PARA ALÉM DO CANHENHO: O OFÍCIO DE ESCRIVÃO DA CÂMARA NA AMÉRICA PORTUGUESA COMO UM ESPAÇO DE PODER (SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVIII)

Autor/innen

  • Mateus Bernardo Galvão Couto Universidade Federal de Pernambuco

Schlagworte:

escrivães, câmaras municipais, América portuguesa

Abstract

Este artigo tem como objetivo identificar no cargo e na atuação dos escrivães das câmaras aspectos de poder e de privilégio compreendendo-os como um oficial camarário tão importante quanto os edis. Os recortes temporal e espacial estão de acordo com o declínio da produção aurífera, período que coincide com o aumento das políticas centralizadores por parte da Coroa. Utilizamos correspondências e cartas – algumas pertencentes à Coleção Casa dos Contos – trocadas entre os oficiais das câmaras municipais e autoridades hierarquicamente superiores. A discussão bibliográfica é feita majoritariamente à luz de autores que contribuíram na obra em perspectiva deste dossiê: “O Antigo Regime nos Trópicos”. De uma forma geral, acreditamos que havia instâncias de poder que estavam em constante relação de negociação e conflito, ora prevalecendo as forças periféricas, ora a centralização. Acreditamos que o estudo de trajetórias pode ser útil para a observação dos escrivães das câmaras para além da função do mero registro formal, pois agiam como sujeitos históricos ativos com seus próprios interesses e exerciam funções gerais com potencial para definir os rumos administrativos locais. Por fim, sugerimos novos horizontes de análise para o objeto de estudo e alertamos sobre a importância de dedicar maior atenção ao peso das relações interpessoais.

Autor/innen-Biografie

Mateus Bernardo Galvão Couto, Universidade Federal de Pernambuco

Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco

Literaturhinweise

ALMEIDA, C. Ricos e pobres em Minas Gerais. Produção e hierarquização social no mundo colonial, 1750-1822. Belo Horizonte: Argumentum, 2010.

BARCELOS, M. L. Entre conflitos e mediações: a formação da câmara de Vila Rica (1711-1736). Dissertação (Mestrado em História Social) – Instituto de Ciências Humanas, Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

CURVELO, Arthur. Os oficiais da escrita no governo de Pernambuco: governadores, secretários e notários na construção da governabilidade – séculos XVII e XVIII. Nuevo Mundos, Mundos Nuevos. [En ligne], Débats, mis em ligne, le 02 octobre 2017, consulté le 04 novembre 2021. URL:http://journals.openedition.org/nuevomundo/71399; DOI:https://doi.org/10.4000/nuevomundo.71399

DEL PRIORE, M. (org.) Revisão do Paraíso: os brasileiros e o Estado em 500 anos de história. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

FRAGOSO, J.; BICALHO, M. F.; GOUVÊA, M. de F. (org.) O Antigo Regime nos Trópicos: a dinâmica imperial portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brnaasileira, 2010.

FRAGOSO, J.; MONTEIRO, N. G. (orgs.) Um reino e suas repúblicas no Atlântico: comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola nos séculos XVII e XVIII. 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

GOUVÊA, M. F., FRAGOSO, J. Monarquia pluricontinental e repúblicas: algumas reflexões sobre a América lusa nos séculos XVI–XVIII. Tempo, dossiê: política e governabilidade: diálogos com a obra de Maria de Fátima Silva Gouvêa, vol.14, no.27, Rio de Janeiro: Niterói, 2009. https://doi.org/10.1590/S1413-77042009000200004

HESPANHA, A. M. As vésperas do Leviathan. Instituições e poder político (Portugal, séc. XVIII). Rio de Mouro, 1987.

________________. Caleidoscópio do Antigo Regime. São Paulo: Alameda, 2012.

________________. História das instituições: épocas medieval e moderna. Coimbra: Almedina, 1982.

KUHN, F. Gente da Fronteira: família, sociedade e poder no sul da América portuguesa – século XVIII. Tese (Doutorado em História Moderna) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2006.

LEVI, G. Sobre a micro-história. In: BURKE, P. A escrita da História: novas perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1992.

MAGALHÃES, J. Como um texto - configurações da escrita do município colonial. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 60, pp. 65-83, jan./jun., 2014. Editora UFPR.

MAGALHÃES, J. R. Os municípios e a justiça na colonização portuguesa do Brasil – na primeira metade do século XVIII. In: ALMEIDA, S. C. C. et al. (orgs.) Políticas e estratégias administrativas no Mundo Atlântico. Recife: Editora Universitária UFPE, 2012.

REZENDE, Luiz Alberto Ornellas. A Câmara Municipal de Vila Rica e a consolidação das elites locais, 1711-1736. 2015. Dissertação (Mestrado em História Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

ROMEIRO, A. Corrupção e poder no Brasil. Uma história, séculos XVI a XVIII. 1 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

SALGADO, G. Fiscais e meirinhos: a administração no Brasil colonial. 2° ed., Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

SOUZA, G. F. C. Elites e exercício de poder no Brasil colonial: a Câmara Municipal do Recife, 1710-1822. Recife: Editora UFPE, 2015.

VENDRAME, M.; KARSBURG, A. Micro-história: um método em transformação. São Paulo: Letra e Voz, 2020.

Veröffentlicht

2022-08-31