vivant. Agradecemos a  Pierre-Marie Morel a sua gentil autorização para esta publicação.

    Coroando a publicação, apresentamos um artigo sobre Parmênides, pensador que Aristóteles afirmava negar o movimento e, consequentemente, a própria phýsis. Nestor-Luis Cordero, na contramão da ortodoxia que segue esta opinião, apresenta-nos, no conjunto da obra superstite do Eleata, quatro problemas e respostas da “física” parmenidiana.  

    Os artigos aqui publicados são, em sua maioria, resultantes de discussões travadas no VII Simpósio Internacional Ousia, que se realizou em setembro de 2017 no IFCS/UFRJ, com a subvenção do Programa de Apoio a Eventos no País, PAEP, da CAPES e do Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Graças aos apoios e a essa subvenção, pudemos realizar um Simpósio do qual participaram a comunidade de pesquisadores brasileiros, além de três colaboradores franceses do laboratório Ousiaatravés do acordo de cooperação internacional CAPES/COFECUB. Ao publicarmos esses trabalhos, realizamos um dos objetivos da AFC que é o de integrar em sua linha editorial os rumos e resultados da intensa colaboração existente entre os centros de pesquisas nacionais em filosofia clássica e os de universidades de vários países. Mas, sobretudo, afirmamos a importância e a excelência da produção filosófica e científica brasileira, que, a despeito dos obstáculos, segue firme na determinação de não abrir mão da sua missão, fundamental para a democracia e o desenvolvimento cultural dos cidadãos.

     

    Eraci G. de Oliveira, Editora Convidada dos n. 24 e 25

    Fernando Santoro, Editor Responsável

     

  • Mulheres míticas
    v. 12 n. 23 (2018)

    Que os gregos reservaram um lugar especial para a mulher como tópos trópos de pensamento, é evidente pelas inúmeras e poderosas deusas e heroínas que sua literatura nos legou numa legião que cobre todos os campos das atividades e dos saberes humanos. 

    Em meio a tamanha diversidade, os artigos que compõem o presente número deixam entrever um fio condutor, que é o de sua relação com o mundo masculino que as cerca, mas que em absoluto as determina. Assim sendo, temos aqui a fúria extremada de Medeia contra seu marido, a fragilidade absoluta de Andrômaca pela perda do seu, bem como a estratégia de Penélope para fazer frente à invasão de seu palácio pelo universo masculino durante a ausência de Ulisses e a tensão entre Helena e Menelau no seu retorno a Esparta.

    A deusa Ártemis surge, doce e selvagem, como ponto de concentração de toda essa diversidade, enquanto Pandora é visitada aqui como aquilo que sempre foi: o espanto de se ver, o que acarreta consequências.

    Por fim, Safo, a mulher que de fato viveu, mas que foi mitificada a ponto de ser dita a décima Musa pelo legado de uma poesia que ainda hoje é atualíssima e perturbadora.

    Jaa Torrano toma o mito de Medeia como uma oportunidade para refletir sobre a noção de Justiça no teatro de Eurípides. Christian Werner, ainda explorando a obra do mesmo tragediógrafo, debruça-se sobre a Troiana Andrômaca para examinar como a heroína faz uso de suas faculdades anímicas para tentar dar conta da dura realidade na qual se viu envolvida na condição de cativa após a queda de Troia. Cristiane Azevedo apresenta um inventário das intervenções de Penélope na Odisséia a fim de pôr em evidência a prudência/astúcia (métis) com a qual a Rainha de Ítaca enfrentou o universo masculino que invadiu seu palácio durante a ausência de Ulisses. Teodoro Assunção mergulha na discussão em torno da ambiguidade do comportamento de Helena em Tróia a partir de uma análise do diálogo entre ela e Menelau que ocorre no Canto IV da epopeia. Beatriz de Paoli discute tanto a recepção antiga quanto a contemporânea do episódio da cólera da doce Ártemis no párodo do Agamêmnon de Ésquilo para daí tirar suas próprias conclusões. Luiz Otávio Mantovaneli parte de uma menção que é feita à propriedade privada na abertura do mito de Prometeu constante na Teogonia de Hesiodo para relacioná-la com a apresentação de Pandora em Os trabalhos e os dias e aponta para a possibilidade de a mulher ter sido a primeira propriedade privada e fundamento de todas as demais. André Malta apresenta uma tradução inédita do fragmento 31 de Safo, conhecido como Sintomatologia do amor, para propor um ensaio que aborda três questões bem vivas, autoria, gênero literário e expressão do sentimento amoroso.

