A relação hostil entre poeta e público – uma leitura de “O Cão e o Frasco”, de Charles Baudelaire
Résumé
Na produção de Charles Baudelaire, a relação entre poeta e público tende a ser marcada pela violência, hostilidade ou desencontro. O caráter dialógico, fundamental para a poética do autor, é abordado mais diretamente no poema em prosa “O Cão e o Frasco”, em que o endereçamento ao leitor surge permeado pela agressividade, ironia e revestido de ambiguidades. Por meio da investigação de alguns aspectos deste poema em prosa, bem como do comentário de outros textos do autor, o presente trabalho pretende delinear como a hostilidade entre poeta e público, atravessada pela violência direcionada a si mesmo e à composição da obra, parece constituir ambivalências interessantes, alicerces de uma poética baudelairiana da contradição. Além de promover a indeterminação dos sentidos, esse dispositivo seria capaz de gerar matizes críticos direcionados não só à maneira como artista e público se relacionam com a poesia mas também à forma como a lírica se constitui.
Références
BAUDELAIRE, Charles. As Flores do Mal. Trad. Mário Laranjeira. São Paulo: Martin Claret, 2011.
BAUDELAIRE, Charles.Journaux Intimes: Fusées, Mon Cœur Mis à nu. Édition critique établie par Jacques Crépet et Georges Blin. Paris: José Corti, 1949.
BAUDELAIRE, Charles.Meu coração desnudado. Tradução de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
BAUDELAIRE, Charles. Œuvres Complètes, Org. Claude Pichois. Paris : Gallimard, 1975 (reimpressão em 2010), 2 volumes.
BAUDELAIRE, Charles.Petits poèmes en prose. Édition critique par Robert Kopp. Paris: Librairie José Corti, 1969.
BAUDELAIRE, Charles. O Spleen de Paris: pequenos poemas em prosa. Apresentação e tradução de Leda Tenório da Motta. Rio de Janeiro: Imago, 1995.
BENJAMIN, Walter. Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo (Obras escolhidas v.3). Tradução de José Martins Barbosa, Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1989.
HIDDLESTON, J. A. Baudelaire and Le Spleen de Paris. Oxford: Clarendon Press, 1987.
KAPLAN, E. K. Baudelaire et Le Spleen de Paris: L’esthétique, l’éthique et le religieux. Paris: Classiques Garnier, 2015.
MURPHY, S. Logiques du dernier Baudelaire -- Lectures du Spleen de Paris. Paris: Honoré Champion Éditeur, 2003.
PICHOIS, Claude. Études et Teimognages. Neuchâtel, La Baconnière, 1967.
SISCAR, Marcos. Poesia e crise: ensaios sobre a “crise da poesia” como topos da modernidade. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2010.
STAROBINSKY, Jean. As máscaras da civilização: ensaios. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
STAROBINSKY, Jean.A melancolia diante do espelho: três leituras de Baudelaire. Tradução Samuel Titan Jr. São Paulo: Editora 34, 2014.
STEPHENS, S. Baudelaire’s prose poems – The Practise and Politics of Irony. Oxford: Oxford University Press, 1999.
THÉLOT, Jérôme. Baudelaire, Violence et poésie. Paris: Éditions Gallimard, 1993.
Téléchargements
Publié-e
Numéro
Rubrique
Licence
O/A/S AUTOR/A/S confirma/m sua participação em todas as etapas de elaboração do trabalho: 1) Concepção, projeto, pesquisa bibliográfica, análise e interpretação dos dados; 2) Redação e revisão do manuscrito; 3) Aprovação da versão final do manuscrito para publicação; 4) Responsabilidade por todos os aspectos do trabalho e garantia pela exatidão e integridade de qualquer parte da obra. O envio dos trabalhos implica a cessão imediata e sem ônus, por parte de todos os autores, dos direitos de publicação para a revista Alea, a qual é filiada ao sistema CreativeCommons, atribuição CC-BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/). Os autores são integralmente responsáveis pelo conteúdo do artigo e continuam a deter todos os direitos autorais para publicações posteriores do mesmo, devendo, se possível, fazer constar a referência à primeira publicação na revista. Alea não se compromete a devolver as contribuições recebidas. Autores de artigos, resenhas ou traduções receberão um exemplar da revista.