HÁ MEDIEVAL AO SUL DO EQUADOR? UMA GRAMÁTICA DO PODER AFRICANO ENTRE O “IMPÉRIO DO MALI” E O GRANDE ZIMBABWE (SÉCULO XIV)
Resumo
Este artigo tem por objetivo propor as linhas gerais de uma “gramática do poder africano” através da discussão do Império do Mali e do Grande Zimbabwe no século XIV. Amparado pela História Comparada, irei apresentar alguns aspectos da cultura política das sociedades Mandê (Mali) e, através deles, irei propor formas de se entender a cultura política das sociedades Bantu (Grande Zimbabwe), cuja profusão documental é escassa. Através da percepção que Mandês e Bantus compartilham traços ancestrais a partir de um repositório cultural nígero-congolês, proponho que a simbologia religiosa que cerca os governantes do Mali pode ser transposta também para os governantes do Zimbabwe. A partir desta “gramática do poder” Mandê-Bantu, torna-se possível discutir as especificidades (ou mesmo a viabilidade) de uma “Idade Média” ao Sul do Saara.
Referências
Fontes Primárias
BARROS, J. Dos feitos que os Portugueses fizeram na Conquista e Descobrimento das terras e Mares do Índico. Primeira Década. Coimba: Imprensa da Universidade, 1932.
FREEMAN-GRENVILLE, G. S. P. The East African Coast: Select Documents from the First to the Earlier Nineteenth Century. Oxford: Clarendon Press, 1962, pp. 14-17.
GIBB, H. A. R. & BECKINGHAM, C. F. (trad.) The Travels of Ibn Battuta, AD 1325-1354, Volume IV. Surrey: Ashgate, 2010.
LEVTZION, N. & HOPKINS, J. F. P. (eds.) Corpus of Early Arabic Sources for West African History. Princeton: Markus Wiener Publishers, 2011.
NIANE, D. T. Sundiata: an Epic of Old Mali. Burnsville: Demco Media, 1995.
SAKO, A. The Epic of Sumanguru Kante. BULMAN, S. (ed.) & VYDRIN, V. F. (trad.). Boston: Brill, 2017.
Sites
[Esquisse d'une copie partielle de l'atlas catalan de Charles V (1375) / dressé par Cresques le Juif]. Gallica, Bibliothèque Nationale de France. Disponível em: https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b55002481n. Acesso em: 28/009/2020.
Bibliografia de Apoio
ALTSCHUL, N. R. Postcolonialism and the Study of the Middle Ages. History Compass, Hoboken, v. 6, n. 2, 2008, pp. 588-606.
BALSAN. F. Ancient Gold Routes of the Monomotapa Kingdom. The Geographical Journal, Londres, v. 136, n. 2, 1970, pp. 240-246.
BANDAMA, F. et al. The Production, Distribution and Consumption of Metals and Alloys at Great Zimbabwe. Archaeometry, Oxford, v. 58, 2016, pp. 164–181.
BARROS, J. A. B. História Comparada: um Novo Modo de Ver e Fazer a História. Revista de História Comparada, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, 2007, pp. 1-30.
BEACH, D. N. Cognitive Archaeology and Imaginary History at Great Zimbabwe. Current Anthropology, Chicago, v. 39, n. 1, 1998, pp. 47-72.
BEACH, D. N. The Shona and Zimbabwe: 900-1850. Gwenu: Mambo Press, 1984.
BELL, N. M. The Age of Mansa Musa of Mali: Problems in Succession and Chronology. The International Journal of African Historical Studies, Boston, v. 5, n. 2, 1972, pp. 221-234.
BOUBOU, H. & KI-ZERBO, J. Lugar da História na Sociedade Africana. In: KI-ZERBO, J. (org.). História Geral da África I. Metodologia e Pré-História Africana. Brasília: UNESCO, 2010, pp. 23 – 36.
