Veredas da violência contra a mulher

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP-2022v74.18785

Resumo

Compreender a violência contra a mulher exige uma análise que contemple a diversidade dos aspectos estruturais, históricos e conjunturais que a envolve. As formas discursivas e o sistema de valores circunscrevem o feminino como frágil, menos racional, entre outras caracterizações de inferioridade. Essas introjeções não operam apenas na ordem simbólica, mas estruturam lugares sociais que potencializam relações historicamente marcadas pela desigualdade entre homens e mulheres, atingindo diferentes classes, etnias, religiões e culturas. As concepções do que é ser mulher, transmitidas sem questionamento por gerações, marcam um caminho de incapacitação e subjetivação. A partir disso, e com base no método “História de Vida”, foram analisadas entrevistas de cinco mulheres entre 55 e 80 anos e as violências às quais foram submetidas. Constatou-se que a reedição de experiências violentas pelas novas gerações pode indicar a manutenção da subordinação feminina versus opressão masculina

Referências

Arendt, H. (1994). Sobre a violência. Rio de Janeiro: Relume-Dumará (Originalmente publicado em 1970).

Bosi, E. (1979). Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: T. A. Queiróz.

Brasil. (2006). Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Brasília, DF: Autor.

Dantas, S., Ferreira, L., & Véras, M. P. B. (2017). Um intérprete africano no Brasil: Kabenguele Munanga. Revista USP, (114), 31-44. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i114p31-44

Davis, A. (2013). Mulher, raça e classe. Lisboa: Plataforma Gueto.

Dupret, L. (2012). Religião de matriz afro-brasileira e subjetividade social. In Dupret, L. (Org.), Transdisciplinaridade e afrobrasilidades (p. 45-62). Rio de Janeiro: Outras Letras.

Farias, F. R. (2018). Vestígios e sombras da violência. In Farias, F. R., Vianna, G. R., & Levy, S. D. (Orgs.), Violência: bricolagem, memória, escrita (p. 13-30). Rio de Janeiro: Mauad.

Farias, F. R., & Dupret, L. (2019). Desígnios de poder: memória e domínios. Rio de Janeiro: Letra Capital.

Farias, F. R., & Orrico, E. G. D. (2018). The use of domination in the maintenance of female submission: traces of violence against women. US-China Education Review B, 8(7), 285-294. https://doi.org/10.17265/2161-6248/2018.07.001

Freyre, G. (2002). Casa grande e senzala (46a ed.). Rio de Janeiro: Record. (Originalmente publicado em 1933).

Gondar, J. (2016). Cinco proposições sobre memória social. Revista Morpheus, 9(esp.), 19-35.

Halbwachs, M. (1994). Les cadres sociaux de la mémoire. Paris: Albin Michel.

Hirigoen, M-F. (2008). Mujeres maltratadas: los mecanismos de la violencia em la pareja. Buenos Aires: Paidós.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. (2018). Atlas da violência. Brasília, DF: IPEA.

Landes, R. (1991). A cidade das mulheres. Rio de Janeiro: EdUFRJ.

Lima, F. (2018). Bio-necropolítica: diálogos entre Michel Foucault e Achille Mbembe. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 70(spe), 20-33.

Oliveira, M. L. P. (2008). Refletindo sobre violência de gênero: a experiência da ONG Maria Mulher / Porto Alegre - Brasil. Athenea Digital, (14), 281-290.

Programa Iyá Ágbà. (2008). Alàfia: guia de direitos das mulheres negras. Rio de Janeiro: CRIOLA.

Saffioti, H. I. B. (1999). O estatuto da violência de gênero. In Santos, J. V. T. (Org.), Violência em tempo de globalização (p. 142-163). São Paulo: Hucitec.

Scaffo, M. F. (2013). A transmissão geracional psíquica dos protocolos de gênero como dispositivo mnêmico para a submissão feminina frente à violência conjugal (Tese de doutorado). Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Silva, A. K. M., & Ferreira, A. P. N. (2006). Violência contra a mulher e racismo no Brasil: precisamos falar sobre a situação das mulheres negras. Recuperado em 02 de junho de 2018 de www.cedipe.com.br

Theodoro, H. (2008). Mulher negra, cultura e identidade. In Nascimento, E. L., Guerreiras de natureza: mulher negra, religiosidade e ambiente (85-96). São Paulo: Selo Negro.

Vianna, L. A. C., Bomfim, G. F. T., & Chicone, G. (2006). Autoestima de mulheres que sofreram violência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 14(5), 1-7. https://doi.org/10.1590/S0104-11692006000500009

Downloads

Publicado

2023-01-19

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa Original