“Tempo, tempo, tempo, tempo...” Reflexões sobre o tempo na filosofia pré-socrática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47661/afcl.v15i29.50533

Palavras-chave:

tempo, pensadores do século VI-V a.C., atividade especulativa

Resumo

Para alguns historiadores da filosofia, a noção de tempo ocupou uma posição secundária na investigação e na reflexão dos pensadores dos séculos VI-V a.C., e ainda assim apenas no quadro de sua especulação acerca do movimento ordenado dos astros no céu. Entretanto, mesmo se não encontramos nos testemunhos e fragmentos dos primeiros pensadores uma abordagem direta e sistemática do problema do tempo, não é difícil reconhecer aí a presença do tema e de uma série de elementos atinentes a uma reflexão acerca da experiência e da percepção do tempo. Nós acreditamos dispor de elementos suficientes para reverter este mal-entendido, mitigar este juízo e sustentar uma posição bastante diversa no tocante à importância da concepção de tempo e de suas implicações nos diferentes âmbitos em que se desenvolveram investigação e reflexão no período em foco. Propomo-nos, então, a apresentar evidências palpáveis de que a noção de tempo ocupou uma posição importante tanto na economia da investigação cosmológica como naquela da reflexão sobre a natureza e a ação humanas. Como tentaremos mostrar, a noção de tempo aparece em uma dupla acepção e constitui uma peça-chave na construção das principais teses destes pensadores, além de ter mobilizado sua atenção em cada um dos campos de sua atividade especulativa.

Biografia do Autor

Miriam Campolina Diniz Peixoto, UFMG

Professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais

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Publicado

2022-05-06