O ensaísta aposentado
Abstract
Proponho, neste ensaio, uma comparação entre os “mitos de origem” associados ao ensaio e ao romance. A ideia é me aprofundar no exame da “atitude ensaística” que caracteriza o ensaio como prática, mais do que como gênero ou forma. O contraste entre essas “ficções fundacionais” me leva a propor dois “tipos ideais” de escritores: o romancista profissional (ideia que associo a Daniel Defoe e sua ética do trabalho) e o ensaísta aposentado (que associo a Montaigne e à antiga filosofia do ócio). O argumento que busco desenvolver aqui é o de que a “atitude ensaística” se desenvolve a partir do exercício da receptividade e da passividade, aspectos tão importantes para nossa existência como o trabalho e a “vida ativa”. Este movimento argumentativo é executado pela aproximação do ensaio com o ócio, do modo como foi concebida na Antiguidade por Cícero e Sêneca e retomada na época moderna por Montaigne.
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