    Completam este número, fora do dossiê, o artigo de Lúcio Salles, que investiga as relações entre o surgimento da retórica siciliana e as práticas que marcaram a sofística ateniense,a resenha de Verônica Fillípovna, que visita a recém lançada tradução e adaptação brasileira do Dicionário dos Intraduzíveis, de Barbara Cassin, Fernando Santoro e Luísa Buarque, cuja intenção é pensar a multiplicidade de sentido operada pela tradução de termos filosóficos entre diferentes línguas e culturas, e a tradução de Eraci Oliveira para um capítulo do livro de Pierre-Marie Morel, Epicuro, a natureza e a razão.

    Luiz Otávio Mantovaneli

    Editor responsável pelo número 23

    Apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

  • Platão e Homero - II
    v. 11 n. 22 (2017)

    O Vol. 11 de 2017 dos Anais de Filosofia Clássica publica nos números 21 e 22 um dossier com artigos sobre a complexa relação de Platão com Homero, a qual é uma metonímia da relação da Filosofia com a Poesia.

    Questões filosóficas decisivas são abordadas nos diálogos de Platão tendo como interlocutor ou objeto de discussão a poesia épica e especialmente Homero. Na República, Homero é, sem dúvidas, um nome para ser considerado entre as personagens principais, citado em diversos conceitos e pontos em discussão. O primeiro ponto diz respeito ao próprio estabelecimento do modo filosófico de conhecer e educar, que concorre diretamente com a épica tradicional – como educar e formar a cidade? A questão central neste ponto é a questão da verdadeiro e do falso. Temas clássicos aparecem em torno do problema da verdade: o problema da imitação e da representação, que está no fundo da concepção de verdade como correção e adequação (encaminhado desde a discussão do livro III sobre o conteúdo dos mitos homéricos e hesiódicos utilizados na educação, até a famosa representação da caverna e do caminho para uma reeducação filosófica). Ainda, temas relativos aos modos de educação ética e política, envolvendo o modo como a emoção contribui ou interfere na percepção do real e na formação do caráter são discutidos tendo como objeto a poesia trágica – cujo maior expoente, diz surpreendentemente o Sócrates da República, é também Homero!

    Mas não é somente nos diálogos em que Homero é citado, como a República e o Ion, entre outros, que temas homéricos ou passagens da Ilíada e da Odisseia são invocados ou aludidos. O problema lógico e cognitivo da referência e da adequação dos nomes às coisas nomeadas, objeto central do diálogo Crátilo, fará alusão a uma tradição de pensadores como Antístenes e Heráclito, que frequentemente trazem a personagem literária de Ulisses, e episódios míticos como o da caverna do Cíclope, em que o herói vence pelo estratagema de enganar o monstro dizendo ter por nome “Ninguém”. Outros diálogos também foram importantes para adensar o dossier, como a Apologia de Sócrates, o Hippias Menor e o Criton. Tais temas e tais formas de abordar os temas foram objeto de discussão no VI Simpósio Internacional OUSIA, em 2016. Conferencistas deste simpósio e outros colaboradores foram instados a submeter suas contribuições em forma de artigos.

    Neste número 22, Luc Brisson apresenta a famosa condenação de  Homero por Sócrates no livro X da República de Platão, firmando sua interpretação centrada na crítica aos efeitos éticos e políticos da mimesis, que seriam nocivos à alma, distintas, para o autor, das considerações propriamente estéticas. 

