Por uma translíngua animal: o projeto antilogocêntrico de Gamaliel Churata
DOI:
https://doi.org/10.1590/1517-106X/2021232127143Abstract
Este artigo propõe pensar as práticas translíngues que se dão na obra de Gamaliel Churata como uma forma de elaboração de uma concepção de língua anticolonial e antiplatônica que, a partir dos saberes andinos, questiona os fundamentos logocêntricos da linguística e da filosofia ocidentais. Em El pez de oro e Resurrección de los muertos, o autor dialoga diretamente com Platão para propor uma língua não fundada em um ideal abstrato, que a escrita literária codificaria, mas nas práticas orais, marcadas nos Andes pelas fronteiras fluidas entre as línguas em contato. Esse modelo leva-o a discutir não só as relações de poder envolvidas na língua, mas também seus fundamentos filosóficos. Churata questiona o homem-letra por trás da cidade letrada e, impugnando uma última grande divisão da língua, aquela que separa os humanos dos não humanos, propõe uma humanidade-animal cujas práticas culturais são entendidas como energia material e vinculadas à natureza.
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