QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA: AS CANDIDATURAS DAS COPAS DO MUNDO BRICS EM PERSPECTIVA TRANSNACIONAL

Autores

Resumo

O período recente no qual os países emergentes receberam a Copa do Mundo de futebol masculino da FIFA confundiu-se com o da própria criação e solidificação dos BRICS. A África do Sul tornou-se o primeiro país africano a realizar o evento. O Brasil aproveitou-se da onda de otimismo econômico dos governos petistas para buscar mais destaque internacional. A Rússia almejava reafirmar-se como uma potência global e encontrou amparo no seu presidente Vladimir Putin. Logo, nosso principal objetivo foi comparar a preparação dos Mundiais de 2010, 2014 e 2018. Investigamos as propostas de candidaturas e as pesquisas de opinião pública, utilizando-se de fontes consultadas pessoalmente nos arquivos da FIFA, em Zurique. De um lado, os organizadores locais alegavam que as competições serviriam como catalisadoras de investimentos. Por sua vez, a FIFA usufruía de todas as benesses possíveis e as escolhas nada transparentes facilitavam a reprodução de capital em favor dos seus dirigentes e parceiros.

Biografia do Autor

Raul de Paiva Oliveira Castro, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando do PPGHC

Euclides de Freitas Couto, Universidade Federal de São João del-Rei

Professor Doutor Adjunto da Universidade Federal de São João del-Rei

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Publicado

2024-03-09

Edição

Seção

Dossiê Temático