Percepções e sentimentos sobre o bebê subsequente à perda gestacional

Autores

  • Andressa Milczarck Teodózio Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde. https://orcid.org/0000-0002-9735-7692
  • Marina Camargo Barth Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde. https://orcid.org/0000-0003-3645-9553
  • Daniela Centenaro Levandowski Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia e Saúde. https://orcid.org/0000-0002-6338-7287

DOI:

https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP-2022v74.18995

Palavras-chave:

Perda gestacional, Luto materno, Bebê, Gestação

Resumo

A perda gestacional (PG) pode repercutir na gestação subsequente e na maternidade. Neste estudo, objetivou-se identificar e compreender as percepções e os sentimentos maternos sobre a gestação e o bebê subsequente à PG. Trata-se de estudo qualitativo e transversal, com quatro mães com PG nos últimos cinco anos, cujos bebês subsequentes tinham de 6 a 21 meses. Foram aplicados o Questionário de Dado Sociodemográficos e Clínicos, o Questionário sobre Vivências de
Perda, o Brief Symptom Inventory e a Entrevista sobre Vivência de Luto Materno e Experiência da Maternidade Atual. Os resultados mostraram repercussões da PG nos sentimentos maternos sobre a gestação, como: ambivalência, medo de nova PG e angústia frente ao parto e nascimento; e nas percepções e sentimentos sobre o bebê, como: idealização das características dele e da relação mãe-bebê, medo da morte do bebê e substituição do bebê falecido. Os achados apontam a importância de ações de prevenção de saúde mental do binômio mãe-bebê em casos de PG

Referências

Aguiar, H. C., & Zornig, S. (2016). Luto fetal: A interrupção de uma promessa. Estilos Clínicos, 21(2), 264-281. https//doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v21i2p264-281

Al-Maharma, D. Y., Abujaradeh, H., Mahmoud, K. F., & Jarrad, R. A. (2016). Maternal grieving and the perception of and attachment to children born subsequent to a perinatal loss. Infant Mental Health Journal, 37(4), 411-423. https//doi.org/10.1002/imhj.21570

Armstrong, D. S., Hutti, M. H., & Myers, J. (2009). The influence of prior perinatal loss on parents’ psychological distress after the birth of a subsequent healthy infant. Journal of Obstetric, Gynecologic & Neonatal Nursing, 38(6), 654-666.

https//doi.org/10.1111/j.1552-6909.2009.01069.x

Bailey, S. L., Boivin, J., Cheong, Y. C., Kitson-Reynolds, E., Bailey, C., & Macklon, N. (2019). Hope for the best… but expect the worst: A qualitative study to explore how women with recurrent miscarriage experience the early waiting period of a new pregnancy. BMJ Open, 9(5), 1-9. https//doi.org/10.1136/bmjopen-2019-029354

Borges, A. (2018, set. 09). “Olá, bebê!” do fantasmático, ao imaginário e real. Psicologia: Portal dos Psicólogos, 1-19.

Braun, V., & Clarke, V. (2006). Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3(2), 77–101. Braun, V., Clarke, V., Hayfield, N., & Terry, G. (2019). Thematic analysis. In: P. Liamputtong (Org.), Handbook of research methods in health social science (pp. 843-860). Springer: Singapore.

Campbell-Jackson, L., Bezance, J., & Horsch, A. (2014). “A renewed sense of purpose”: mothers’ and fathers’ experience of having a child following a recent stillbirth. Pregnancy and Childbirth, 14(1), 1-12. https//doi.org/10.1186/s12884-014-0423-x

Canavarro, C. (1995). Brief symptom inventory: Testes e provas psicológicas em Portugal. Braga: APPORT.

Canavarro, M. C. (2007). Inventários de sintomas psicopatológicos (BSI): Uma revisão crítica dos estudos realizados em Portugal. In M. R Simões, C. Machado, M. M. Gonçalves, & L. S. Almeida (Orgs.), Avaliação psicológica: Instrumentos validados para a população portuguesa (pp. 305-330). Coimbra: Quarteto.

Casellatto, G. (2015). O resgate da empatia: Suporte psicológico ao luto não reconhecido. São Paulo: Summus.

Chojenta, C., Harris, S., Reilly, N., Forder, P., Austin, M., & Loxton, D. (2014). History of pregnancy loss increases the risk of mental health problems in subsequent pregnancies but not in the postpartum. PLoS One, 9(4), 1-7. https//doi.org/10.1371/journal.pone.0095038

Costa, P. M. L. M. (2015). A percepção materna da diferença entre bebé imaginário e bebé real segundo o número de gestações, o estado emocional e as experiências obstétricas anteriores (Dissertação de Mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Côté-Arsenault, D., & Donato, K. (2011). Emotional cushioning in pregnancy after perinatal loss. Journal of Reproductive and Infant Psychology, 29(1), 81-92. https://doi.org/10.1080/02646838.2010.513115

Cramer, B. (1993). Por que se fazem os bebês? In B. Cramer (Org.), Profissão bebê (pp. 83-102). São Paulo: Martins Fontes.

Derogatis, L. R. (1993). BSI: Brief symptom inventory (3a ed). Minneapolis: National Computers Systems.

Fertl, K. I., Bergner, A., Beyer, R., Klapp, B. F., & Rauchfuss, M. (2009). Levels and effects of different forms of anxiety during pregnancy after a prior miscarriage. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology, 142(1), 23–29. https://doi.org/10.1016/j.ejogrb.2008.09.009

Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed.

