Mito, literatura e o boi rosiano

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.1590/1517-106X/211135156

Resumen

No universo poético-simbólico de Guimarães Rosa, o boi ou touro tem assento privilegiado. A obra do escritor é atravessada pelos berros e urros do gado, seu comportamento e existência, sua estranha sabedoria imemorial. O boi de Rosa vem de longe. Oriundo do substrato religioso das mais antigas civilizações – Assíria, Babilônia, Egito, Índia – o boi aporta ao sertão rosiano munido de sua milenar herança mítica e sagrada. Igualmente, o vaqueiro que se lhe devota é muito mais do que o homem no pastoreio. Ele é o bukólos ou bubulcus, descendente dos pastores primigênios da Creta egeia, que é investido da função sacerdotal e dotado de vocação poética. O presente ensaio movimenta estas questões por meio da interpretação de duas estórias de Tutaméia, último livro do escritor: “Os três homens e o boi dos três homens que inventaram um boi” e “Hiato”.

Biografía del autor/a

Maria Lucia Guimarães de Faria, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde ministra cursos de Graduação e de Pós-Graduação no Departamento de Letras Vernáculas. Doutorou-se em Ciência da Literatura em 2005 pela UFRJ com a tese Aletria e hermenêutica nas estórias rosianas. Foi uma das organizadoras dos livros Veredas no sertão rosiano (7Letras, 1998) e Secchin, uma vida em letras (EDUFRJ, 2010). É membro permanente da comissão organizadora do Fórum de Literatura Brasileira Contemporânea. Tem inúmeros trabalhos publicados em revistas especializadas. Seus projetos de pesquisa voltam-se principalmente para o ato criador em linguagem

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Publicado

2019-03-25

Número

Sección

Artigos