A problematização como método: pistas para uma política do pensamento

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP-2022v74.19928

Resumo

Este artigo apresenta a problematização como método para a pesquisa inspirada na perspectiva da filosofia da diferença, que implica uma posição crítica ao pensamento representacional. Emerge de uma experiência acadêmica de pós-graduação (um aluno de mestrado, uma aluna de doutorado e a professora orientadora) que aposta em uma política metodológica, afirmando o potencial produtivo de um pensar problemático na duração. Desenvolvemos a discussão a partir das ideias de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Henri Bergson e René Lourau para pensar a operação da problematização enquanto método que pode produzir rupturas. Percorremos os seguintes eixos: intuição e pensamento enquanto problemáticos, análise de implicação como motor de pesquisa (retomando sua radicalidade) e, finalmente, ensaiamos uma discussão crítica acerca de modulações do objeto de pesquisa (como objeto problemático) e da ética em pesquisa, como efeitos deste exercício.

Referências

Agamben, G. (2009). O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos. (Originalmente publicado em 2008).

Aguiar, K. F., & Rocha, M. L. (2003). Pesquisa-intervenção e a produção de novas análises. Psicologia Ciência e Profissão, 23(4), 64-73. https://doi.org/10.1590/S1414-98932003000400010

Altoé, S. (Org.). (2004). René Lourau: analista institucional em tempo integral. São Paulo: Hucitec.

Amador, F. S., & Fonseca, T. M. G. (2009). Da intuição como método filosófico à cartografia como método de pesquisa. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 61(1), 30-37.

Amador, F. S., & Fonseca, T. M. G. (2011). Atividade: o trabalho sob o signo do inacabamento. In D. S. Rosemberg, J. Ronchi Filho, & M. E. B. Barros (Orgs.), Trabalho docente e poder de agir: clínica da atividade, devires e análises (pp. 19-50). Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo.

Bergson, H. (1984). O pensamento e o movente. São Paulo: Abril Cultural. (Originalmente publicado em 1934).

Clot, Y. (2010). Trabalho e poder de agir. Belo Horizonte: Fabrefactum. (Originalmente publicado em 2008)

Coimbra, C. (1995). Os caminhos de Lapassade e da análise institucional. Revista do Departamento de Psicologia da UFF, 7(1), 52-80.

Deleuze, G. (1992). Controle e devir. In G. Deleuze, Conversações (pp. 209-218). São Paulo: 34. (Originalmente publicado em 1990).

Deleuze, G. (1996). O que é um dispositivo? In G. Deleuze, O mistério de Ariana: cinco textos e uma entrevista de Gilles Deleuze (pp. 83-96). Lisboa: Passagens. (Originalmente publicado em 1988).

Deleuze, G. (1999). Bergsonismo. São Paulo: 34. (Originalmente publicado em 1966).

Deleuze, G. (1999). Que és un dispositivo? In E. Balibar, H. Dreyfus, & G. Deleuze, Michel Foucault, filósofo (pp. 155-163). Barcelona: Gedisa. (Originalmente publicado em 1988).

Deleuze, G. (2006). Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal. (Originalmente publicado em 1968).

Deleuze, G. (2006). Proust e os signos (2a ed.). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Originalmente publicado em 1964).

Deleuze, G., & Parnet, C. (1998). Diálogos. São Paulo: Escuta. (Originalmente publicado em 1977).

Fonseca, T., & Costa, L. A. (2013). As durações do devir: como construir objetos-problema com a cartografia. Fractal: Revista de Psicologia, 25(2), 415-432. https://doi.org/10.1590/S1984-02922013000200012

Foucault, M. (2004). Polêmica, política e problematizações. In M. Foucault, Ditos e Escritos V (pp. 225-233). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Originalmente publicado em 1984).

Foucault, M. (2008). Theatrum philosophicum. In M. Foucault, Ditos e escritos: arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento (Vol. 2, 2a ed., pp. 230-254). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Originalmente publicado em 1970).

Foucault, M. (2010). O sujeito e o poder. In H. Dreyfus, & P. Rabinow, Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica (2a ed., pp. 273-295). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Originalmente publicado em 1982).

Foucault, M. (2014). Sobre a história da sexualidade. In M. Foucault, Microfísica do poder (28a ed., pp. 363-406). Rio de Janeiro: Paz e Terra. (Originalmente publicado em 1977).

Gelamo, R. P. (2008). Pensar sem pressupostos: condição para problematizar o ensino da filosofia. Pro-Posições, 19(3), 161-174. https://doi.org/10.1590/S0103-73072008000300008

Gil, J. N. (2004). Abrir o corpo. In T. M. G. Fonseca, & S. Engelman (Orgs), Corpo, arte, clínica (pp. 13-28). Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Lourau, R. (1993). Análise institucional e práticas de pesquisa. Rio de Janeiro: Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Melo Neto, J. C. (1968). O cão sem plumas. In J. C. Melo Neto, Poesias completas (1940-1965). Rio de Janeiro: Sábia. (Publicado originalmente em 1950).

Passos, E., & Barros, R. B. (2009). A cartografia como método de pesquisa intervenção. In E. Passos, V. Kastrup, & L. Escóssia (Orgs.), Pistas do método da cartografia: pesquisaintervenção e produção de subjetividade (pp. 17-31). Porto Alegre: Sulina.

Paulon, S. M. (2005). A análise de implicação como ferramenta na pesquisa intervenção. Psicologia e Sociedade, 17(3), 18-25. https://doi.org/10.1590/S0102-71822005000300003

Revel, J. (2004). O pensamento vertical: uma ética da problematização. In F. Gros (Org.), Foucault: a coragem da verdade (pp. 65-87). São Paulo: Parábola. (Originalmente publicado em 2002).

Varela, F., Thompson, E., & Rosch, E. (2003). A mente incorporada: ciências cognitivas e experiência humana. Porto Alegre: Artmed. (Originalmente publicado em 1991).

Downloads

Publicado

2023-03-01

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa Original