QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA: AS CANDIDATURAS DAS COPAS DO MUNDO BRICS EM PERSPECTIVA TRANSNACIONAL
Resumen
O período recente no qual os países emergentes receberam a Copa do Mundo de futebol masculino da FIFA confundiu-se com o da própria criação e solidificação dos BRICS. A África do Sul tornou-se o primeiro país africano a realizar o evento. O Brasil aproveitou-se da onda de otimismo econômico dos governos petistas para buscar mais destaque internacional. A Rússia almejava reafirmar-se como uma potência global e encontrou amparo no seu presidente Vladimir Putin. Logo, nosso principal objetivo foi comparar a preparação dos Mundiais de 2010, 2014 e 2018. Investigamos as propostas de candidaturas e as pesquisas de opinião pública, utilizando-se de fontes consultadas pessoalmente nos arquivos da FIFA, em Zurique. De um lado, os organizadores locais alegavam que as competições serviriam como catalisadoras de investimentos. Por sua vez, a FIFA usufruía de todas as benesses possíveis e as escolhas nada transparentes facilitavam a reprodução de capital em favor dos seus dirigentes e parceiros.
Citas
BARROS, José. História Comparada. Petrópolis: Vozes, 2014.
BETTINE, Marco. A cooptação estratégica dos BRICS pela FIFA: análise da África do Sul, do Brasil e da Rússia. In: GIGLIO, Sérgio; PRONI, Marcelo (orgs.). O futebol nas ciências humanas no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2020.
BIDDING NATION RUSSIA 2018/2022. Ready to inspire, representing the future of Russia: Bidding Nation Russia 2018/2022. Moscou: BIDDING NATION RUSSIA 2018/2022, 2010.
BRASIL. Garantias Governamentais. Brasília: Comitê de Candidatura do Brasil para a Copa do Mundo de 2014, 2007.
CARR, Edward. Que é história? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
CASTILHO, César; MARCHI JÚNIOR, Wanderley. Esporte, Geopolítica e Relações Internacionais. In: BETTINE, Marco; GUTIERREZ, Gustavo (orgs.). Esporte e sociedade: um olhar a partir da globalização. São Paulo: IEA-USP, 2019.
DAMO, Arlei. O simbólico e o econômico no futebol de espetáculo: as estratégias da FIFA para tornar as Copas lucrativas a partir de uma interpretação antropológica. Razón y Palabra, Quito, n. 69, p. 1-35, jul./ago. 2009.
DATAFOLHA. 51% dos brasileiros aprovam realização da Copa no Brasil. São Paulo, 2014. Disponível em: <https://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/2014/06/1467905-51-dos-brasileiros-aprovam-realizacao-da-copa-no-brasil.shtml>. Acesso em: 23 fev. 2022.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
FIFA. Brazil Bid: Inspection Report for the 2014 FIFA World Cup. Zurique: FIFA, 2007.
FIFA. Minutes of 52nd Ordinary FIFA Congress. Zurique: FIFA, 2000.
FIFA. Pesquisa de interesse Sport+Markt. Zurique: FIFA, 2010.
FOLHA DE S. PAULO. Indiferença russa com o futebol segue a mesma apesar da Copa em casa. São Paulo, 2018. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2018/07/indiferenca-russa-com-o-futebol-segue-a-mesma-apesar-da-copa-em-casa.shtml>. Acesso em: 23 fev. 2022.
GARCIA, Bruno. Tradição de exclusão. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 9, n. 105, p. 16-30, jun. 2014.
GAZETA DO POVO. Estudo da Fifa revela que futebol desperta interesse de 72% dos sul-africanos. Curitiba, 2009. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/esportes/estudo-da-fifa-revela-que-futebol-desperta-interesse-de-72-dos-sul-africanos-bmrnxpyqyts76ohbacyex761a/>. Acesso em: 23 fev. 2022.
HELAL, Ronaldo; SOARES, Antônio. O declínio da pátria de chuteiras: futebol e identidade nacional na Copa do Mundo de 2002. Compós, Recife, p. 1-19, 2003.
MARICATO, Erminia. Apresentação. In: SÁNCHEZ, Fernanda; BIENENSTEIN, Glauco; OLIVEIRA, Fabrício; NOVAIS, Pedro (orgs.). A copa do mundo e as cidades: políticas, projetos e resistências. Niterói: Editora da UFF, 2014.
MELO, Victor. Por uma história comparada do esporte: possibilidades, potencialidades e limites. In: MELO, Victor (org.). História comparada do esporte. Rio de Janeiro: Shape, 2007.
MELO, Victor; DRUMOND, Maurício; FORTES, Rafael; SANTOS, João (orgs.). Pesquisa histórica e história do esporte. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2013.
NYE, Joseph. O futuro do poder. São Paulo: Benvirá, 2012.
NYE, Joseph. Soft power: the means to success in world politics. Nova Iorque: PublicAffairs, 2004.
REIS, Rômulo. Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014: gestão e legados da candidatura ao pós-evento. 2017. 320 f. Tese (Doutorado em Ciências do Exercício e do Esporte) - Centro de Educação e Humanidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
SEIGEL, Micol. Beyond Compare: Comparative Method after the Transnational Turn. Radical History Review, Durham, n. 91, p. 62-90, dez. 2005.
SOUTH AFRICA 2010 BID COMMITTEE. Africa’s stage: South Africa’s Bid to host the FIFA World Cup 2010. Joanesburgo: SOUTH AFRICA 2010 BID COMMITTEE, 2000.
UOL ESPORTE. Pesquisa da Fifa vê sul-africanos e Brasil líderes em interesse por futebol. São Paulo, 2010. Disponível em: <https://copadomundo.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/03/25/pesquisa-da-fifa-ve-sul-africanos-e-brasil-lideres-em-interesse-por-futebol.jhtm>. Acesso em: 23 fev. 2022.
VANPLEW, Wray. História do esporte no cenário internacional: visão geral. Revista Tempo, Rio de Janeiro, v. 17, n. 34, p. 5-17, jan./jun. 2013.
WEBER, Max. Metodologia das ciências sociais. São Paulo: Cortez; Campinas: Editora da Unicamp, 2016.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Revista de História Comparada
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0.
Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).