    Carla Francalanci contribui para o dossier comparando as cenas de sedução encontradas na Odisseia, o encontro entre Ulisses e Nausicaa, e as colhidas nos diálogos Cármides, Alcibíades e Lisis, entre Sócrates e a juventude ateniense. Em comum, reversões de aparências e expectativas e, sempre, para as inteligências de Ulisses e Sócrates, uma prova de suas virtudes morais e intelectuais. Um ponto para a compreensão da filosofia como atividade erótica.

    Publicamos a tradução de Josefina Mello do artigo de François Rénaud sobre a autoridade de Homero nos diálogos de Platão, e como o filósofo serve-se da tradição para introduzir o exame socrático e dar origem à sua compreensão de filosofia como atividade de "dar sentido" (didónai lógon) às coisas.

    Fábio Fortes discute a relação da escrita com a dialética no Fedro, examinando a questão das origens da filosofia pelo estatuto da passagem da cultura oral à cultura escrita.

    Luiz Menezes analisa o mito de Giges, presente em Heródoto e no primeiro livro da República de Platão, em fragmentos de uma tragédia descobertos nos papiros de Oxirinco. A tragédia de autor desconhecido é anterior às outras versões conhecidas e mostra sob outra perspectiva, a relação da filosofia e da história com os mitos.

    Fechando este volume, temos o interessantíssimo estudo de Alberto Bernabé sobre os juízes infernais em Platão e Homero, retomando um tema, caro aos órficos, acerca de um juízo das almas após a morte. Acompanhamos neste estudo o que pode ser o modelo platônico de elaboração de mitos edificantes, ou de mentiras úteis, reelaborando a tradição e criando novas histórias a partir dela.

    Neste número, publicamos também a segunda parte (M 1. 97-168) da tradução de Joseane Prezotto de Contra os Gramáticos de Sexto Empírico.

    Por fim, gostaríamos de dedicar esse número à nossa saudosa Josefina Neves Mello, a Josie, colaboradora constante dos Anais de Filosofia Clássica e do Laboratório OUSIA, que neste número publica seu último trabalho, a tradução do artigo de François Rénaud.

    Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e à CAPES o apoio ao VI Simpósio Internacional OUSIA: Platão e Homero;

    e à CAPES e ao COFECUB, o apoio à cooperação em pesquisa no projeto PRÁTICAS E TEORIAS DA POÉTICA NA GRÉCIA ANTIGA: DE PARMÊNIDES A ARISTÓTELES.

  • Platão e Homero - I
    v. 11 n. 21 (2017)

    O Vol. 11 de 2017 dos Anais de Filosofia Clássica publica nos números 21 e 22 um dossier com artigos sobre a complexa relação de Platão com Homero, a qual é uma metonímia da relação da Filosofia com a Poesia.

    Questões filosóficas decisivas são abordadas nos diálogos de Platão tendo como interlocutor ou objeto de discussão a poesia épica e especialmente Homero. Na República, Homero é, sem dúvidas, um nome para ser considerado entre as personagens principais, citado em diversos conceitos e pontos em discussão. O primeiro ponto diz respeito ao próprio estabelecimento do modo filosófico de conhecer e educar, que concorre diretamente com a épica tradicional – como educar e formar a cidade? A questão central neste ponto é a questão da verdadeiro e do falso. Temas clássicos aparecem em torno do problema da verdade: o problema da imitação e da representação, que está no fundo da concepção de verdade como correção e adequação (encaminhado desde a discussão do livro III sobre o conteúdo dos mitos homéricos e hesiódicos utilizados na educação, até a famosa representação da caverna e do caminho para uma reeducação filosófica). Ainda, temas relativos aos modos de educação ética e política, envolvendo o modo como a emoção contribui ou interfere na percepção do real e na formação do caráter são discutidos tendo como objeto a poesia trágica – cujo maior expoente, diz surpreendentemente o Sócrates da República, é também Homero!

