v. 15 n. 29 (2021): Tempos na Antiguidade I
A sabedoria dos antigos, no que diz respeito à questão do tempo, foi o tema do VIII Simpósio Internacional OUSIA de Estudos Clássicos: O Problema do Tempo na Antiguidade, ocorrido entre os dias 22 e 31 de março de 2021, com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES e da FAPERJ - Projeto Inteligências Ancestrais.
O presente número da revista reúne alguns dos trabalhos apresentados no simpósio, além de contar com a participação de pesquisadores que atenderam à chamada para escrever sobre o tema, e também artigos e traduções submetidos livremente à avaliação contínua.
Um dos objetivos do encontro foi trazer para o momento atual as inteligências ancestrais e seus ensinamentos, em um resgate das tradições que nos constituem e em uma tentativa de compreender melhor o tempo presente, a vida presente a partir dessa sabedoria antiga.
Miriam Campolina Diniz Peixoto (UFMG) abre a edição mostrando como a noção de tempo ocupou uma posição importante no pensamento pré-socrático, não só no que diz respeito à investigação cosmológica mas também na reflexão sobre a natureza e a ação humanas.
Cristiane Almeida de Azevedo (UFRRJ) apresenta uma abordagem que se afasta da interpretação tradicional de Parmênides, ao trabalhar com uma leitura unificada das partes do poema, propondo como fio condutor as diferentes temporalidades presentes nos versos.
Silvio Marino (UnB) expõe algumas implicações do tempo em relação à ciência médica, analisando o tempo em que a tekhnè iatrikè aparece fundando a humanidade e o tempo como âmbito de conhecimento próprio do médico.
A partir do entendimento platônico de exaíphnes, o instante, Izabela Aquino Bocayuva (UERJ) reflete sobre a questão da mudança, que está relacionada ao termo, com as mudanças dos regimes políticos encontrados na República, visando mostrar como a metafísica platônica está relacionada com sua concepção política.
André Luiz Braga da Silva (USP) explora as passagens platônicas sobre a “reminiscência” e a relação das ideias com o tempo na tentativa de indicar que Platão teria uma resposta para a crítica que aponta o caráter “circular” do método de divisão.
Partindo do entendimento de que, nos diálogos platônicos, os empregos verbais evidenciam o tempo da narrativa e garantem os efeitos dramáticos da enunciação, Nelson de Aguiar Menezes Neto (Cap UFRJ) explora a produção do fenômeno discursivo de ordem temporal que conduz o leitor à realização filosófica de uma (re)performance.
Fechando o número, Rodolfo José Rocha Rachid (USP) analisa o papel da visibilidade como pré-condição à compreensão da Forma do Bem, entendendo que o âmbito fenomênico é necessário para a apreensão das Formas.
A revista, que continua recebendo artigos e resenhas em fluxo contínuo, traz no próximo número outras contribuições resultantes do VIII Simpósio Internacional OUSIA e do I Simpósio Inteligências Ancestrais, realizados em 2021.
Editores convidados: Cristiane Azevedo e Luan Reboredo