CURTIN, P. D. The Lure of Bambuk Gold. The Journal of African History, Cambridge, v. 14, n. 4, 1973, p. 623–631.
DALE, D. Duramazwi: A Basic Shona-English Dictionary. Gweru: Mambo Press, 1999.
DENISOV, A. Scythia as the Image of a Nomadic Land on Medieval Maps. Studia Uralo-Altaica, Szeged, v. 53, 2019, pp. 73-83.
DIAGANA, O. M. Dictionnaire Soninké-Français. Paris: Karthala, 2013.
DIMMENDAAL, G. J. Areal Diffusion versus Genetic Inheritance: An African Perspective. In: AIKHENVALD, A. Y. & DIXON, R. M. W. (org.). Areal Diffusion and Genetic Inheritance: Problems in Comparative Linguistics. Oxford: Oxford University Press, 2006, pp. 358-392.
DUFFEY, A. Mapungubwe: Interpretation of the Gold Content of the Original Gold Burial M1, A620. Journal of African Archaeology, vol. 10, n. 2, 2012, pp. 175-187.
DUMESTRE, G. Dictionnaire Bambara-Français, suivi d'un index abrégé Français-Bambara. Paris: Karthala, 2011.
DUNBAR, A. R. A History of Bunyoro-Kitara. Oxford: Oxford University Press, 1965.
FAGE, J. D. & TORDOFF, W. A History of Africa. Milton Park: Routledge, 2002.
FLORIN, J. L. Prefácio. In: PETTER, M. (org.). Introdução à Linguística Africana. São Paulo: Editora Contexto, 2015, pp. 9-12.
FONTEIN, J. The Silence of Great Zimbabwe: Contested Landscapes and the Power of Heritage. Milton Park: Routledge, 2016.
FOURSHEY, C. C.; GONZALES, R. M. & SAIDI, C. África Bantu: de 3500 a.C. até o Presente. Petrópolis: Editora Vozes.
GEARY, P. & KLANICZAY, G. (orgs.). Manufacturing Middle Ages: Entangled History of Medievalism in Nineteenth-Century Europe. Leiden: Brill, 2013.
GOMEZ, M. A. African Dominion: A New History of Empire in Early and Medieval West Africa. Princeton: Princeton University Press, 2018.
HALL, M. & STEFOFF, R. Great Zimbabwe. Oxford: Oxford University Press, 2006, pp. 18-40.
HAMPÂTÉ BÂ, A. A tradição viva. In: KI-ZERBO, J. (org.) História Geral da África I. Metodologia e pré-história da África. São Paulo: Ática; Paris: UNESCO, 1982, pp. 181-218.
HUBBARD, P. The Zimbabwe Birds: Interpretation and Symbolism. Honeyguide, Harare, v. 55, n. 2, 2009, pp. 109-116.
HUFFMAN, T. N. & VOGEL, J. C. The Chronology of Great Zimbabwe. The South African Archaeological Bulletin, Vlaeberg, v. 46, n. 154, 1991, pp. 61-70.
HUFFMAN, T. N. Mapungubwe and Great Zimbabwe: The origin and spread of social complexity in southern Africa. Journal of Anthropological Archaeology, Amsterdam, v. 28, n. 1, 2009, pp. 37-54.
HUFFMAN, T. N. Leopard's Kopje and the nature of the Iron Age in Bantu Africa. Zimbabwea, Harare, v. 1, n. 1, 1984, pp. 28-35.
HUFFMAN, T. N. Snakes and Birds: Expressive Space at Great Zimbabwe. African Studies, Londres, v. 40, n. 2, 1981, pp. 131-150.
JANSEN, J. The The Representation of Status in Mande: Did the Mali Empire Still Exist in the Nineteenth Century?. History in Africa, Cambridge, v. 23, 1996, pp. 87-109.
LaVIOLETTE, A. Swahili Cosmopolitanism in Africa and the Indian Ocean World, A.D. 600-1500. Archaeologies, v. 4, n. 1, 2008, p.24-49.