    Mas não é somente nos diálogos em que Homero é citado, como a República e o Ion, entre outros, que temas homéricos ou passagens da Ilíada e da Odisseia são invocados ou aludidos. O problema lógico e cognitivo da referência e da adequação dos nomes às coisas nomeadas, objeto central do diálogo Crátilo, fará alusão a uma tradição de pensadores como Antístenes e Heráclito, que frequentemente trazem a personagem literária de Ulisses, e episódios míticos como o da caverna do Cíclope, em que o herói vence pelo estratagema de enganar o monstro dizendo ter por nome “Ninguém”. Outros diálogos também foram importantes para adensar o dossier, como a Apologia de Sócrates, o Hippias Menor e o Criton. Tais temas e tais formas de abordar os temas foram objeto de discussão no VI Simpósio Internacional OUSIA, em 2016. Conferencistas deste simpósio e outros colaboradores foram instados a submeter suas contribuições em forma de artigos.

    Neste número 21, Giovanni Casertano e Beatriz de Paoli contribuiram com a reflexão acerca do significado e da função dos sonhos, que traz uma importante discussão sobre a verdade e o engano, especialmente no diálogo Críton. Franco Trabattoni também analisa o valor moral do engano consciente na discussão paradoxal do Híppias Menor, em que Platão problematiza a astúcia de Odisseu.

    Laura Candiotto trouxe a perspectiva metodológica sobre a interpretação do sentido da poesia pela performance para dar outra luz ao diálogo Ion, em que Homero é enfrentado pela via dos rapsodos que o recitam. Luisa Buarque traz a discussão sobre como Platão apropria-se dos conteúdos da épica homérica para animar a discussão filosófica, deixando muito embaraçados aqueles que só veem o filósofo expulsando o poeta.

    Luca Pitteloud, enviou-nos um artigo sobre Platão que não entra diretamente no dossier Homérico, mas que trata da função do mito nos diálogos (particularmente no Timeu) e discute um ponto decisivo para a função cognitiva e epistêmica da poesia para a filosofia. Decidimos por publicá-lo neste volume em que o tema volta de diversas maneiras.

    O número 21 contempla ainda uma resenha do manifesto neo-órfico de Davide Susanetti: La vita degli Dei.

    Neste número, publicamos também a segunda parte da reedição das traduções de Eudoro de Sousa das Fontes da Filosofia Antiga. Edição a cura de Fernando Rodrigues.

    Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e à CAPES o apoio ao VI Simpósio Internacional OUSIA: Platão e Homero;

    e à CAPES e ao COFECUB, o apoio à cooperação em pesquisa no projeto PRÁTICAS E TEORIAS DA POÉTICA NA GRÉCIA ANTIGA: DE PARMÊNIDES A ARISTÓTELES.

  • Sofistas
    v. 10 n. 20 (2016)

    Neste número apresentamos um dossiê dedicado aos sofistas, em especial a Górgias e Alcidamante. O dossiê conta com os artigos: “As faces do sofista de Eléia” de Lúcio Lauro Salles e “Górgias e Sócrates quanto à educação: oposição e complementaridade” de Aldo Dinucci. O texto de Salles dedica-se a investigar a presença de aspectos filosóficos e estilísticos próprios a Alcidamente, utilizados por Platão na composição dos personagens Palamedes Eleático, citado por Sócrates no Fedro, e Estrangeiro de Eléia, personagem condutora dos diálogos O Sofista O Político. Este artigo desenvolve hipóteses interpretativas bastante interessantes sobre as implicações filosóficas da escolha platônica pela presença do sofista nessas obras. O texto de Dinucci toma como base uma investigação sobre a distinção entre sofística e filosofia para comparar as perspectivas de educação de Górgias e Platão, que apresentam diferenças fundadas na teoria do conhecimento de cada um deles. Essa temática aborda as principais questões do contexto de disputa entre as posições interpretativas e as divergências de pensamento que sustentam até hoje a separação entre sofística e filosofia. Nosso dossiê Sofistas traz também a inédita tradução direta do grego para o português da obra de Alcidamente “Sobre os que escrevem discursos escritos (sobre os sofistas)” de Lúcio Lauro Salles, aqui publicada em primeira mão. Trazemos, também a tradução, por Fernando Santoro, do artigo de Barbara Cassin “Sofística, performance, performativo” cujo original em francês foi publicado anteriormente na AFC No. 6 de 2009. Por fim, fechamos nosso dossiê Sofistas com uma resenha do livro Górgias epidittico -- commento filosófico all'Encomio di Elena, all'Apologia di Palamede, all'Epitaffio -- de Stefania Giombini, publicado em 2012.

