A forma de uma cidade: Le Spleen de Paris
Resumo
Em 1999, o poeta francês Jacques Roubaud publica uma antologia cujo título remete a um poema de Baudelaire. Trata- se da antologia La forme d’une ville change plus vite, hélas, que le cœur des humains, conjunto de 50 poemas em prosa escritos entre 1991 e 1998 sobre a cidade de Paris. Trata-se aqui mais do que uma homenagem, hipertextual, ao poema de Baudelaire e, em seguida, à sua invenção revolucionária, emblema da modernidade, o poema em prosa. Utilizando a forma inaugurada por Charles Baudelaire, Roubaud confirma o que já afirmara em 1978 em seus estudos teóricos e críticos sobre o verso e a poesia e a extensão resultante do domínio da poesia. O presente artigo tem como objetivo mostrar a suprema novidade que representa o poema em prosa baudelairiano, incompreendido no seu tempo, mas já apreciado por poetas e críticos cuja opinião varia com o passar dos séculos: de texto “sem pé nem cabeça” (em francês “sans queue ni tête”), como o pretende o próprio autor, até o texto metacrítico contendo sua própria teoria, emblemático da modernidade e cuja repercussão permanece até hoje. As análises formais da pesquisadora americana Barbara Johnson completam admiravelmente a reflexão exaustiva e penetrante de Walter Benjamin sobre as relações entre o poeta, a cidade de Paris, o mundo moderno industrial.
Referências
BAUDELAIRE, Charles. “Le peintre de la vie moderne”, O. C., vol. II, Paris, Gallimard, 1976.
BAUDELAIRE, Charles. Correspondances, vol. II, O. C., Paris,Gallimard, 1975.
BAUDELAIRE, Charles. Le Spleen de Paris, O. C., Paris, Gallimard, 1975.
BAUDELAIRE, Charles. Pequenos poemas em prosa, ed. bilíngue, UFSC, 1996 (trad. Dorothée Bruchard).
BAUDELAIRE, Charles. Les Fleurs du mal, O.C., Paris, Gallimard, 1975.
BENJAMIN, Walter. Baudelaire, Paris, Ed. du Cerf, 2012.
BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire, um poète lyrique à l’apogée du capitalisme, Paris, Payot, 2002.
BLIN, Georges. Le Sadisme de Baudelaire, Paris, Corti, 1948.
COMPAGNON, Antoine. Les Cinq Paradoxes de la modernité, Paris, Seuil, 1990.
CRÉPET, J.; BLIN, G.. Etude sur le style de Baudelaire, Bade, J.-B. Ratermanis, Ed. Art et Science, 1949.
DEGUY, Michel. La Poésie em question. Modern Language Notes, t. 85, n. 4, maio, 1970.
DERRIDA, Jacques. Donner le temps, Galilée, 1991.
GAUTIER, Théophile. Baudelaire, Paris, Michel Lévy Frères, 1868.
HABERMAS, Jürgen. Ecrits Poétiques, Paris, Ed. du Cerf, 1990.
HIRT, André, Il faut être absolument lyrique, Paris, Ed. Kimé, 2000.
JOHNSON, Barbara. Défigurations du langage poétique, Paris, Flammarion, 1979.
LYOTARD, Jean-François, La condition post-moderne, Paris, Minuit, 1979.
MESCHONNIC, Henri, Modernité, Modernité, Lagrasse, Verdier, 1988. OSEKI-DÉPRÉ, Inês, “Subjectivité et sujet de la traduction”, in De Walter Benjamin à nos jours, Paris, Honoré Champion, 2007.
ROUBAUD, Jacques, La forme d’une ville change, hélas, plus vite que le cœur des humains, Paris, Gallimard, 1999.
ROUBAUD, Jacques, La Vieillesse d’Alexandre, Paris, Maspero, 1978.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
O/A/S AUTOR/A/S confirma/m sua participação em todas as etapas de elaboração do trabalho: 1) Concepção, projeto, pesquisa bibliográfica, análise e interpretação dos dados; 2) Redação e revisão do manuscrito; 3) Aprovação da versão final do manuscrito para publicação; 4) Responsabilidade por todos os aspectos do trabalho e garantia pela exatidão e integridade de qualquer parte da obra. O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus, por parte de todos os autores, dos direitos de publicação para a revista Alea, a qual é filiada ao sistema CreativeCommons, atribuição CC-BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/). Os autores são integralmente responsáveis pelo conteúdo do artigo e continuam a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Alea não se compromete a devolver as contribuições recebidas. Autores de artigos, resenhas ou traduções receberão um exemplar da revista.