Fonseca, M. N. A., Rocha, T. S., Cherer, E. Q., & Chatelard, D. D. (2018). Ambivalências do ser mãe: um estudo de caso em psicologia hospitalar. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 9(2), 141-155.

Fraiberg, S., Adelson, E., & Shapiro, V. (1994). Fantasmas no quarto do bebê: uma abordagem psicanalítica dos problemas que entravam a relação mãe-bebê. Publicação CEAPIA, 7(7), 12-34.

Gaudet, C., Séjourné, N., Camborieux, L., Rogers, R., & Chabrol, H. (2014). Pregnancy after perinatal loss: Association of grief, anxiety and attachment. Journal of Reproductive and Infant Psychology, 28(3), 240–251. https://doi.org/10.1080/02646830903487342

Gil, A. C. (2002). Como elaborar projetos de pesquisa (4a ed.). São Paulo: Atlas.

Graça, C. S. S. (2018). Comunicação pré-Natal: Impacto da perda gestacional precoce (Dissertação de mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Hunter, A., Tussis, L., & MacBeth, A. (2017). The presence of anxiety, depression and stress in women and their partners during pregnancies following perinatal loss: A meta-analysis. Journal of Affective Disorders, 223, 153-164. https://doi.org/10.1016/j.jad.2017.07.004

Hutti, M. H., Armstrong, D. S., & Myers, J. (2011). Healthcare utilization in the pregnancy following a perinatal loss. The American Journal of Maternal/Child Nursing, 36(2), 104-111. https://doi.org/10.1097/NMC.0b013e3182057335

Lopes, B. G., Borges, P. K. O., Grden, C. R. B., Coradassi, C. E., Sales, C. M., & Damasceno, N. F. P. (2017). Luto materno: Dor e enfrentamento da perda de um bebê. Rene, 18(3), 307-313.

Meredith, P., Wilson, T., Branjerdporn, G., Strong, J., & Desha, L. (2017). “Not just a normal mum”: a qualitative investigation of a support service for women who are pregnant subsequent to perinatal loss. BMC Pregnancy and Childbirth, 17(6), 1-12. https://doi.org/10.1186/s12884-016-1200-9

Nogueira, P. C. N. V., Chatelard, D. S., & Carvalho, I. S. (2017). Encontros e desencontros: do nascimento à constituição do psiquismo. Estilos Clínicos, 22(1), 113-131. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v22i1p113-131

Pedreira, M., & Leal, I. (2015). Terceiro trimestre de gravidez: Expectativas e emoções sobre o parto. Psicologia, Saúde & Doenças, 16(2), 260-273.

Rodrigues, A. S. N. (2009). Impacto de uma interrupção espontânea da gravidez na vinculação pré-natal, numa gravidez seguinte (Dissertação de mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Silva, P. N. (2012). Maternidade e relação mãe-bebê no contexto do luto materno (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, Brasil.

Simas, F. B., Souza, L. V., & Scorsolini-Comin, F. (2013). Significados da gravidez e da maternidade: Discursos de primíparas e multíparas. Psicologia, Teoria e Prática, 15(1), 19-34.

Soubieux, M. J., & Caillaud, I. (2015). Le groupe thérapeutique des mères endeuillées. Le Carnet PSY, 186(1), 27-31.

Soulé, M. (1987). O filho da cabeça, o filho imaginário. In T. B. Brazelton, B. Cramer, L. Kreisler, R. Schäppi, & M. Soulé (Orgs.), a Dinâmica do bebê (pp.132-170). Porto Alegre: Artes Médicas.

Stern, D. (1997). A Constelação da Maternidade: O panorama da psicoterapia pais-bebê (MVA Veronese, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas.

Teodózio, A. M., & Frizzo, G. B. (2016). (Re)fluxo de emoções: Considerações acerca das (im)possibilidades do encontro de uma dupla mãe-bebê (Trabalho de conclusão de curso). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil.

Tostes, N. A., & Seidl, E. M. F. (2016). Expectativas de gestantes sobre o parto e suas percepções acerca da preparação para o parto. Temas em Psicologia, 24(2), 681-693. https://doi.org/10.9788/TP2016.2-15

Velho, M., Santos, E. A., & Collaço, V. S. (2014). Parto normal e cesárea: representações sociais de mulheres que os vivenciaram. Revista Brasileira de Enfermagem, 67(2), 282-289. https://doi.org/10.5935/0034-7167.20140038

Vescovi, G., Esswein, G., & Levandowski, D. C. (2017). Questionário sobre vivências de perdas. Porto Alegre: Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre.

Vidal, M. (2008). Gravidez após morte perinatal: Sobre a relação da mãe com o bebê sobrevivente. Ciência & Saúde Coletiva, 15(Supl.2), 3185-3190. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000800023

Walsh, F., & McGoldrick, M. (2013). Bereavement: a family life cycle perspective. Family Science, 4(1), 20–27. https://doi.org/10.1080/19424620.2013.819228

Warland, J., O’Leary, J., &, McCutcheon, H. (2011). Born after a loss: the experiences of subsequent children. Midwifery, 27(5), 628-633. https://doi.org/10.1016/j.midw.2010.06.019

Downloads

Publicado

2022-10-04

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa Original