Orientalismos zoológicos, querelas de camelos
Abstract
O artigo trata de histórias sobre o camelo no imaginário zoológico do Ocidente. Tem como centro uma querela entre artistas e letrados que ocorre na Academia de Pintura e Escultura, em Paris, no fim do século XVII, sobre a ausência de camelos em um quadro de Poussin, em época na qual códigos retóricos e poéticos invadem a pintura. O problema enfrentado diz respeito à pertinência da contiguidade entre o animal e o homem na pintura de história, com seus temas e personagens elevados; e tem como desdobramento a questão da admissão do animal no universo da semelhança do homem. Há duas questões de fundo, uma diz respeito ao animal incômodo, na mediação entre culturas, aquele que é veículo e símbolo do outro e está prestes a atravessar a fronteira, criando desconforto no universo das taxonomias e no sistema de representações; outra, relativa à constituição simbólica do dualismo global Oriente-Ocidente, na qual o camelo terá um papel.
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