DESENVOLVIMENTO E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS NA CONSTRUÇÃO DE GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA E NA PATAGÔNIA (1964-1974)
Resumo
Durante as ditaduras do Brasil e da Argentina foram implementadas grandes obras de infraestrutura na Amazônia e na Patagônia que provocaram transformações profundas nas paisagens da região. Analisando diferentes fontes como relatórios, ensaios, livros de memórias, informes técnicos e decretos fica evidenciado que as centrais hidrelétricas e rodovias baseadas nas ideias e discursos pautados no desenvolvimento provocaram impactos socioambientais, atingindo os rios, fauna, flora e as populações destas regiões. Estes projetos foram construídos em função de interesses econômicos nacionais e transnacionais sem ações concretas de benefício econômico e social para as regiões envolvidas. O estudo sobre os grandes projetos implementados entre as décadas de 1960 e 1970 aponta para o debate sobre os sentidos dos projetos de desenvolvimento e que muitas vezes provocam impactos definitivos em regiões de grande importância mundial, como a Amazônia brasileira e a Patagônia argentina.
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Op cit.
Op cit.
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Idem.
Ibidem.
Ibidem.
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Op cit. p. 379.
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A teoria dos polos de desenvolvimento ou de crescimento foi proposta inicialmente por François Perroux no contexto do segundo período pós-guerra. Perroux considera o desenvolvimento como um processo polarizado, tendendo a concentrar atividades e causar desequilíbrios entre indústrias e regiões geográficas. O polo constituiria uma unidade de produção localizada exogenamente dentro de uma zona economicamente atrasada. Vários autores reformularam e expandiram essa teoria: David Deeger, Jean Paelinck, Jacques Boudeville, John Friedmann, entre outros, sublinhando o caráter geográfico e complementando a noção conceitual de polo, vinculando-o à variável espacial e à diversidade regional em que está inserida.
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