    O presente número conta ainda com quatro artigos em sua sessão aberta. Um artigo sobre Heráclito, intitulado: Uma interpretação anacrônica do cyceon de Heráclito a partir de Spinoza e Nietzsche de Danilo Bilate, e três artigos sobre Aristóteles: L'assenza di sinomia tra Î¼ÎµÏ„αβολή, κίνησις e γένεσις nella dottrina aristotélica del divenire de Giampaolo Abbate, “Prudência e filosofia prática em Aristóteles” de Francisco de Morais e “A interpretação evolutiva de Werner Jaeger da Metafísica de Aristóteles: uma análise crítica” de Guilherme Cecílio. 

    Editora responsável pelo número: Carolina Moreira Torres

    Apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

  • Pré-Socráticos
    v. 10 n. 19 (2016)

    Primeiramente, prestamos uma homenagem ao Professor Marcelo Pimenta Marques, que nos deixou tão precocemente neste ano de 2016. Marcelo foi um dos responsáveis pelo fortalecimento da área de Filosofia Antiga no país. Pensador de primeiríssima linha, um exemplo de pesquisador e de pessoa, foi extremamente generoso com todos que passaram por seu caminho. Fica um vazio intelectual com a perda dele mas também uma grande saudade pela pessoa especial que era e uma vontade de seguir seu exemplo não só na academia como na vida. A ele então, dedicamos esta edição da Revista Anais de Filosofia Clássica, que tem como tema os filósofos pré-socráticos, tema com o qual Marcelo iniciou suas pesquisas através de seu trabalho sobre Parmênides.

    O presente número reúne alguns dos textos apresentados no I Simpósio de Filosofia Antiga da UFRRJ: Os Pré-Socráticos, ocorrido no dia 25 de novembro de 2015, na própria UFRRJ. O evento foi uma iniciativa do PPGFIL/UFRRJ e teve a promoção do Laboratório OUSIA de Estudos em Filosofia Clássica da UFRJ e do Zétesis, grupo de Pesquisa em Filosofia Antiga e Tradição da UFRRJ.

    Além dos textos apresentados no evento, esta edição conta também com a participação de pesquisadores que atenderam à chamada para escrever sobre os pré-socráticos. Assim, Francisco de Moraes (UFRRJ) escreveu sobre o horizonte trágico do pensamento de Heráclito; Cristiane Azevedo (UFRRJ), sobre o pensamento e as sensações em Parmênides e em Empédocles; Carolina Torres (CEFET/RJ), sobre os limites do conhecimento humano em Xenófanes; Luís Felipe Bellintani Ribeiro (UFF) traz o conceito de trágico para o âmbito da sofística analisando o Elogio de Helena, de Górgias, para relacioná-lo com a trágica Helena de Eurípides e Gustavo Gomes (UFMG) faz uma revisão da importância e dos desdobramentos da crítica de Harold Cherniss a Aristóteles como historiador da filosofia antiga.

    Temos ainda o prazer e a honra de contar com a contribuição do professor Nestor-Luis Cordero que nos contempla com uma reflexão a respeito de uma nova organização dos fragmentos que nos sobraram do poema de Parmênides a partir da crítica da organização atual, herdada primeiramente, segundo Cordero, de Aristóteles.

    Este número traz também a primeira parte do belo trabalho de tradução, feito pelo professor Eudoro de Sousa, dos fragmentos dos filósofos pré-socráticos. Aqui encontraremos os textos de Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Teágenes de Régio e Xenófanes , conforme foram publicados originalmente em 1954, pela Revista Brasileira de Filosofia; no próximo número encontraremos sua tradução de Heráclito. O trabalho de pesquisa do texto, digitalização e revisão, segundo o novo acordo ortográfico, foi realizado por Fernando Ramos Rodrigues (UFRJ).

