O ensaísta aposentado

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Resumo

Proponho, neste ensaio, uma comparação entre os “mitos de origem” associados ao ensaio e ao romance. A ideia é me aprofundar no exame da “atitude ensaística” que caracteriza o ensaio como prática, mais do que como gênero ou forma. O contraste entre essas “ficções fundacionais” me leva a propor dois “tipos ideais” de escritores: o romancista profissional (ideia que associo a Daniel Defoe e sua ética do trabalho) e o ensaísta aposentado (que associo a Montaigne e à antiga filosofia do ócio). O argumento que busco desenvolver aqui é o de que a “atitude ensaística” se desenvolve a partir do exercício da receptividade e da passividade, aspectos tão importantes para nossa existência como o trabalho e a “vida ativa”. Este movimento argumentativo é executado pela aproximação do ensaio com o ócio, do modo como foi concebida na Antiguidade por Cícero e Sêneca e retomada na época moderna por Montaigne.

Biografia do Autor

Felipe Charbel, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Felipe Charbel. Professor associado no Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pesquisador do CNPq. Autor dos livros Saia da frente do meu sol (Autêntica Contemporânea, 2023), Janelas irreais: um diário de releituras (Relicário, 2018) e Timoneiros: retórica, prudência e história em Maquiavel e Guicciardini (Editora da Unicamp, 2010). Organizou, com Ieda Magri e Rafael Gutiérrez, as coletâneas Experimento aberto: invenções no ensaio e na crítica (Relicário, 2021) e Leituras do contemporâneo: literatura e crítica no Brasil e na Argentina (Relicário, 2021), e com Henrique Buarque de Gusmão e Luiza Larangeira da Silva Mello, a coletânea As formas do romance: estudos sobre a historicidade da literatura (Ponteio, 2016).

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Publicado

2024-10-26

Edição

Seção

Dossiê