Poesia, mito e filosofia: uma leitura insistente de Orides Fontela
Resumo
Com o objetivo de pensar as potencialidades da interface poesia/filosofia, examinarei o modo operatório da intertextualidade na produção poética de Orides Fontela. A partir da leitura insistente do poema “Kant (Relido)”, em cuja fatura extremamente sintética identificamos não apenas a referência a uma passagem significativa da Crítica da razão prática, mas também uma releitura do mito de Gaia e Uranos, relatado na Teogonia de Hesíodo, procurarei compreender o modo como a poeta dialoga com suas leituras, operando transformações e deslocamentos consideráveis. Neste poema, como em outros, Orides Fontela não se contenta em dizer de outro modo as teses que o texto filosófico enuncia, transpondo-as alegoricamente, numa expressão poética, mas ela responde poeticamente à interpelação contida na teoria. Assim, sua obra nos leva a colocar a questão do pensamento poético.Referências
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