    Por fim, temos um artigo de Maria Michela Sassi, “A lógica do eoikós e suas transformações: Xenófanes, Parmênides, Platão”, traduzido por Luiz Otávio Mantovaneli e revisado por Cristiane Azevedo. A professora Sassi também recebeu neste número a resenha de seu livro Os inícios da filosofia: Grécia, publicado pela Ed. Loyola, em 2015.

    Editora responsável pelo número: Cristiane A. de Azevedo

    Apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

  • A filosofia prática de Aristóteles
    v. 9 n. 18 (2015)

    O presente número dos AFC, dedicado à filosofia prática de Aristóteles, resultou de textos selecionados a partir de um colóquio nacional, a respeito desse mesmo tema, ocorrido nos dias 01, 02 e 03 de setembro de 2015 na UFRRJ, campus Seropédica, e no CEFET/RJ, Unidade Maracanã. O evento promovido pelo laboratório OUSIA de estudos clássicos foi uma iniciativa do PPGFIL/UFRRJ e do PPFEN/CEFET e contou com a participação de pesquisadores do Rio de Janeiro e de outros Estados do Brasil, tendo sido patrocinado pela CAPES, edital PAEP, e pela FAPERJ, mediante auxílio modalidade APQ3.

             O número conta com artigos que abordam questões clássicas da política e da ética aristotélicas. A relação entre razão e desejo, a prudência, a eudaimonia e a philautia foram trabalhadas, respectivamente, por Juliana Aggio (UFBA), Marcio Petrocelli Paixão (UFRJ), Felipe Gonçalves Pinto (CEFET/RJ) e Izabela Aquino Bocayuva (UERJ). Já o artigo de Alice Bitencourt Haddad (UFRRJ) aborda uma questão pouco discutida da Ética Nicomaqueia, mas muito significativa: a relação entre pais e filhos. Por fim, o artigo de Mário Máximo (UFRRJ) explora, de maneira ampla, a relevância e atualidade da chamada ética das virtudes aristotélica para as relações políticas internacionais.

             Além dos artigos que versam sobre a filosofia prática de Aristóteles, o número conta também com o artigo de Anida Hasic, sobre a articulação de ética e poética em Sêneca, e com a resenha de Francisco Moraes sobre o livro Ceticismo antigo e dialética, do professor Luiz Bicca (UERJ), publicado este ano pela 7 Letras em parceria com a PUC/RJ.

    Editores responsáveis pelo número: Francisco José Dias de Moraes (UFRRJ) e Felipe Gonçalves Pinto (CEFET/RJ)

    Apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq

  • Aristóteles e Parmênides
    v. 9 n. 17 (2015)

    Este número 17, vol. 9, dos Anais de Filosofia Clássica, cuja edição ficou a cargo de Francisco de Moraes (UFRRJ), é dedicado às filosofias de Parmênides e Aristóteles, que em 2016 completaria 2400 anos de idade, e reúne textos que tratam de temas e questões relacionados às decisões de sentido fundadoras da filosofia e de seus desdobramentos históricos. Nele ocupam especial destaque os elos conceituais elaborados por Aristóteles no âmbito da Física, bem como a presença de Parmênides e da tradição pré-socrática na constituição da filosofia, tal como nós a reconhecemos hoje. A edição conta ainda com a tradução do texto correspondente à última lição de um curso ministrado por Eugen Fink, em 1951, sobre a Física de Aristóteles, o qual foi publicado, em 1957, sob o título Zur ontologischen Frühgeschichte von Raum-Zeit-Bewegung.


    A edição deste número dos Anais de Filosofia Clássica contou com o apoio das Agências de Fomento do Governo Brasileiro - CAPES, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e do Governo Francês - COFECUB.