LEVTIZION, N. The Thirteenth- and Fourteenth-Century Kings of Mali. The Journal of African History, Cambridg, v. 4, n. 3, 1963, pp. 341-353
LIŠČÁK, V. Mapa Mondi (Catalan Atlas of 1375), Majorcan Cartographic School, and 14th Century Asia. Proceedings of the ICA, v. 1, 2017, pp. 4-8.
MACEDO, J. R. História da África. São Paulo: Editora Contexto, 2013.
MASONEN, P. The Negroland Revisited: Discovery and Invention of the Sudanese Middle Ages. Helsinki: Finnish Academy of Science and Letters, 2000.
M’BOKOLO, E. África Negra: História e Civilizações (Tomo I: até o Século XVIII). Salvador: EDUFBA, 2008.
McKISSACK, P. & McKISSACK, F. The Royal Kingdoms of Ghana, Mali and Songhay: Life in Medieval Africa. Nova Iórque: Henry Holt & Company, 1994.
MILLER, A. The Representation of Clicks. In: OOSTENDORP, M. v. (org.) The Blackwell Companion to Phonology. Hoboken: Wiley-Blackwell, 2011, pp. 451-474.
MONTEIL, C. La Légende du Ouagadou et l'origine des Soninké. Mémoires de l'Institut français d'Afrique noire, Dakar, n. 23, 1953, pp. 359-408.
MOTE, F. W. Imperial China 900-1800. Cambridge: Harvard University Press, 2003.
MUSCALU, I. P. O. "Donde o Ouro vem": Uma História Política do Reino do Monomotapa a partir das Fontes Portuguesas (Século XVI). Orientadora: Maria Cristina Cortez Wissenbach. 2011. 167 f. Dissertação (Mestrado em História) - Departamento de História, USP, São Paulo, 2011.
NOGUEIRA, M. G. O "Obrador" do Judeus Cresques Abraham. Um Estudos sobre a Cartografia Medieval Maiorquina (Século XIV). Revista de História, São Paulo, n. 176, 2017, pp. 1-24.
PANTOJA, S. Uma Antiga Civilização Africana: História da África Central Ocidental. Brasília: Editora UnB, 2011.
PHIMISTER, I. R. Ancient Mining near Great Zimbabwe. Journal of the Southern African Institute of Mining and Metallurgy, Pretória, v. 74, n. 6, 1974, pp. 233-237.
SCHMIEDER, F. Geographies of Salvation: How to read Medieval Mappae Mundi. Peregrinations: Journal of Medieval Art and Architecture, Gambier, v. 6, n. 3, 2018, pp. 21-42.
SCHOEMAN, M. H., & PIKIRAYI, I. Repatriating more than Mapungubwe human remains: archaeological material culture, a shared future and an artificially divided past. Journal of Contemporary African Studies, Londres, v. 29, n. 4, 2011, pp. 389–403.
SHILLINGTON, K. History of Africa. Londres: Red Globe Press, 2019.
SILVEIRA, A. D. História Global da Idade Média: Estudos e Propostas Epistemológicas. Roda da Fortuna: Revista Eletrônica sobre Antiguidade e Medievo, v. 8, n. 2, 2019, pp. 210-236.
VYDRIN, V. Toward a Proto-Mande reconstruction and an etymological dictionary. In: POZDNIAKOV, K. (org.) Faits de Langues. Leiden: Brill, 2016, pp.109-123.
WILMSEN, E. at al. Chemical Analyses of Glass Beads from Two Early Iron Age sites in Zimbabwe: Zhizo Hill and Makuru. Azania: Archaeological Research in Africa, Londres, v. 53, n. 3, 2018, pp. 369-382.
WYNNE-JONES, S. A Material Culture: Consumption and Materiality on the Coast of Precolonial East Africa. Oxford: Oxford University Press, 2016.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).