6. PROXIKIMEN

Abstract

Arrastada Brasil abaixo. Pisar novamente meu território me acendeu memórias há tanto tempo apagadas por dentro. Silenciadas, só esperando uma centelha de fogo para que brilhassem novamente, iluminando a caminhada de quem busca. Nossa ancestralidade só morre quando esquecemos de louvá-la. Refletido no olhar de quem veio antes, vejo a força do Sertão, vejo a sorte do acaso que me trouxe até aqui – misteriosos processos históricos. No silêncio ainda habita tudo o que jamais foi dito. É ali que ressoa o eletromagnetismo da memória, que me faz mover kaa’ puêras no centro da roda da vida que gira, memórias daquelas impossíveis de esquecer, pois estão codificadas em minha carne e irradiam de dentro para fora, para o campo da produção de realidade. É isso que eles não querem que eu acesse – mas resisto. É maior que eu, mas cabe a mim, sentir, decifrar, conectar os fragmentos do mistério que se apresenta para que eu construa um futuro de propósitos ancestrais – sempre desobedecendo às ordens vigentes e rasgando os véus do esquecimento. Eu sou continuidade.