  • Platão e as formas
    v. 8 n. 16 (2014)

    Entre 5 e 8 de maio de 2014, o Laboratório Ousía promoveu o seminário Platão: o diálogo e as formas, contando com a presença de professores brasileiros especialistas no pensamento platônico e do renomado platonista italiano Franco Trabattoni, da Università degli Studi di Milano. O objetivo principal do seminário foi apresentar para os alunos da UFRJ e para o público interessado em geral as pesquisas correntes desses professores, enfocando tanto questões relativas ao conteúdo do pensamento platônico, com ênfase em sua questão central, o problema das formas, quanto aspectos do diálogo como método de pensamento, uma vez que esse figura como veículo privilegiado da filosofia de Platão.

    O presente número da AFC traz artigos de alguns dos participantes desse seminário.  Em “A brincadeira de Eutidemo e Dionisodoro no Eutidemo de Platão”, Paula Lopes (UNIRIO) busca problematizar, através da distinção “falar a sério” e “brincar” presente no diálogo, a relação entre formas do discurso e teoria das formas presente no Eutidemo. Izabela Aquino (UERJ), em “Entre o Parmênides e o Sofista de Platão: há ideia de cabelo? Há ideia da lama?”, pretende apontar, em passagens do Parmênides e do Sofista, para uma saída possível da aporia lançada por Parmênides quanto à teoria das formas no diálogo homônimo. Em “Eros e Thanatos”, Susana de Castro defende a não unidade do pensamento platônico, tomando como objeto de investigação uma comparação dos diálogos Fédon e Fedro no tocante a seus posicionamentos acerca da alma, do amor e da morte. Luísa Buarque (PUC-Rio), em “A parte e o todo: atomismo e linguagem no Sofista”, investiga a crítica ao atomismo passível de ser encontrada nas reflexões sobre a linguagem apresentadas nesse diálogo. “Platão e Heráclito em três diálogos”, de Ana Flaksman (UNIRIO) examina a presença e importância do pensamento heraclítico e de seus desdobramentos no Banquete, no Teeteto e no Sofista. Por fim, mas não menos importante, “Alle origini del ‘platonismo': che cos'è, propriamente, la teoria delle idee?” é a transcrição de uma das aulas ministradas por Franco Trabattoni (UNIMI) no minicurso que o professor ministrou, homônimo ao seminário: nessa aula, Trabattoni discute vários dos problemas que decorrem da via propositiva platônica, isto é, de sua colocação e defesa de uma teoria das formas.

    Recebemos, finalmente, para a seção de traduções, mais seis diatribes de Epicteto, traduzidas por Aldo Dinucci.

    Carla Francalanci, editora convidada.

  • Platão, predicação e ontologia
    v. 8 n. 15 (2014)

    Este número é dedicado à filosofia de Platão. É uma homenagem dos Anais de Filosofia Clássica à International Plato Society, que promoverá seu XI Simpósio em Brasília, sob a presidência de Gabriele Cornelli, professor da UnB. Temos artigos tratando da Teoria das Ideias sob diferentes ângulos: como o problema da predicação no Crátilo, por José Gabriel Trindade ou no comentário peripatétido do De Ideis por Irley Franco e Renato Brandão. Temos a abordagem da teoria sob os ângulos cosmológicos e ontológicos no Timeu, por Luca Pitteloud e sob a questão do conhecimento, por Francisco de Moraes. E temos uma apropriação na filosofia contemporânea da discussão acerca da condição humana, a partir do Filebo, por Carla Francalanci. Por todas as vias, Platão aparece como um filósofo com quem não se pode abandonar o diálogo, sob pena de perder o eixo que é capaz de articular a diversidade das Filosofias.
  • Estoicismo
    v. 7 n. 14 (2013)

    O volume 7, número 14, de 2013, que tem, como editores convidados, ALDO DINUCCI e RODRIGO BRITO, traz uma seleção de artigos sobre o tema "Estoicismo". Nesta edição temos artigos de Braicovich, Dinucci, Rodrigo Brito, Valter Duarte e Konstantakos. O número se encerra com três traduções: um preâmbulo ao Manual de Epicteto de Giacomo Leopardi, diatribes de Musônio Rufo e diatribe de Epicteto.
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